Egito – Uma nova estrela?
11/03/2011
- Opinión
A revolução do silêncio como nos referimos anteriormente sobre episódio do Egito, começa agora uma nova fase deste evento. Depois de uma demonstração pacífica, organizada e até civilizada, mostrou ao mundo que é possível sim, mudanças radicais sem a necessidade de violências, como o foram todas até agora da história em mudanças de regimes políticos. Embora, temos nossos temores sobre os próximos eventos, quando o Egito com uma população de 40% abaixo da linha de pobreza, onde quase 50% da população é analfabeta, alto índice de desemprego, pouca perspectivas de trabalho pelos jovens; vemos por outro lado, uma atitude inesperada de uma solidariedade nacional em todas as suas formas.
O comportamento dos militares, que herdaram a batata quente com a demissão de Hosni Mubarak, sem impor qualquer ato de força, e deixar nas mãos de um grupo altamente seletivo e representativo de civis das elites nacionais, deixa patente uma experiência milenar constitucional que o exército é para proteger território e não ser servido contra a população.
Entretanto, é necessário fazer uma reflexão deste momento histórico, de um país com alto índice de desemprego, uma população enorme 85 milhões - mais populosa do mundo árabe, inflação altíssima, e para completar, sua maior fonte de renda o turismo, caiu a zero. Como todos sabem sua industrialização é muito insipiente, de baixo valor agregado, sobrando apenas o petróleo, gás natural, fosfato. Tem-se ainda, o canal de Suez, alguns pontos turísticos como, as pirâmides de cinco mil anos contemplando a história das civilizações, as praias azul do mar vermelho, o bíblico rio Nilo, a histórica Alexandria com sua biblioteca milenar, os museus no Cairo, e mais algumas particularidades culturais.
Para completar este quadro, muitas famílias eram subsidiadas pela renda que seus conterrâneos auferiam dos países próximos, mais particularmente a Líbia, que agora estão retornando a sua amada pátria, de bolsos vazios, engrossando ainda mais as estatísticas do desemprego.
Até agora o povo tem demonstrado, conforme a mídia internacional, sua alegria pela liberdade conquistada, de falar o que quiser, criticar o governo sem risco de ameaças, ser livre nas suas escolhas, liberdade de opinião, inclusive assumir o comportamento e a moda ocidental. Tem demonstrado civilidade, sem derramamento de sangue, e esperar, com todas as dificuldades do cotidiano, pacientemente pela reorganização de uma nova pátria com a bandeira da democracia. Para reestruturar todo um novo sistema de governo, depois de 30 anos de um modelo superado, corrompido, e fazer funcionar todas as instituições de forma moderna com cara do século XXI, que vão desde a forma de representação política, econômica, social, cultural, educacional, previdenciária etc., exige de todos uma atitude de tolerância e concessões mútuas. Será um trabalho hercúleo.
Detalhe, não é uma nação pequena não, são milhões de habitantes respirando por novos ventos. Ventos que não venham do deserto, mas que venham de todas partes do mundo civilizado. Esta é uma oportunidade histórica única de ver uma transição pacífica. Assim esperamos. Façamos nossa parte, torcendo que logo, logo façam parte de nosso mundo de liberdade, de responsabilidade e de um país que buscou por consenso seu próprio destino.
Sem espírito de profecia, talvez seja no futuro não muito longínquo, uma estrela (árabe) a mais figurar na bandeira da União Européia, com todas as vantagens de mercado que esta permite a seus integrantes.
- Sergio Sebold – Economista e Professor de Pós Graduação do ICPG/UNIASSELVI – Blumenau – SC –
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