A raça cósmica

26/08/2019
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Raros somos nós venezuelanos. Nem europeus, nem índios, nem afros, mas sim uma “espécie média entre os aborígenes e os espanhóis. Americanos por nascimento e europeus por direito, estamos em meio ao conflito de disputar os títulos de posse aos nativos e de permanecer no país que nos viu nascer contra a oposição dos invasores: assim, de extraordinário e complicado, é nosso caso” (Bolívar)

 

Sabia Simón Bolívar de nossa vontade indomável e qualidades morais que nos fazem capazes de ações heroicas: generosidade, força e determinação inquebrantável. Um povo descalço, farto de injustiças e da opressão imperial e que, em épico arrojo, munidos apenas com lanças, machados, facas e paus, enfrentaram as hostes espanholas, findando assim com a vassalagem colonial. Dessa forma conseguimos a liberdade primeiro venezuelana logo, nossa americana.

 

A República tem sido submetida a um amargo processo de desestabilização, executada pela corporatocracia mundial e seus cúmplices nacionais, contrários ao modelo de Chávez. Agravada em extremo e escalando em intensidade, resulta inelutável superar as vicissitudes deste ataque, enfrentando os problemas econômicos não com políticas monetaristas neoliberais, mas sim com medidas revolucionárias. O impulso monetarista do Mal, insultante testemunho de todo Anticristo, reside esfíngicamente no coração daqueles que pontificam na Cátedra de Moisés e põem pesadas cargas sobre os ombros dos desvalidos (Pérez Arcay)

 

Não nos resta outra opção senão lutar, com as armas que tenhamos e no terreno que for, pelo direito a ter uma Pátria livre. Não fazê-lo é, claudicar para ver a nossa Pátria convertida numa colônia e sofrer a ignomínia de viver na condição de escravidão. Nosso direito à soberania nacional é irrenunciável.

 

Hoje a venezuelanidade, o sangue caribenho e nossa tradição lutadora nos chamam a cerrar fileiras na defesa do gentilício e da pátria. Com suas potencialidades, habilidades, aptidões, conhecimentos e na frente DE LUTA que nos corresponda, estamos na obrigação de dar o melhor de nós, inclusive a vida, se necessário.

 

E dizemos com Manuel Palacios Fajardo:

 

“Para que um povo seja livre basta querer sê-lo (...) estes são os desejos da Venezuela. A ordem dos acontecimentos… tem arrancado à Espanha a dominação destas regiões; não é possível se opor mais tempo aos decretos da onipotência nem à vontade geral de homens dignos de sê-lo. Sim (...) torrentes de prosperidade vão se suceder aos séculos de ignomínia. Venezuela é livre e vai ser independente; aproveitem em boa hora a Inglaterra desta declaratória para romper com a Venezuela; empenhe a Espanha seus pactos para mover contra nós seus aliados ou produza um esforço dentre sua impotência; desconheçam-nos todas as potências do universo. A Venezuela se basta a sim mesma, a Venezuela triunfará a quantas se oponham a sua felicidade. Roma, antes de formar um vasto império, era uma aldeia; a Grã-Bretanha, antes de dominar os mares, uma débil ilha. Tudo cede ao impulso da liberdade e as forças do homem livre somente são comparáveis a sua dignidade... a Venezuela será habitada por homens livres ou o sepulcro funesto de seus atuais moradores. A Venezuela será um povo independente ou deixará de existir entre os povos da terra e atendendo os clamores da vontade geral, peço se faça neste dia a declaração de nossa absoluta independência da Espanha e todo o poder estrangeiro…"

 

A “raça cósmica” de Vasconcellos, foi interpretada por Bolívar como a “venezuelanidad”, cuja missão vanguardista é a criação de uma verdadeira humanidade universal ou “cósmica”. É um povo mestiço que expressa uma raça ideal destinada a ser a vanguarda da humanidade futura.

 

A raça cósmica está velando pela liberdade de Todos e Todas.

 

Não se esqueçam nunca!

 

- María Alejandra Díaz é advogada constitucionalista venezuelana, integrante da Assembleia Nacional Constituinte (ANC).

 

Tradução: Anisio Pires

 

 

https://www.alainet.org/pt/articulo/201795

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