Pólo naval de Rio Grande: Uma Luta que é de todo o Rio Grande do Sul
- Opinión
A presença de quadros da política nacional na cidade de Rio Grande/RS no ato do dia do trabalho em defesa do pólo naval apenas demonstra a importância do tema. A cegueira política de alguns dirigentes do Estado tenta limitar o debate à cidade da Zona Sul. Contudo, uma simples análise do cadeia produtiva da indústria naval e do petróleo e do gás comprova que os efeitos positivos do empreendimento beneficiam toda a região, a Zona Metropolitana da Capital, a Serra, o Jacuí, ultrapassam a fronteira do Estado e do Mercosul. Logo, é um assunto de grande relevância, que beneficia muito mais do que os 25.000 metalúrgicos de Rio Grande, de São José do Norte, de Capão do Leão, de Pelotas e de Santa Vitória do Palmar.
Desta forma, causa estranheza a total omissão do Governo do Estado em relação ao desmonte da industrial naval gaúcha. Sartori (PMDB/RS) não apenas segue em silêncio, como defende as ações de Michel Temer (PMDB/SP) que prejudicam todo o povo gaúcho. Parece que o alto comando do Piratini trava uma cruzada contra a população, contra as empresas e contra a economia do Estado. Ao mesmo tempo que acuso o Partido dos Trabalhadores de politizar a pauta, o comando do PMDB faz exatamente o que crítica e politiza negativamente o tema, pois se omite, se esconde e ataca aqueles que defendem os interesses locais. Na verdade, trata-se de uma pauta política concreta onde ficam bem claras as fronteiras entre aqueles que defendem os interesses coletivos e aqueles que apenas queriam se acomodar no poder!
As ações meritórias do Prefeito Alexandre Lindenmeyer (PT/RS) em prol do interesse local precisam ser reforçadas. Afinal, onde estava a Prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB/RS), quando ocorreu a audiência pública do Pólo Naval na FURG? Existem milhares de trabalhadores, trabalhadoras e empresas da cidade que ela administra que dependem deste segmento econômico para sobreviver. Aliás, se a construção civil de Pelotas avançou nos últimos anos, muito se deve aos investimentos da indústria do petróleo e do gás, à duplicação da BR 116 e ao Polo Eólico. Por sinal, o Governador Sartori (PMDB), no seu desespero para desmontar a CEEE, perdeu os recursos internacionais para implantação do Complexo da Curupira/Povo Novo e agora corre atrás de alguém que queira comprar o projeto. Novamente, quem perde recursos e empregos é a cidade de Rio Grande, pois na lambança do Governo do Estado também tivemos a expulsão da indústria WEG da região.
A rigor, parece que o único político não alinhado à esquerda que reconhece a importância dos temas é o Deputado Adilson Troca (PSDB/RS). De resto, apenas a bancada do PT, o Prefeito Alexandre (PT) de Rio Grande, os sindicatos, os empresários e a população da Zona Sul têm se mobilizado por um patrimônio que é coletivo. As demais lideranças, com honrosas exceções, seguem omissas, inclusive aquelas que fizeram a sua trajetória política no ambiente local.
Há muito mais que investimentos diretos e empregos em jogo. Temos a auto-estima da população, a dignidade da cidade, o crescimento tecnológico e científico, a autonomia energética e uma série de outros elementos que beneficiam a vida coletiva no centro do problema. Sejam bem vindos aqueles que acreditam na região e nesta luta, pois, mais do que nunca, está na hora de conjugar esforços em benefício da sociedade.
Sandro Ari Andrade de Miranda, advogado, mestre em ciências sociais, ex-Secretário de Meio Ambiente de Rio Grande/RS.
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