Perseguição ideológica causa estranheza no governo e compromete ministérios
- Opinión
O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, determinou a exoneração de 320 trabalhadores com cargos comissionados, por conta de um processo que o ministro batizou de "despetização" – em referência a funcionários que entraram no governo durante as gestões do Partido dos Trabalhadores (PT) e seriam afim à legenda. No anúncio das desonerações, na semana passada, Lorenzoni disse que o objetivo era tirar do governo quem é “antagônico ao projeto”.
A medida causou estranheza no primeiro escalão do governo Bolsonaro. Nesta terça-feira (8), o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo, responsável pela área de comunicação do governo, que tem entre suas atribuições a administração da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), discordou das exonerações por questões ideológicas. No entanto, ele também considera que os militantes de oposição deveriam sair voluntariamente dos cargos de confiança.
Atualmente, o Poder Executivo tem cerca de 120 mil cargos de confiança. “Vamos retirar de perto da administração pública federal todos aqueles que têm marca ideológica clara", afirmou Lorenzoni em reportagem da EBC.
A exoneração por questões ideológicas deve, segundo Lorenzoni, ser reproduzida em outras pastas. O corte na Casa Civil gerou atraso nas tarefas, insegurança entre os servidores e acúmulo de trabalho.
O secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Distrito Federal (Sindsep-DF), Oton Pereira Neves, criticou a decisão do ministro Onyx Lorenzoni. A entidade vai encaminhar ao governo uma pauta de reivindicações, dentre as quais o combate irrestrito ao assédio moral.
“É um descaso proposital com o serviço público federal. O presidente que ganha as eleições tem todo o direito de nomear os seus ministros e o segundo escalão. Porém, tem cargos de chefia e de coordenação para os quais devem ser observados critérios técnicos. Parece que o governo continua na campanha eleitoral”, disse Neves.
A intervenção autorizada pelo ministro Lorenzoni no quadro de funcionários da Casa Civil desarticulou o corpo técnico da casa e interrompeu tarefas.
A presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, compartilhou uma notícia sobre o assunto e tuitou uma resposta para o ministro bolsonarista. “Resultado da ignorância e arrogância. Quem tem por objetivo maior perseguir e destruir o outro, disseminando ódio e confusão, não tem como acertar. Vocês jamais vão tirar o PT da vida do país. Desistam!”, escreveu.
— Gleisi Lula Hoffmann (@gleisi) 7 de janeiro de 2019
Edição: Mauro Ramos
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