Chávez é homenageado por participantes no Fórum Social Mundial

29/03/2013
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Juntamente com Chokri Belaid, líder da oposição da esquerda tunisiana assassinado no último mês de fevereiro, o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que faleceu em 5 de março deste ano, despontou como uma das personalidades políticas mais lembradas no Fórum Social Mundial da Tunísia.
 
Túnis – Integrantes de movimentos sociais e de organizações não-governamentais (ONGs), intelectuais, agremiações políticas e participantes individuais do Fórum Social Mundial (FSM) 2013 se reuniram, nesta sexta-feira (29) em ato em homenagem ao ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
 
Juntamente com Chokri Belaid, líder da oposição da esquerda tunisiana assassinado no último mês de fevereiro, Chávez, que faleceu em 5 de março deste ano, despontou como uma das personalidades políticas mais lembradas nesta edição do FSM.
 
Durante a homenagem, François Houtart, que faz parte do Conselho Internacional do FSM e do Fórum Mundial das Alternativas, destacou dois traços do ex-presidente venezuelano. Primeiro, a sua condição de proximidade humana, que valorizava a amizade e o contato com as pessoas, seja qual fosse a sua posição: de líderes mundiais a militantes de base. Segundo, a sua preocupação constante com a reorganização da estrutura do Estado para a participação popular, por meio, por exemplo, das chamadas “comunas”.
 
Houtart lembrou ainda que Chávez exercia uma influência política que ultrapassava fronteiras e alcançava diversos outros contextos marcados pela injustiça social, exploração e dependência. “Na Índia, soube de pais que deram o nome de Hugo Chávez aos seus filhos”.
 
O ato contou com a presença de um assessor da campanha eleitoral do atual presidente Nicolas Maduro, sucessor do líder que vencera, em 2012, a última de suas eleições. De acordo com ele, Chávez “faleceu fisicamente, mas não espiritualmente” e a demonstração de solidariedade é motivo de “orgulho e felicidade”. Além de manter uma “estima particular” para com o Fórum Social Mundial, o presidente Chávez foi, conforme sublinhou o assessor, o chefe de Estado que mais vezes participou do encontro internacional.
 
Em 2003, ainda que sob pressão de um momento crítico na Venezuela, esteve presente em Porto Alegre para apresentar propostas políticas (“algumas delas inspiradas no próprio FSM”, acrescentou o assessor). Em 2005, também na capital gaúcha, fez um discurso que se tornou referência sobre o Socialismo do Século XXI. Em 2006, na própria Venezuela, questionou a falta de apoio dos movimentos e organizações sociais no que diz respeito a governos progressistas da América Latina que vinham colocando em prática aspirações do Fórum Social Mundial. Em 2009, na cidade de Belém, reuniu-se com outros chefes de Estado (Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, Evo Morales, da Bolívia, Rafael Correa, do Equador, e Fernando Lugo, do Paraguai), em ato simbólico de demonstração da realidade da integração sul-americana. Sem contar ainda a participação do ex-presidente Chávez no 3° Fórum Social Pan-Amazônico, em Ciudad Guayana, também na Venezuela, em 2004.
 
A “dignidade”, lema do encontro em Túnis, pode ser considerada, segundo o assessor da campanha de Maduro, um dos legados de Chávez. A dignidade da própria Venezuela e de sua população mais pobre, que passou a ter acesso a direitos humanos e sociais básicos; a dignidade da “grande pátria” latino-americana, inspirado no sonho de integração de Simon Bolívar; e a dignidade de todos os povos do Sul, não só no continente americano, pelo combate ao imperialismo norte-americano, pela justiça social e pela soberania.
 
A tunisiana Afifa Riahi esteve presente no ato na companhia de seu filho. “Não conheço muito bem detalhes sobre Chávez. Mas tenho uma enorme simpatia com ele porque ele amava o seu povo. Ele tinha preocupação com os mais pobres e contribuía para o enfretamento dos problemas sociais”, comentou. “É o que eu gostaria de ter aqui também na Tunísia. Um presidente que nos ajude a viver com dignidade”.
 
Na opinião de Douglas Estevam, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que participou da homenagem a Chávez em Túnis e vive na Venezuela, o projeto político levado a cabo pelo ex-presidente deve ter continuidade, a despeito da forte pressão das elites e da oposição. “Quem vê de fora, pode ter impressões que não se confirmam necessariamente quando se observa o processo de perto, no interior do país. Hugo Chávez sempre se dedicou a fortalecer as bases sociais com vistas à transformação social”.
 
Fonte Carta Maior
https://www.alainet.org/pt/articulo/74962
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