A decida demográfica
01/03/2011
- Opinión
A expressão está sendo muito usada nos meios políticos e acadêmicos europeus, como uma forte preocupação pela descida em rampa das populações desta região.
Na década de 1950, os demógrafos alertavam sobre o crescimento rápido da população, principalmente pelo efeito do baby boom, ocorridos após a II Guerra Mundial. Pelas taxas de crescimento da época, segundo o filósofo e matemático inglês Bertrand Russell, haveria a nível global uma “bomba populacional”, mais desastrosa que a bomba de hidrogênio. Felizmente nenhuma nem outra ocorreram até agora.
Os países europeus pelo seu alto grau de desenvolvimento cultural, logo se preocuparam com este grave problema. Havia a falsa idéia de que o crescimento intenso das populações pobres era o maior entrave de desenvolvimento dos países, nestes incluía o Brasil. Diante desta questão, houve uma exagerada queda da taxa de fecundidade (número de filhos por mulher), cujos países em menos de um século já estão experimentando a redução das suas populações. Esta queda afeta diretamente as taxas de natalidade no conceito demográfico. A redução populacional só não tem sido mais drástica, em decorrência do ganho de vida (aumento da longevidade), e as grandes levas de imigrantes dos países africanos e árabes do oriente médio. Estes migrantes ainda conservam seus hábitos culturais e valores familiares, trazendo consigo índices bem elevados de proles, embora o fenômeno da redução da fecundidade, também se observam nestes países e outras regiões do globo.
A busca de uma resposta para este fenômeno cultural a nível mundial, o premio Nobel de Economia Gary Becker alega que as economias mundiais continuarão contrair-se à medida que o “capital humano”, for diminuindo. A alavanca comercial será posta à prova quando os trabalhadores de hoje não conseguirem ser substituídos no futuro. Por efeito, incapazes de assumir a responsabilidade de suportar uma população com vida mais longa. O aumento dos aposentados frente aos trabalhadores jovens tornará os sistemas de previdência social totalmente incapaz de suportar uma população cada vez mais envelhecida.
Para o caso brasileiro, estamos observando este mesmo fenômeno absurdo da redução drástica de filhos nas famílias. Segundo sociólogos é decorrente da perda de valores familiares que o país está atravessando. As tentativas de políticas sociais, equivocados pelo lado moral, acabou em crianças crescerem em lares desfeitos, com pais ausentes, e pouco amparo às famílias mais numerosas, políticas estas dissociadas das futuras gerações. O papel fundamental da família para o desenvolvimento e a prosperidade das sociedades humanas está se desintegrando.
Tomando as estatísticas portuguesas como base de cálculo, há um déficit de reposição de 60 mil crianças por ano, para manter sua população estável (2,1 filhos por mulher). Com uma taxa de fecundidade no Brasil de 1,94 filhos por mulher (2009), pode-se chegar por inferência a um déficit de 900 mil crianças a menos, por ano, para manter no longo prazo nossa população estável. Ou seja, esta não geração de filhos, dentro de poucos anos levará o Brasil à redução de sua população, correndo-se o risco sombrio de simplesmente desaparecermos do mapa.
- Sergio Sebold – Economista e Professor
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