A SECA no maior rio de águas negras do Brasil

11/03/2007
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O rio Negro nasce na região pré-andina da Colômbia e corre ao encontro do Solimões, logo abaixo de Manaus, o Amazonas. Em seu curso, percorre 1700 quilômetros.

É um dos três maiores rios do mundo; o fluxo de água que passa por seu leito é maior do que o de todos os rios europeus reunidos e, no Brasil, perde apenas para o Amazonas. Tem quilômetros de largura e mais de mil ilhas que se agrupam em dois arquipélagos: Anavilhanas, próximo de Manaus, e Mariuá, no médio rio Negro, na região de Barcelos. São os maiores arquipélagos fluviais do mundo.

O nível das águas depende da estação do ano. Entre o ponto mais baixo da seca e o mais alto da cheia, a variação é de 9 a 12 metros.

Na cheia, o rio invade a floresta por muitos quilômetros. Com uma canoa pode-se remar no meio das árvores e penetrar a floresta submersa, entre os raios de sol que escapam do filtro das copas e incidem sobre a água escura.

Na seca, surgem as praias e emergem ilhas de areia branca. Nessa época, os barrancos de palhas ou de lonas são armados para pesca ou acapamentos. É comum encontras famílias indígenas às margens dos do rio.

Antigamenete essas secas eram esperadas por indígenas e ribeirinhos como época de fartura. Época de moquear e salgar peixes e fazer derrubadas de roças.

Nos últimos anos estas secas chegam trazendo medo e grandes preocupações para os povos desta terra. Quem não lembra da última grande seca a dois anos atrás que isolou dezenas de famílias e matou milhares de peixes em rios amazônicos.

Porém este fenômeno não atingiu a região do alto Rio Negro! Pois, este não chegou a um nível tão baixo!

Eu, na minha ignorância penso: esta região não deveria ser a primeira a secar? Pois no fundo no fundo, vendo está seca, na região do Rio Negro não há tanta água quanto se pensa. Há sim! Uma quantidade de águas escuras o suficiente para cobrir as grandes quantidades de praias e imensas barreias de pedras existentes neste imenso rio de águas negras. Talvez por isso, para os antigos desta região essas cheias e secas eram comuns.

Será que na década de 1980 quando se viu no alto rio negro secas maiores que estas já eram parte do efeito estufa e do Aquecimento Global? E só agora que os cientistas vieram se dá conta e tentar mostrar uma explicação para tais fenômenos?

“Fazer ligação destes acontecimentos com o efeito estufa ou com o aquecimento global é fenômeno da nova geral. Na década de 1920 segundo meu avô teve uma seca que os pássaros não conseguia atravessar os rios por causa das fumaças e caiam nos rasos rios. As fumaças vinham de grandes queimadas causadas pela seca! Na década de 1980 em uma das secas era possível atravessar para a ilha de Curucuí(em frente ao Município de São Gabriel da Cachoeira) a pé! Assim, outras secas que acontceram na região”, Diz Braz França-Liderança indígena Baré.

No momento estamos na seca! Preocupados e amedrontados por tudo vemos e ouvimos nos meios de comunicações. Estes não noticiam outra coisa senão catástrofes e um futuro 8°graus mais quente.

Causados pelas ações irresponsável do homem ou como fenômeno natural nós povos indígenas, que sempre soubemos viver em paz com a natureza deste Rio estamos vendo bancos de areias que avançam sobre os rios. Com a falta de chuva muitos já secaram prejudicando a navegação, principal meio de transporte na área. O rio está metros abaixo do nível normal.

Quem está sentido na pele os efeitos da seca não são as comunidades indígenas e sim a população da cidade, pois são eles que comem frangos, carne e verduras. São eles que não sabem mais viver sem energia. São eles que vivem nos supermacados dotos os dias.
Na mesa ou em cima de túpés das comunidades indígenas estes insumos não são comuns. Logo não fazem falta. É comum sim o peixe moquedo com beijú e na quinhapira. Seco ou não o índio sabe como lidar com rio.

Se levar em conta a situação destes gêneros os povos sempre estiveram em caso de emergência. Pois não têm serviços básico de atendemento social e econômico necessários para uma vida digna.

Com a falta de mantimentos São Gabriel convive com o preço abusivo. Ter peixe na mesa é privilégio e luxo de alguns! Os atravessadores combinam preços sem nenhuma fiscalização e regumentação por parte do poder público que declarou estado de emergência no municio e receberá segundo o assessor de comunicação, Pedro Paulo, apoio da Defesa Civil do Estado. Esta transportará cargas para comerciantes e para Secretaria Municipal de Ação Social. Os comerciantes mesmo sem pagar frete contuam com os preços em alta.

Em Santa Isabel do Rio Negro, a 620 Km em linha reta de Manaus, os estoques de comida também estão no fim.

O início das aulas está sendo prejudicado. E o combustível para abastecer as usinas termelétricas dos municípios está chegando ao fim.

O resposnsável pelo setor de hidrologia do Serviço Geológico do Brasil explica que a seca nesta época é atípica. Segundo Marco Oliveira em entrevista dada ao Jornal Hoje da Globo, em fevereiro choveu 50% a menos do que a média.

Não! Não vamos desistir! O amanhã passou! O passado está perdido e o futuro? Este não nos cabe conhecer ou ver!... Vamos todos juntos nesta passarela de uma aquarela que um dia enfim, se descolorirá!? (Aquarela no Brasil)

Assim, temos um desafio: Mudar o rumo deste destino tudo indica que será “feio”. Vamos! Pois quem planeja tem futuro e quem não se planeja tem destino! Onde estamos?

- Janilson Pereira Padilha
Coord. Setor de Comunicação - FOIRN
Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro
https://www.alainet.org/pt/active/16247

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