Experiência histórica

13/07/2009
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Diante da presente crise mundial do capital, ganham importância as experiências históricas, de mais de 90 anos de tentativas de construção socialista, num mundo marcado pelo desenvolvimento desigual do capitalismo. Isso é especialmente verdadeiro em relação ao atual caminho trilhado pela China e Vietnã.

 

Tais países mostraram que é possível realizar revoluções nacionais, de sentido socialista, mesmo quando o capitalismo não desenvolveu totalmente suas forças produtivas. Uma revolução social não depende da decisão de qualquer corrente política, embora os voluntaristas odeiem essa verdade. Depende de que as classes sociais subalternas não queiram mais viver como até então, não tenham mais nada a perder e que as classes dominantes não mais consigam dominar como até então.

 

Nas críticas condições atuais do capitalismo, supor que um novo movimento ascendente de lutas de classes e revoluções seja algo superado seria o mesmo que acreditar que o capital se tornou imune às crises, ou que um mercado global poderia estabelecer a igualdade, não apenas entre as nações, mas também entre as classes.

 

Por outro lado, revoluções sociais e nacionais de tendência socialista, em países onde o capitalismo não desenvolveu plenamente as forças produtivas, não resolvem por si só essa necessidade histórica. Para desenvolver a base material da sociedade, como mostram os exemplos da China e do Vietnã, tornou-se necessário utilizar o mercado e diferentes formas de propriedade, inclusive capitalistas.

 

A adoção da economia de mercado, pelo socialismo da China e do Vietnã, os levou a confrontar-se, nestes últimos anos, tanto com os resultados positivos do crescimento econômico e da elevação da renda do conjunto da população quanto com os resultados negativos da expansão da corrupção, prostituição, contrabando, tráfico de drogas e outros fenômenos típicos das sociedades de classe.

 

Esses fenômenos, potencializados pelas formas capitalistas de propriedade e pelo crescimento de uma classe burguesa estão presentes como ameaça permanente. Podem manifestar-se até mesmo de forma brutal, como ocorreu no Tibet e, agora, no Xinjiang.

 

Por outro lado, sem a adoção de uma economia de mercado, em que convivem e concorrem formas opostas de propriedade social e privada, a China e o Vietnã certamente teriam afundado com os mesmos problemas que levaram à extinção da União Soviética e dos países socialistas do leste europeu.

 

Ambos os países preferiram adotar um processo de transição de alto risco, cujo desenlace ainda parece incerto. Em termos gerais, a disputa entre capitalismo e socialismo, nessa transição, parece depender da natureza do Estado e do partido, e do processo popular de democratização da sociedade.

 

Se o Estado, resultante da revolução social e nacional, continuar a serviço das grandes massas populares, mantendo-as como o centro de suas atenções; se o partido que dirigiu o processo revolucionário mantiver sua fidelidade e unidade ideológica, e um estilo de trabalho que tenha as classes trabalhadoras e o povo como principais referências; e se a democratização política da sociedade estiver indissoluvelmente associada ao progresso econômico e social, e não dissociada como ocorre nas sociedades capitalistas, há uma possibilidade de que o desenlace do processo tenda para o socialismo.

 

Portanto, as experiências em curso, na China e no Vietnã, talvez respondam a essas questões, não resolvidas pela prática social da luta e das outras experiências socialistas pós-1917. Por isso, é aconselhável que sejam observadas, com atenção e sem preconceitos.

 

Wladimir Pomar é escritor e analista político.

 

https://www.alainet.org/pt/articulo/135022
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