Assalto globalista

15/06/2020
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Henry Kissinger, um dos principais chefões do polo corporativo transnacional (o governo global liberal usurpador), a partir da crise desencadeada pelo COVID-19 que é muito oportuna e adequada a seus interesses, oferece um plano para enfrentá-la: potencializar os organismos multilaterais do governo mundial, em colaboração com corporações farmacêuticas e tecnocientíficas, liderando uma campanha global contra as doenças infecciosas e iniciar em todos os países tutelados, sob o guarda-chuvas controlador (schutzhatf) da ONU, a vacinação obrigatória massiva global. Um pretexto ideal para preservar a ordem financeira mundial, emitindo dólares massivamente desde a FED e evitar a todo custo qualquer vestígio de soberania, nacionalismo e independência das nações, com a doentia finalidade de impor a ditadura unipolar total plutocrática do globalismo.

 

Seu plano nada mais é que a obrigada subordinação à globalizada lei do valor do capital (hiper fiduciário e tecnológico). Mundialização do fetichismo da mercadoria, mediante a qual a hegemonia do capital fiduciário desmaterializa por completo, tanto a produção como a palavra (Samir Amin).

 

Dilema irresolúvel da plena circulação em todas as direções de bens, mensagens e sujeitos e o fato de que o capital não pode tolerar limites à livre circulação da força de trabalho, pois é um poder para o qual somente há lucro-benefício na dissolução de nossas identidades de resistência (soberanias), enquanto os donos do poder preservam incólumes as suas (Grüsner).

 

Nessa dupla pinça baseada no esquema problema-reação-solução (sempre “adequada e oportuna” para eles), participam, por um lado, multilaterais, bancos, agências de qualificação, grandes grupos empresariais, rentistas e especuladores de todo tipo que, como garfos de flibusteiro, trabalham acotovelados para afogar e arruinar os Estados Nação soberanos. Pelo outro, estão as quintas e sextas colunas internas que, dada sua incapacidade congênita de obter espaços de poder, tentam suprimir os patriotas para alcançar seu único ideal que é ter amos e praticar sua ideologia: liberalismo, globalização, dominação da oligarquia fiduciarista global (contrária ao interesse nacional), como instrumentos do poder externo, fazendo cumprir suas soluções, maximizando seus lucros e seus negócios (por via de custo de oportunidade também).

 

Os Globalistas liberais impulsionam a “sudanização do planeta” a fim de cumprir um de seus objetivos principais: fazer desaparecer os espaços nacionais, diluir as fronteiras destruindo a dimensão interior, fazendo que a economia fique reduzida a núcleos mínimos (enclaves) tecnológicos conectados ao externo (o global) e não ao endógeno de cada país. Apoiam a sucção de recursos, liquidificação de ativos para o exterior (centrífuga), dirigindo-os a regiões onde se localizam seus centros financeiros e cidades globais, desenhadas para tal fim.  Aplicam as suas tecnologias letais: a demolição social traduzida em desintegração do sistema de segurança social, mercado formal de trabalho, sindicatos, direito a educação e saúde pública e a desestruturação de zonas interiores.

 

Na Venezuela, esse fenômeno é observável muito claramente com a ocupação do território nacional por bandas criminosas, deslocamento de camponeses, ocupação de zonas de grandes recursos por grupos irregulares e, como corolário a mutilação do território nacional, a tentativa de consolidar o despojo do território Esequibo (Fronteira com a Guiana). Desta maneira, cumprem e executam o saqueio corporativo e multilateral em cada canto do globo terrestre.

 

Confiscam e exaurem as riquezas dos países a partir de valorizações fictícias de recursos, bens e capitais, E, mais recentemente, com pareceres pseudo legais. No caso venezuelano, os exemplos sobram: CITGO nos EUA e a Corte de Delaware; o Banco da Inglaterra – “a pérfida Albion” - e o roubo de toneladas de ouro; bilhões em recursos financeiros retidos ilegalmente pelo sistema bancário mundial. Recentemente também, a operação adiantada desde a Corporação Andina de Fomento (CAF) que de maneira ilegal e unilateral e sob o eufemismo de atuar “independentemente do ente do governo, entidade pública, cuja titularidade corresponda a propriedade das ações”, recompra as ações da Venezuela, sem nenhum documento de suporte nem da necessidade de que intermedeiam outras formalidades, somente a aprovação em Assembleia Extraordinária de Acionistas.

 

A eufemística “aquisição forçada das ações do Estado venezuelano”, autêntico saqueio dos ativos da República por via de multilaterais, aprovado por um conjunto de países integrantes do Grupo de Lima, aliados de Juan Guaidó, responde a uma agenda ainda clandestina, compartilhada por quintas e sextas colunas internas (Gorbachovistas e yelsinistas), que aproveitam as circunstâncias da falta de proteção nacional para livrar-se “do sócio pária” e tirar a sede da instituição em Caracas.

 

Frente a esse panorama, devemos repensar a integração, as alianças e a solidariedade. Constituir com outros estados nação soberanos, republicanos, integrar grandes espaços com interesses comuns sub-regionais e regionais como propunha o Libertador. Outra geopolítica é necessária contra o sistema corporativo transnacional global (Duguin).

 

Nós, os povos, estamos na obrigação de nos unir como um punho contra elementos extraterritoriais e fatores globalistas internos e externos. Urge contar com organizações regionais ágeis criadas com participação de todos os países que respeitem a não ingerência nos assuntos internos dos outros e se unam em torno às bandeiras e princípios da soberania, independência e autodeterminação, atuando de forma conjunta contra os inimigos: os globalistas liberais. Divididos e separados, como os dedos da mão, seríamos presa fácil das corporações e afogados por elas.

 

O Estado e a soberania constituem a base e o fundamento do Direito Internacional que esses grupos de experts/especialistas sanitários, financeiros e jurídicos globalistas que se apresentando como "neutros" pretendem deslocar e substituir a legitimidade popular, que descansa nos povos, por uma ordem global feita a medida de seu interesse e com uma legitimidade plutocrática despótica, um neo império. Por isso, reiteramos a peremptória necessidade de identificar e conhecer o inimigo. Tudo aquilo, sujeito político ou não, que não potencialize, apoie e impulsione posições soberanistas, deve ser considerado como tal.

 

- María Alejandra Díaz é advogada constitucionalista venezuelana, integrante da Assembleia Nacional Constituinte (ANC).

 

https://www.alainet.org/pt/articulo/207267

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