USA-China: a guerra está próxima?
- Análisis
Analistas internacionais propõem comumente o confronto USA versus China como choque de duas super-nações, com os mesmos objetivos, mas de regimes políticos opostos.
As contradições se agudizariam devido à incapacidade-resistência da direção chinesa de abraçar práticas liberal-globalizadas gerais, na economia e na política. Criticam um dirigismo que sequer aboliu os planos quinquenais [o 13º abrange 2016-20]. Em geral, não se ressalta a essência distinta entre esse confronto e aquele que opôs, após a II Guerra, os USA e a URSS, país de economia planificada e nacionalizada, rico em matérias primas. URSS que jamais disputou mercados com os USA e perseguiu a impossível convivência entre ordens econômico-sociais em oposição visceral, já que o modo de produção capitalista necessita, por sua natureza, expandir suas fronteiras econômicas, sobretudo em sua fase imperialista.
A restauração capitalista na China, iniciada em 1979, com Deng Xiaoping [dez anos antes da dissolução da URSS], sob a direção monolítica de facção do aparato do Partido Comunista, transformou, por décadas, a imensa nação em espaço privilegiado da acumulação capitalista, sobretudo estadunidense. Processo apoiado na super-exploração da força de trabalho disciplinada chinesa e na vampirização dos investimentos socialistas das décadas anteriores. A proliferação inicial de pequenas empresas, em geral familiares, e, a seguir, a introdução no país de enormes investimentos estrangeiros e tecnologias modernas, comumente através de joints ventures com empresários locais ou com o Estado, produziram inicialmente mercadorias de baixo valor tecnológico e alta intensidade de trabalho vivo, quando não simples ensamblagens. Enquanto isso, o Estado realizava grandes obras infra-estruturais.
Segundo Momento
O movimento de deslocalização industrial, impulsionado pela globalização e desregulamentação, transferiu para a China milhares de fábricas de empresas estadunidenses e européias, atraídas pela super-exploração do trabalho. O capital investido e acumulado tinha pátria e bandeira, entretanto, mais comumente, ele se comportava, apesar das eventuais expectativas de suas nações, segundo a natureza profunda do capital, sem compromissos nacionais. A acumulação de capitais nacionais e internacionais na China alavancou produção de mercadorias de maior composição tecnológica, voltadas para a exportação. Muito logo, ela passou a também se apoiar no mercado interno em expansão, elevando ainda mais seu nível de produção em escala. A China possui um bilhão e 400 milhões de habitantes. Ela transformou-se na “fábrica do mundo”, como a Inglaterra, no século 19, e os Estados Unidos, no século 20. Em forma concomitante, com mais de trezentos milhões de habitantes, os Estados Unidos sofriam as sequelas da deslocalização de indústrias de alta intensidade de mão de obra, para a China, Índia, Tailândia, México, etc., regiões de trabalho super-explorado. Acelerou-se o recuo do poder de compra interno estadunidense, movimento anterior a esse processo. Em 1968, o salário mínimo USA sustentava família de três pessoas. Em 1988, sustentava mal uma pessoa. Grande parte do antes fabricado nos USA passou a ser comprado, a baixo preço, sobretudo da China, produzindo-se déficits comerciais gigantescos com aquele país, parcialmente equilibrados pela compra chinesa de títulos da dívida pública USA com os seus superávites comerciais. Essa aquisição financiou os déficits públicos abismais yankees, a baixo custo, já que aqueles títulos tiveram não raro rendimentos negativos. Em 2018, a China detinha US$ 1,12 trilhão em títulos do Tesouro USA. A dívida pública do país em fevereiro de 2019 ultrapassou os 22 trilhões de dólares, superando o PIB daquele país de 2018, que era de 20,5 trilhões.
A Conquista Chinesa do Mundo
Em 2013, a direção chinesa passou a apoiar expansão do consumo interno em desenvolvimento, como espaço de realização da produção industrial do pais. Ela alavancara, desde sempre, a pesquisa e a inovação tecnológica, diminuindo o hiato relativo com os USA, com vantagem para o país em áreas como biotecnologia, tecnologia da informação, inteligência artificial. A China passou a exportar também produtos e serviços de alta tecnologia. Não poucos analistas propõe que a pressa da direção chinesa, em geral, e Xi de Jinping [2013], em especial, em transformar o país em potência mundial, despertou a inevitável oposição da super-potência hegemônica, temerosa de perder a preponderância. Aquela falta de moderação seria responsável pela presente crise. Não são os protagonistas excelentes que criam os fenômenos sócio-históricos profundos. São estes últimos que produzem os primeiros.
O desbordar quantitativo e qualitativo da produção chinesa nasceu naturalmente do processo de reprodução ampliada do capital, que superou a capacidade de consumo interno e os tradicionais mercados externos. É enorme a sobre-produção chinesa de aço, alumínio, cimento, navios, construção, produtos químicos. A produção de capitais excedentes exigia sua aplicação produtiva no exterior, ainda mais que eles eram deprimidos pela esterilização-depreciação dos fundos entesourados em Títulos da Dívida Pública USA, sujeitos a forte desvalorização do dólar. A monumental produção chinesa para consumo interno e exportação exige a importação de enormes quantidades de matérias-primas, com destaque para o petróleo, os minerais e os grãos. O petróleo é imprescindível como combustível e como insumo de inúmeros produtos e atividades, com destaque para a química e a agricultura. A China é hoje uma das maiores importadoras de matérias-primas, abocanhando 68% do comércio internacional de minério de ferro. É voraz consumidora da produção mundial de trigo, milho, soja, imprescindível para alimentar sua indústria e população.
Fenômeno Avassalador
Impunha-se criar-conquistar, por um lado, novos mercados para as exportações desbordantes de manufaturados, serviços, tecnologias, capitais etc. e, por outro, assegurar as condições da importação -ininterrupta e economicamente factível- das matérias-primas imprescindíveis. O encarecimento das importações deslocará as exportações chinesas do mercado internacional e encarecerá os preços internos. O novo padrão de exteriorização chinês registrou-se no recuo relativo da compra de títulos da dívida USA e expansão da exportação de capitais públicos e privados, através do financiamento de infra-estruturas, aquisição de empresas, joints-ventures, etc. O que permitiu também a aquisição de tecnologias prontas. Para tal, entre outras iniciativas, fundaram-se bancos de investimentos na Eurásia, do Brics, etc.
Surgidos quase do nada, os investimentos diretos externos (IDE) chineses explodiram, em 2004, disparando desde 2014-6, dirigidos sobretudo para a Ásia (70%) e com destaque para a América Latina (17%), produtora por excelência de minerais, petróleo e grão. Mutatis mutandis, a China seguiu o caminho trilhado pela Inglaterra, França, Alemanha, Estados Unidos, tornando-se nação imperialista, na acepção leninista do termo. Ou seja, necessariamente exportadora de capitais. A exteriorização chinesa deu-se em modo relativamente diverso às nações apenas citadas. O capital chinês propõe-se como financiador de uma “comunidade [mundial] de destino associado”, convergindo nesses processos os interesses da China e dos países importadores de capitais. Dissocia-se das tradicionais práticas imperialistas de terra arrasada. Um comportamento que se deve à abundância de capitais, ao controle estatal das inversões, ao fato de a China não deter o poder hegemônico político e militar mundial, controlado pelos USA desde a dissolução da URSS, em 1989 - “monopolarismo”. Os USA gozam de indiscutível superioridade militar e em múltiplas áreas tecnológicas. Mantém o apoio-submissão das nações sub-imperialistas: Japão, Inglaterra, Alemanha, Francia, Suíça, etc. Constituem nação imperialista hegemônica que impõe o dólar como moeda de troca mundial, com o direito de fabricar moeda sem lastro. Os USA encontram-se em indiscutível situação de regressão econômica relativa.
2. Confronto USA-CHINA- Nada de Novo no Front
O choque interimperialista China/Estados Unidos repete, no geral, o vivido pela Inglaterra/França, no século 18 e 19, que levou às guerras napoleônicas; entre a Inglaterra-França e a Alemanha, que ensejou a guerra de 1914-18; e entre aqueles dois países e os USA, contra a Alemanha e o Japão, que motivou o conflito de 1939-45. Naqueles episódios, a guerra foi desdobramento inevitável do confronto pela hegemonia econômica. Desde 1918, os USA emergiram como potência hegemônica, enquanto parte do globo se libertava da exploração capitalista [Revolução de 1917]. Em 1945, o capital USA senhoriou o mundo capitalista tendo como escudeiro a Inglaterra decadente, com destaque para o combate à URSS. Aquele confronto jamais teve caráter interimperialista. A economia planejada e nacionalizada da URSS aplicava seus capitais na produção e consumo internos, e não na exportação.
O confronto USA-China ocorre com a superioridade militar e diplomática yankee, que conhece crescente fragilidade econômica em relação à China, apesar de conhecer dez anos de expansão econômica ininterrupta, em boa parte devido à retomada da produção de petróleo e gás shale do país. O que tem mascarado a decadência do parque industrial estadunidense. Os USA são hoje o primeiro produtor mundial de petróleo. O relógio da história corre contra os USA e em favor da China, que moderniza e amplia as forças armadas, com destaque para os navios de guerra e porta-aviões, destinados a defender as rotas marítimas mundiais que abastecem e escoam sua produção. Devido aos mísseis atuais, os porta-aviões não se destinam mais a confrontos entre potências navais. Servem sobretudo para a “projeção de poder” de um Estado longe das suas fronteiras. Constituem arma imperialista por excelência.
Arma Imperialista
Os USA possuem 21 porta-aviões. A URSS, que manteve sempre posição militar defensiva, praticamente jamais os teve, fora exceção. A China tem dois, constrói um terceiro e planeja quatro para os anos próximos. Os USA mantém oitocentas bases militares no mundo: 76 na América Latina - nove na Colômbia e oito no Peru. É enorme sua superioridade em ogivas atômicas em relação à China, que tem no Djibuti, no nordeste da África, sua primeira base militar extra-territorial. O custo do domínio militar mundial esgota os USA que vêem sua superioridade questionada pela China e pelo rearmamento russo, pequeno em relação à Era Soviética, mas de altíssimo nível tecnológico. Apesar de eventuais enormes perdas, os USA acreditam na possibilidade de vencer guerra localizada contra a Rússia, na Europa, ou contra a China, nos mares orientais. A aliança entre China e Rússia aponta para conflito no qual os USA, lutando em duas frentes, seria derrotado. A perda da hegemonia política e militar significa a desorganização geral da economia e da sociedade estadunidenses, dependentes de espoliação da economia mundial, não mais nascida de domínio econômico.
O imperialismo USA necessita impor-se como potência hegemônica indiscutível em uma janela de tempo que se cerra rapidamente. Uma guerra geral, como a contra a Alemanha-Japão, só é possível com ataque atômico sem retaliação. Poderio de que os USA não dispõem. Os USA procuram desorganizar social e politicamente a China e a Rússia através de agressão econômica, associada a confrontos militares locais tercerizados ou indiretos - como no Vietnã, Afeganistão, Síria, Ucrânia, etc. Essa estratégia exige o cercamento político e militar da nação combatida; a interrupção-encarecimento dos seus fornecimentos de matéria-prima; a interdição de acesso aos mercados financeiros e comerciais; o acirramento de contradições internas [políticas, nacionais, étnicas], etc. Essa estratégia ajudou a destruir a URSS, esgotou Cuba, é aplicada na Nicaragua, Coréia do Norte, Irã. Nos últimos anos, é aplicada intensamente contra a Rússia e a China, estratégia que não pode demorar-se em produzir efeitos, já que as duas nações avançam contra-medidas para anulá-la e se fortalecem, no caso chinês, em forma avassaladora. A breve janela de tempo exige que o imperialismo estadunidense se torne cada vez mais agressivo. Putin não é retórico quando propõe que as relações Rússia/USA seguem ladeira abaixo e que se fortalece a eventualidade de conflito armado.
3. A Força Chinesa - Um Plano Marshall para o Mundo
As reservas monetárias da China são as maiores do mundo e seu ativismo abraça todos os continentes, com destaque para as regiões vizinhas às suas fronteiras, sem deixar de ser forte na África e na América Latina. Após a União Européia e os USA, o terceiro parceiro comercial chinês é a Associação de Nações do Sudeste Asiático [ASEAN] - Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia, Brunei, Vietnã, Mianmar, Laos, Camboja. Um mercado consumidor de mais de seiscentos milhões de habitantes. O Plano Marshall [1947] favoreceu a reconstrução e a submissão econômica, política e cultural da Europa ao capital estadunidense. A China propõe poderosas iniciativas mundiais, com destaque para a “Nova Rota da Seda”, envolvendo já mais de 130 nações. Trata-se da construção-modernização de vias terrestres, fluviais, marítimas, rodoviárias; de portos, redes elétricas, fibras óticas, gasodutos, etc. na Ásia, África e Europa.
Todas as rotas levam à China, como não se vai a Roma sem se ver o papa! A China investirá no projeto, em 2016-2020, 10 trilhões de dólares! Apesar do ranger de dentes da União Européia e dos USA, a Itália acaba de assinar carta de intenções de participar na Nova Rota. O imperialismo USA teme o deslocamento de seus aliados em direção da aliança russo-chinesa, ao não mais confiarem na capacidade econômica e política do Tio Sam. Nos últimos vinte anos, os USA não desenvolveram sequer uma grande iniciativa econômica estratégica, fora ou dentro do país. A guerra do Iraque dessangrou economicamente o país e expandiu a influência iraniana no Iraque e na Síria. Os dezenove anos no Afeganistão custaram mais de um trilhão de dólares. A crise de 2008 exigiu gastos de 24 trilhões aos bancos centrais. O imperialismo estadunidense não tem mais a capacidade de dar, mesmo para tirar ainda mais. Com Obama e Trump, o imperialismo estadunidense praticou e pratica a política do bastão, sem a cenoura, com aliados e não aliados. Obama patrocinou golpes no Paraguai, Honduras, Síria, Líbia, Ucrânia, etc. Ameaçando com sanções, Trump exige concessões da Europa, México, Canadá, China, etc. Apoia golpes eleitorais ou abertos no Brasil, no Equador, na Argentina, etc. Deslocado na disputa comercial, o imperialismo exercita a hegemonia político-militar para manter os súditos no redil e utilizá-los na ofensiva contra a Rússia e a China.
A Guerra contra a China
Apoiando-se no enorme desequilíbrio comercial entre os dois países, Trump impôs mega-tributação das exportações chinesas para os USA, justificada como resposta à desvalorização do renminbi em relação ao dólar; a subsídios estatais não declarados; ao roubo de tecnologia, etc. pelos chineses. Iniciativa que se inscreve no projeto de reindustrialização dos USA. [anti-globalização]. Em 22 de março de 2018, Trump taxou em US$ 50 bilhões importações chinesas, com um máximo de 25%. A esse ataque, seguiram-se retaliações de Pequim, moderadas, e, logo, ampliação das imposições tributárias estadunidenses, atualmente em 250 bilhões de dólares, sobre um total de 540 bilhões de bens importados, em 2018. A China gravou em 110 bilhões as suas importações dos USA que se elevam a apenas 120 bilhões. Os USA ameaçam taxar praticamente todas as importações chinesas, caso o país não se dobre às suas exigências inexequíveis, o que transforma as negociações bilaterais em meras encenações, hoje praticamente interrompidas. Empresas sobretudo estadunidenses pensam em retirar-se ou já se retiram da China, com prejuízo para o país e para seus accionistas, muito deles entrincheirados no Partido Democrático!
Mesmo ferindo os princípios-acordos liberais de livre comércio e a desregulamentação santificados pela globalização, Trump exerce direito indiscutível ao tributar as importações nos USA [protecionismo]. Mas não se trata de simples disputa comercial. Trump, comportando-se como bandido. Fere os pontos nevrálgicos da economia chinesa, buscando restaurar a hegemonia industrial-tecnológica USA. Atualmente, empreende disputa pelo domínio mundial das empresas de computação e comunicação de ponta. Trump proibiu as empresas estadunidenses de comerciarem com a Huawei chinesa, a principal fornecedora mundial de material para redes de comunicação. Devido à integração mundial nesse ramo, a decisão causa danos enorme à empresa. Pressiona igualmente seus aliados para boicotarem a instalação de redes 5G pela Huawei, em curso em diversas nações. A rede 5 G é o coração da “Quarta Revolução Industrial” - “internet das coisas”, inteligência artificial, veículos autônomos, novos armamentos, etc.
Vale Tudo
A justificativa estadunidense para o ataque à Huawei é que ela entrega ao PC chinês a informação que transmite. O que obrigaria, se fosse verdade, que cada nação produzisse sua rede, para não ser rackeada. A medida extrema objetiva conceder o tempo para que as companhias estadunidenses, em forte atraso, ofereçam o mesmo serviço, possivelmente por maior preço, já que contando com espaços nacionais “reservados” pela pressão estadunidense. Soldados rasos do imperialismo USA, Austrália e Nova Zelândia já aderiram à proibição. Em maio de 2018, em ato de pura pirataria, o Canadá prendeu, devido à pedido de extradição dos USA, Wanzhou Meng, filha do fundador da Huawei e diretora financeira da empresa, acusada de violar sanções estadunidenses ao Irã, em afronta direta à direção chinesa. Tomaram-se também medidas coercitivas contra a ZTE e a Fujian Jinhuaas, empresas chinesas de comunicação. Em maio passado, um editorial do Diário do Povo, jornal do PCC, propôs que a ofensiva estadunidense está ameaçando “toda a China e seu povo”.
Os USA têm galgado novos degraus em direção a um confronto direto. Procuram criar as condições para dificultar ou bloquear os suprimentos chineses de matéria-prima. Organizam alianças nacionais agressivas nas fronteiras chinesas. Sobretudo, acirram a disputa pelo Mar da China Meridional, reivindicado pelo Brunéi, Malásia, Filipinas, Vietnam e China. Por essas águas passa 1/3 do comercio mundial e elas têm riquíssimos recursos pesqueiros e prováveis reservas de petróleo. A China reivindica grande parte do mar da China Meridional, controlando as ilhas Paracel, totalmente, desde 2012, não longe dos seus territórios continentais, e oito ilhas do arquipélago Spratly, mais distantes, onde construiu aeroportos, portos e instalações militares em ilhas artificiais. Os USA navegam barcos militares nas imediações das ilhas Paracel, em águas tidas pela China como territoriais. Prometem vender armas de última geração e estreitam os laços com Taiwan.
4. Delenda est Moscou! - A Ofensiva Geral USA contra a Rússia
Com a vitória da contra-revolução, em 1990, a Rússia e as antigas nações da URSS transformaram-se em quartos de despejos do imperialismo estadunidense e europeu. Durante a Era Ieltsin [12.1991-12.1999], com o mundo sob a hegemonia monopolar dos USA, o imperialismo impôs sua hegemonia sobre antigos aliados da URSS da Europa Ocidental e dos Bálcãs, incorporando-os comumente à OTAN, aproximando suas forças armadas das fronteiriças da Russia, rompendo acordos anteriores. Na Era Putin [2000- ], o país acelerou sua reorganização econômica apoiada sobretudo em conglomerados estatais e núcleos capitalistas autóctones, com recuo do domínio USA no país. Empreendeu-se reconstrução das forças armadas, diminutas em relação aos USA e à antiga URSS, mas de altíssimo nível tecnológico, financiadas em parte pelas vendas de armamentos no exterior. O orçamento militar russo é um décimo dos gastos militares dos Estados Unidos. Apoiada na nova realidade, o governo russo se antepôs, com sucesso, à ofensiva imperialista sobre suas fronteiras e seus mais próximos aliados, contra-atacando com sucesso na Georgia-Ossédia do Sul [2008], na Ucrânia-Criméia [2014] e na Síria [2015]. Atualmente, sustentam contra a ação imperialista as duas “repúblicas populares de Donetsk e Lugansk” e apoiam, sem intervenção direta, a autonomia venezuelana, da Coreia do Norte e do Irã. Consolidam sobretudo a aliança de fato com a China e radicalizam os laços econômicos entre os dois países.
A ofensiva do imperialismo estadunidense contra a Rússia tem múltiplas razões, entre elas, a necessidade de impedir aliança desse país sobretudo com a Alemanha, que poria fim à hegemonia estadunidense na Europa. Participando das sanções estadunidenses contra a Rússia, a Alemanha segue comprando sobretudo o gás russo e participando do desenvolvimento de gasoduto Nord Stream 2, de 1.200 km, que não atravessa a Ucrânia. Com a nova e enorme produção de gás nos USA [petróleo shale], o imperialismo estadunidense necessita substituir o fornecimento pela Rússia sobretudo da Alemanha, de mais fácil transporte, mais barato e sem condicionamentos políticos. Em sentido contrário, a Rússia e a China constroem gasoduto entre a Sibéria e a China, para substituir importações chinesas dos USA.
A Alemanha é tradicional fornecedora de manufaturados para a Rússia. Fábricas alemãs transferem-se para aquele país para contornar as sanções USA-União Européia. Na Alemanha, França, Portugal, Grécia e sobretudo na Itália fala-se cada vez mais na inutilidade e perversidade econômica para a Europa daquelas sanções. A desorganização da Rússia é imprescindível para controlar os recursos naturais do país (petróleo, gás, trigo, etc.), exportados em quantidade crescente para a China. A Rússia é o principal fornecedor de petróleo da China e, proximamente, o será quanto ao gás natural. Os USA se aproximam da autonomia petrolífera e dominam a produção congênere da Arábia Saudita, Emirados, Líbia, etc. Atacam duramente o Ir
22 Junho 2019
https://gz.diarioliberdade.org/opiniom/item/300246-usa-china-a-guerra-esta-proxima.html
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