Para Você Mulher
08/03/2007
- Opinión
O Dia Internacional da Mulher é celebrado a 8 de Março de todos os anos.A idéia da existência de um dia internacional da mulher foi inicialmente proposta na virada do século XX, durante o rápido processo de industrialização e expansão econômica que levou aos protestos sobre as condições de trabalho. As mulheres empregadas em fábricas de vestuário e indústria têxtil foram protagonistas de um desses protestos em 8 de Março de 1857 em Nova Iorque, em que protestavam sobre as más condições de trabalho e reduzidos salários. As protestantes foram trancadas no interior da fábrica pelos patrões e pela polícia. Estes mesmos atearam fogo no prédio. 129 trabalhadoras morreram carbonizadas.
E mais: Muitos outros protestos se seguiram nos anos seguintes ao episódio de 8 de Março, destacando-se um outro em 1908, onde 15.000 mulheres marcharam sobre a cidade de Nova Iorque exigindo a redução de horário, melhores salários, e o direito ao voto. Assim, o primeiro Dia Internacional da Mulher observou-se a 28 de Fevereiro de 1909 nos Estados Unidos da América após uma declaração do Partido Socialista da América. Em 1910, a primeira conferência internacional sobre a mulher ocorreu em Copenhague, dirigida pela Internacional Socialista, e o Dia Internacional da Mulher foi estabelecido. No ano seguinte, esse dia foi celebrado por mais de um milhão de pessoas na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça, no dia 19 de Março.
No Ocidente, o Dia Internacional da Mulher foi comemorado durante as décadas de 1910 e 1920, mas esmoreceu. Foi revitalizado pelo feminismo na década de 1960. Em 1975, designado como o Ano Internacional da Mulher, a Organização das Nações Unidas começou a patrocinar o Dia Internacional da Mulher.
Levados pelos efeitos econômicos, políticos e sociais nós lembramos este dia a mulher seja indígenas, negras, amarelas ou brancas. Porém trato neste escritos a vida da mulher indígena.
Tradicionalmente, não diferente a outras culturas, a mulher indígena sempre teve posições inferiores aos homens e assim resistiram a tanta violência. Porque não reforçaram a mulher interna, a mulher primitiva, no sentido primeiro, que existe dentro de cada uma. Uma mulher que anda com a força a sua frente, a profunda natureza. E QUEM DÁ ESSA FORÇA? Receber a herança ancestral de nossa família ou de uma cultura é uma missão a cumprir, isso é praticamente obrigatório. De madeira geral a mulher indígena parece ter nascido para o trabalho! É ela que na verdade vê a noite chegar com o pensamento no amanhã. É quem cedo acorda. Mas levar adiante essa herança é SABEDORIA. Mas como purificar a pessoa que existe em nós, com tantos vícios impostos pelo sistema político e econômico que nos racializa, nos oprime, nos mata e torna nossa auto-estima deplorável e faz com que aceitemos pacíficos, durante séculos, a violência, seja física, psicológica, sexual, mental e até espiritual!
A chama do conhecimento ancestral indígena deve ser despertada imediatamente na anima de todas as mulheres e dos homens também, para que possa despertar o feminino dentro deles e para que a parceria homem/mulher seja comungada dentro dos princípios dos direitos humanos mais transcendentais.
Quando despertarmos essa força começaremos a reconhecer a sombra negativa do nosso comportamento, o nosso inimigo interno e neste processo começamos a reagir contra a opressão.
De volta à colonização!
No período da colonização portuguesa e espanhola, no Brasil, os homens indígenas levavam toda sua família a se jogar do alto dos penhascos, constituindo o suicídio coletivo contra a escravidão e a destruição cultural. Hoje, no novo milênio, novos tempos, o suicídio, a submissão, o alcoolismo, a desesperança, têm sido causa de choros e noites mal dormidas de mães indígenas de São Gabriel da Cachoeira. Não seriam sintomas de opressão?
O empobrecimento econômico de nossas vidas, o racismo, a intolerância, o desequilíbrio da nossa biodiversidade causam timidez, conformismo, baixa auto-estima, sentimento de culpa, infelicidade, angústia interior, insatisfação constante e concessão ao dominador, sim, concessão ao dominador. Esse processo desestabiliza o contexto cultural, espiritual da família, enfim, a cosmovisão de cada um de nós, indígenas ou de outras raças oprimidas.
Nos últimos tempos quantas mulheres rionegrinas que saíram de suas aldeias em busca de melhoria de qualidades de vida viram este sonho terminar em dor e vazio. Mulheres fortes! Que mesmo com a pobreza sabem sorrir e transmitir segurança! Que às vezes choram baixinho na calada da noite para não causar tristeza e inseguranças no lar.
Por que agüentamos tanta violência? A intuição é a mensageira da alma, a intuição é a força do conhecimento tradicional, ancestral. Mais que os homens estas mulheres são as tochas da ancestralidade, inclusive genética. A mulher intuitivamente protege os seios e o ventre contra seu dominador, e busca forças nos antepassados e nos espíritos da natureza para a sobrevivência da família. Assim é a Educação Indígena. Todos esses aspectos foram mais preservados na mulher do que no homem.
Por isso deve ser trabalhada dentro de cada um de nós, pois ela é riquíssima em conhecimentos. Devemos buscar juntos razão que dá a tônica da vida.
Assim, a guerreira, a ancestral, a mãe, a filha, todas reunidas numa só, não vão mais permitir a sombra negativa que ronda à sua volta: a submissão, porta aberta para a violência, porque ela, a mulher, purificando-se e estando em paz e realizadas, vai multiplicar muitos outros sorrisos, começando pelo seu próprio filho homem, futuro cidadão, futura cidadania para construção da cultura da verdadeira paz e da igualdade social.
E a relação de gênero neste estágio será bem melhor do que a do tempo contemporâneo, que nos faz sucumbir à dor, que nos leva ao desamor a nós mesmos e ao próximo. Nesse processo de reconstrução do ser humano vamos lapidando o grande diamante que é a consciência humana.
A coisa mais bonita que a mulher indígenas tem dentro de si mesmo é a dignidade. Mesmo se está maltratada. Mas não há dor ou tristeza que o vento não apague.
E o mais puro ensinamento dos velhos, dos anciãos, parte da sabedoria, da verdade e do amor.
Bonito é florir no meio de ensinamentos impostos pelo poder. Bonito é florir no meio do ódio, da inveja, da mentira ou do lixo da sociedade. Bonito é sorrir ou amar quando uma cachoeira de lágrimas nos cobre a alma! Bonito é poder dizer sim e avançar. Bonito é construir e abrir as portas a partir do nada. Bonito é renascer todos os dias. Mulher! Um futuro digno espera os povos indígenas.
O importante é prosseguir. É comer quinhapira, peixe seco com beiju e mandioca. É olhar o céu. É conviver com as “manias de brancos”, mesmo sufocados pela confusão urbana ou as ameaças, porque na realidade são as relações mais sagradas de nosso povo, porque são relações com a Terra e com o criador.
Este dia nos convida a construir a partir de agora uma grande frente de energias, apoiada por todos que lêem este texto para garantir a dignidade de povos abandonados.
Mulheres e Homens!
Não podemos admitir a derrota. Há jovens, crianças sorrindo, há sol, há esperanças. Há espiritualidade! Basta que soltemos as amarras que divide o nosso povo.
Bibliografia:
GRUMIN/Rede de Comunicação Indígena sobre gênero e Direitos
http://www.elianepotiguara.org.br
Fonte: Setor de Comunicação
Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro • Informativo Semanal
São Gabriel da Cachoeira
comunicacao@foirn.org.br
E mais: Muitos outros protestos se seguiram nos anos seguintes ao episódio de 8 de Março, destacando-se um outro em 1908, onde 15.000 mulheres marcharam sobre a cidade de Nova Iorque exigindo a redução de horário, melhores salários, e o direito ao voto. Assim, o primeiro Dia Internacional da Mulher observou-se a 28 de Fevereiro de 1909 nos Estados Unidos da América após uma declaração do Partido Socialista da América. Em 1910, a primeira conferência internacional sobre a mulher ocorreu em Copenhague, dirigida pela Internacional Socialista, e o Dia Internacional da Mulher foi estabelecido. No ano seguinte, esse dia foi celebrado por mais de um milhão de pessoas na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça, no dia 19 de Março.
No Ocidente, o Dia Internacional da Mulher foi comemorado durante as décadas de 1910 e 1920, mas esmoreceu. Foi revitalizado pelo feminismo na década de 1960. Em 1975, designado como o Ano Internacional da Mulher, a Organização das Nações Unidas começou a patrocinar o Dia Internacional da Mulher.
Levados pelos efeitos econômicos, políticos e sociais nós lembramos este dia a mulher seja indígenas, negras, amarelas ou brancas. Porém trato neste escritos a vida da mulher indígena.
Tradicionalmente, não diferente a outras culturas, a mulher indígena sempre teve posições inferiores aos homens e assim resistiram a tanta violência. Porque não reforçaram a mulher interna, a mulher primitiva, no sentido primeiro, que existe dentro de cada uma. Uma mulher que anda com a força a sua frente, a profunda natureza. E QUEM DÁ ESSA FORÇA? Receber a herança ancestral de nossa família ou de uma cultura é uma missão a cumprir, isso é praticamente obrigatório. De madeira geral a mulher indígena parece ter nascido para o trabalho! É ela que na verdade vê a noite chegar com o pensamento no amanhã. É quem cedo acorda. Mas levar adiante essa herança é SABEDORIA. Mas como purificar a pessoa que existe em nós, com tantos vícios impostos pelo sistema político e econômico que nos racializa, nos oprime, nos mata e torna nossa auto-estima deplorável e faz com que aceitemos pacíficos, durante séculos, a violência, seja física, psicológica, sexual, mental e até espiritual!
A chama do conhecimento ancestral indígena deve ser despertada imediatamente na anima de todas as mulheres e dos homens também, para que possa despertar o feminino dentro deles e para que a parceria homem/mulher seja comungada dentro dos princípios dos direitos humanos mais transcendentais.
Quando despertarmos essa força começaremos a reconhecer a sombra negativa do nosso comportamento, o nosso inimigo interno e neste processo começamos a reagir contra a opressão.
De volta à colonização!
No período da colonização portuguesa e espanhola, no Brasil, os homens indígenas levavam toda sua família a se jogar do alto dos penhascos, constituindo o suicídio coletivo contra a escravidão e a destruição cultural. Hoje, no novo milênio, novos tempos, o suicídio, a submissão, o alcoolismo, a desesperança, têm sido causa de choros e noites mal dormidas de mães indígenas de São Gabriel da Cachoeira. Não seriam sintomas de opressão?
O empobrecimento econômico de nossas vidas, o racismo, a intolerância, o desequilíbrio da nossa biodiversidade causam timidez, conformismo, baixa auto-estima, sentimento de culpa, infelicidade, angústia interior, insatisfação constante e concessão ao dominador, sim, concessão ao dominador. Esse processo desestabiliza o contexto cultural, espiritual da família, enfim, a cosmovisão de cada um de nós, indígenas ou de outras raças oprimidas.
Nos últimos tempos quantas mulheres rionegrinas que saíram de suas aldeias em busca de melhoria de qualidades de vida viram este sonho terminar em dor e vazio. Mulheres fortes! Que mesmo com a pobreza sabem sorrir e transmitir segurança! Que às vezes choram baixinho na calada da noite para não causar tristeza e inseguranças no lar.
Por que agüentamos tanta violência? A intuição é a mensageira da alma, a intuição é a força do conhecimento tradicional, ancestral. Mais que os homens estas mulheres são as tochas da ancestralidade, inclusive genética. A mulher intuitivamente protege os seios e o ventre contra seu dominador, e busca forças nos antepassados e nos espíritos da natureza para a sobrevivência da família. Assim é a Educação Indígena. Todos esses aspectos foram mais preservados na mulher do que no homem.
Por isso deve ser trabalhada dentro de cada um de nós, pois ela é riquíssima em conhecimentos. Devemos buscar juntos razão que dá a tônica da vida.
Assim, a guerreira, a ancestral, a mãe, a filha, todas reunidas numa só, não vão mais permitir a sombra negativa que ronda à sua volta: a submissão, porta aberta para a violência, porque ela, a mulher, purificando-se e estando em paz e realizadas, vai multiplicar muitos outros sorrisos, começando pelo seu próprio filho homem, futuro cidadão, futura cidadania para construção da cultura da verdadeira paz e da igualdade social.
E a relação de gênero neste estágio será bem melhor do que a do tempo contemporâneo, que nos faz sucumbir à dor, que nos leva ao desamor a nós mesmos e ao próximo. Nesse processo de reconstrução do ser humano vamos lapidando o grande diamante que é a consciência humana.
A coisa mais bonita que a mulher indígenas tem dentro de si mesmo é a dignidade. Mesmo se está maltratada. Mas não há dor ou tristeza que o vento não apague.
E o mais puro ensinamento dos velhos, dos anciãos, parte da sabedoria, da verdade e do amor.
Bonito é florir no meio de ensinamentos impostos pelo poder. Bonito é florir no meio do ódio, da inveja, da mentira ou do lixo da sociedade. Bonito é sorrir ou amar quando uma cachoeira de lágrimas nos cobre a alma! Bonito é poder dizer sim e avançar. Bonito é construir e abrir as portas a partir do nada. Bonito é renascer todos os dias. Mulher! Um futuro digno espera os povos indígenas.
O importante é prosseguir. É comer quinhapira, peixe seco com beiju e mandioca. É olhar o céu. É conviver com as “manias de brancos”, mesmo sufocados pela confusão urbana ou as ameaças, porque na realidade são as relações mais sagradas de nosso povo, porque são relações com a Terra e com o criador.
Este dia nos convida a construir a partir de agora uma grande frente de energias, apoiada por todos que lêem este texto para garantir a dignidade de povos abandonados.
Mulheres e Homens!
Não podemos admitir a derrota. Há jovens, crianças sorrindo, há sol, há esperanças. Há espiritualidade! Basta que soltemos as amarras que divide o nosso povo.
Bibliografia:
GRUMIN/Rede de Comunicação Indígena sobre gênero e Direitos
http://www.elianepotiguara.org.br
Fonte: Setor de Comunicação
Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro • Informativo Semanal
São Gabriel da Cachoeira
comunicacao@foirn.org.br
https://www.alainet.org/pt/articulo/119847
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