Nota da Presidência e Comissão Episcopal de Pastoral Da CNBB
Justiça e Paz se abraçarão
28/06/2006
- Opinión
A paz é um dos anseios mais profundos de toda a humanidade. As manifestações em
favor da paz, que se multiplicam por toda parte, explicam-se diante da agitação
febril de ameaça de guerra e de iminente ataque militar contra o Iraque. São
desastrosos os efeitos de um conflito armado. As previsões quanto ao número de
mortos, feridos, deslocados e refugiados são alarmantes, gerando novos ódios e
revanches.
Os atentados de 11 de setembro de 2001 não podem servir de pretexto para
reacender a chama de um belicismo inconseqüente e para justificar a corrida
armamentista. Interesses econômicos nem sempre explícitos ocultam-se por trás
do alegado combate ao terrorismo. A guerra não é o caminho para acabar com a
violência. Agressividade traz retaliação e tende a perpetuar um círculo vicioso
em que a população civil é a principal vítima.
A paz tem sido um dos temas mais recorrentes do ensino social da Igreja. Basta
lembrar a Constituição Pastoral A Igreja no Mundo de Hoje, do Concílio Ecumênico
Vaticano II, as encíclicas Pacem in Terris, de João XXIII, Populorum Progressio,
de Paulo VI, e os inúmeros pronunciamentos de João Paulo II, de modo especial
suas declarações e gestos mais recentes em busca da paz. Diz o Papa, em seu
discurso ao Corpo Diplomático, em 13 de janeiro de 2003: "Não à guerra! Ela
nunca é uma fatalidade! Ela é sempre uma derrota da humanidade".
A Igreja quer seguir as pegadas de seu Mestre: "Eu vos dou a paz, eu vos deixo a
minha paz!" (Jo 14, 27). Evocamos aqui o testemunho vivo de tantas pessoas que
deram a vida pela paz! Em total dissonância com o toque dos tambores da guerra,
proclamamos as palavras sempre atuais do profeta Isaías: "A paz é fruto da
justiça!" (Is 32, 17).
A verdadeira paz se constrói sobre novas relações internacionais, fundamentadas
na defesa dos direitos humanos, na soberania das nações, numa justa distribuição
dos benefícios do progresso e numa ética que, respeitando as diferenças
culturais, possa combater as desigualdades sociais e econômicas. Isso significa
fortalecer o papel da ONU e dos fóruns internacionais de negociação, bem como
repulsa a toda a pretensão unilateral de impor interesses próprios.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil une sua voz à de milhões de
brasileiros e brasileiras e às aspirações dos povos do mundo inteiro, para
erguer a bandeira da paz. Convicta de que a paz somente será possível mediante
relações justas, solidárias e fraternas entre nações, povos e pessoas, dirige
seu apelo a todas as comunidades para que intensifiquem sua oração e seu empenho
em favor da paz.
Confiantes na intercessão de Maria, Rainha da Paz, temos a esperança de poder
entoar em tom profético: "justiça e paz se abraçarão!" (Sl 85, 11).
Brasília-DF, 19 de fevereiro de 2003
https://www.alainet.org/pt/articulo/106998
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