Voz dissonante, López Obrador completou 100 dias de governo no México
- Opinión
México tem um peso importantíssimo na geopolítica do continente
A belíssima e contundente vitória de Andrés Manuel López Obrador como mandatário do México representou uma voz dissonante em um continente atualmente hegemonizado por governos conservadores de direita. O México tem um peso importantíssimo na geopolítica da região. Rico em petróleo, o país é a segunda maior economia e a segunda maior população da América Latina, superado apenas pelo Brasil.
Com um perfil proativo e concentrador, Obrador é um escritor e cientista político de 65 anos. Foi prefeito da Cidade do México e disputou as eleições presidenciais duas vezes antes de ser eleito com uma expressiva margem de votos pelo Movimento de Renovação Nacional (MORENA).
Para grande parte da população que o elegeu, Obrador representa uma esperança para combater a corrupção, recuperar a confiança no sistema político, apaziguar os conflitos sociais existentes e pôr fim à violência e ao poder dos narcotraficantes que tomaram o Estado de assalto. Para os setores mais críticos, a eleição de López Obrador foi a única saída da burguesia moderna para continuar no poder.
Após 100 dias no governo, o projeto de Obrador chamado de “Quarta Transformação” se depara com um processo recheado de contradições que envolvem as alianças para governar, as tensões e enfrentamentos com organizações sociais, sindicais e da sociedade civil. Além, é claro, das relações conflituosas com o vizinho mais poderoso ao norte: os Estados Unidos da América.
Uma das dificuldades mais latentes é justamente a imensa dependência da economia dos EUA, principalmente pelo vínculo existente através do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (TLCAN) e as obrigações resultantes desse acordo nefasto como a reforma trabalhista. Além da questão dos mexicanos que migram diariamente para os EUA e que já somam mais de 40 milhões.
Obrador aposta na interlocução direta com o povo para obter apoio para seu plano de governo que propõe desde a reforma para a educação, criação de uma guarda nacional para enfrentar o narcotráfico até os projetos de desenvolvimentos e de infraestrutura para gerar postos de trabalho em todo país.
Edição: Vivian Virissimo
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