Fato Social: Do Analfabeto Midiático ou De Ator e de Autor (mídia, sociedade e poder)

10/03/2015
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Duas personalidades entre as mais expostas aos brasileiros, a jornalista Fátima Bernardes e o ator Toni Ramos, recentemente aparecerem nas telas das TVs recomendando produtos de duas das maiores empresas brasileiras, a Seara e a Friboi. Estamos diante de um fato que se encaixa à perfeição ao conceito de fato social2 que nos sugere o sociólogo Emile Durkheim (1858-1917). A própria publicidade, para não dizer o fato de implicar um ator e uma jornalista, já são em si mesmos fatos sociais. E no caso em questão estamos diante de uma publicidade que não envolve atores desconhecidos que profissionalmente se dedicam exclusivamente à publicidade, ainda que todo ator em publicidade esteja representando um público-alvo (para “negros”, para “ricos”, para “pobres”, para” jovens”, para “mulheres”, para “gays”, para “terceira idade”, sempre com aspas para indicar a autoria, no caso, a dos especialistas que produzem o senso comum). Não, os atores em questão são sobejamente conhecidos e emprestam suas qualidades de personalidades acima de qualquer suspeita, pois jamais houve qualquer ato que desabonasse sua conduta moral, ainda que vivendo um mundo onde “tudo é permitido” como o mundo artístico é percebido por esse mesmo senso comum. Por isso, podem entrar em nossa casa e, mais ainda, transferir essas qualidades ao produto que vai à mesa de cada um. Aqui, a separação entre o que é público e o que privado tem suas fronteiras deslizadas e borradas.
 
 
- Carlos Walter Porto-Gonçalves é Professor do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense. 
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