Lideranças indígenas enviam carta a Lula
12/07/2006
- Opinión
O pedido de ajuda chegou ao Planalto Central; o Governo Federal deve
intervir na caótica situação vivida pelos índios de Roraima.
Entidades de defesa dos povos indígenas de Roraima enviaram uma carta na
semana passada ao Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, e a
vários ministros de Estado, entre eles da Justiça, Educação, Defesa,
Agricultura, Integração e Meio Ambiente, solicitando providências urgentes
para amenizar a situação caótica vivida atualmente por inúmeras
comunidades indígenas do Estado atingidas pelas fortes chuvas.
O documento foi remetido ainda aos presidentes das fundações Nacional do
Índio (Funai) e Nacional de Saúde (Funasa). O governador do Estado,
Ottomar de Souza Pinto, e os prefeitos dos municípios onde localizam-se as
comunidades mais afetadas também receberam a carta.
O pedido de providências partiu de várias lideranças indígenas. Elas
reuniram-se no último dia sete, na sede da Funai/RR, onde colocaram os
problemas mais graves ocasionados pelas inundações. As águas pluviais já
devastaram roças e mataram parte do rebanho das comunidades.
Durante a reunião, líderes indígenas expuseram dados levantados
recentemente. Entre os principais problemas, eles citam a interdição de
estradas, que encontram-se submersas, e pontes destruídas pela força
d'água. Algumas comunidades, como a do Coqueirinho, em Normandia, estão
totalmente isoladas.
Sem comunicação
Como a chuva destruiu também pistas de pouso, os índios ficaram sem
comunicação. Crianças e jovens deixaram de estudar. Em Boa Vista, a Casa
de Saúde Indígena (Casai) está lotada. O número de índios doentes, por
falta de alimentação adequada, assistência médica e remédios, aumentou no
último mês. Agentes de saúde da Funasa não podem chegar às áreas mais
distantes. O risco de epidemia é grande.
A chuva derrubou ainda casas, postos de saúde, escolas e malocões.
Centenas de famílias estão desabrigadas. Sem ter o que comer, os indígenas
buscam refúgio na casa de parentes ou fazem abrigos improvisados nas
partes mais altas, onde a água dos rios ainda não chegou.
Reivindicações
Na carta, as entidades representativas dos povos indígenas de Roraima
solicitam em caráter emergencial, alimentação, assistência médica e
transporte para socorrer as vítimas da chuva.
A curto prazo, em um período mínimo de um ano, as lideranças também
reivindicam material de construção, de produção agrícola, sementes,
alimentação, combustível, transporte terrestre e fluvial, além de
medicamentos e assistência médica.
A carta é assinada por vários representantes dos povos indígenas de
Roraima, entre eles o coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima
(CIR), Marinaldo Justino Trajano. As lideranças esperam resposta o mais
breve possível.
https://www.alainet.org/pt/active/12312
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