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Declaração da Assembleia da Dívida, reunida em Tunes a 29 de Março de 2013 30 março 2013

02/04/2013
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Considerando que a dívida tem sido, desde o século XV, o principal instrumento histórico de colonização para saquear, dominar, subjugar, humilhar e destruir os povos e as suas tradições,
 
Considerando que a dívida do Sul já foi paga várias vezes e que constitui, a sul e a norte, uma poderosa transferência de riqueza do trabalho para o capital,
 
Considerando que a dívida é também a principal alavanca de ingerência estrangeira e dos poderes financeiros, com a cumplicidade das elites no poder, de violação da soberania dos países, de empobrecimento generalizado dos povos e de recuo brutal dos seus direitos económicos e sociais,
 
Considerando que as multinacionais e os países industrializados provocaram uma alteração irreversível dos equilíbrios ambiental e climático, que significa a existência de uma dívida ecológica,
 
Considerando que, em todo o planeta, os mecanismos de endividamento agravam, sobretudo, as condições de vida das mulheres, atacando a sua independência financeira, um dos pilares da sua emancipação política e social,
 
Nós, organizações e movimentos sociais, inspirados pelo exemplo do combatente Thomas Sankara, que lutou pela libertação dos povos escravizados pela dívida:
 
Afirmamos que os povos árabes e magrebinos reacenderam a chama da luta pela reapropriação do seu destino e pela vontade de se emanciparem de acordo com as suas próprias normas no sentido de uma vida livre e digna,
 
Apoiamos com força e determinação todas as lutas através do mundo para a libertação dos povos da servidão da dívida,
 
Rejeitamos as políticas de austeridade aplicadas por todo o mundo,
 
Apoiamos todas as campanhas de auditoria cidadã à dívida para identificar e anular, sem condições, a parte odiosa e ilegítima dessa dívida e apelamos às auditorias feministas da dívida que tenham em conta a dívida social de que as mulheres são credoras,
 
Rejeitamos toda a conversão de dívida que qualificamos como sendo um branqueamento da dívida odiosa e ilegítima,
 
Denunciamos com veemência todas as pressões e tentativas que visam impedir a adoção de propostas legislativas sobre a auditoria da dívida na Tunísia e noutros lugares.
 
Não devemos, não pagamos!
30 de Março de 2013
 
 
Primeiros signatários da Declaração (ordem alfabética) :
 
ACET (Auditons les Créances Européennes envers la Tunisie)
CADTM International (Comité pour l’Annulation de la dette du tiers monde)
JUBILE SUD AMERIQUES
LATINDADD
Plataforma Ciudadana por la Auditoría de la Deuda (PACD), Estado español
Popular Campaign to Drop Egypt’s Debt
SUD BPCE
https://www.alainet.org/pt/articulo/75032
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