Rede Globo reage contra Lula e é acusada de tramar golpe
- Opinión
Brasília (DF).- Não é a primeira vez. A própria Rede Globo já admitiu ter apoiado o golpe de 1964 e ajudado a sustentar a ditadura militar que vigorou durante 21 anos no Brasil. A trama para tentar fraudar o resultado das eleições para governador do Rio de Janeiro, em 1982, e a edição do debate eleitoral entre Lula e Collor, em 1989, que prejudicou o candidato petista, também fazem parte das acusações de manipulação midiática contra a emissora. A família Marinho inclusive é o clã mais rico do país, segundo a revista Forbes, com uma fortuna avaliada em mais de 37 bilhões de dólares.
Agora, pesa contra o conglomerado de mídia que controla quase a metade do mercado de comunicações no país a acusação de manipular o noticiário para destruir a imagem do ex-presidente Lula e do governo do PT. Ao mesmo tempo, evita abordar em profundidade temas que podem ser incômodos para lideranças da oposição, principalmente do PSDB.
Condução coercitiva
Um dos casos mais emblemáticos dos últimos tempos ocorreu no dia 3 de março. Naquela sexta, o país parou para acompanhar o desfecho da condução coercitiva (forçada) do ex-presidente Lula, pela Polícia Federal, para depor em inquérito da Operação Lava Jato, em São Paulo. A edição do principal noticiário da TV Globo, o Jornal Nacional (JN), foi uma “aula de manipulação da opinião pública”, segundo a jornalista e pesquisadora Bia Barbosa, membro do Coletivo Intervozes.
Ela fez um levantamento completo da edição do jornal neste dia, que teve duração de 1 hora e 20 minutos, muito mais do que os habituais 40 minutos. Segundo os cálculos de Bia, a defesa do ex-presidente teve 13 minutos do total de 1h20. Além disso, ao longo de toda a edição, o JN sequer repercutiu as críticas de diversos juristas e até ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a ilegalidade e abuso na condução forçada do ex-presidente para depor.
Triplex de Paraty
Por causa da cobertura direcionada para atingir Lula, o PT e o governo, movimentos sociais realizaram atos de protesto contra a emissora dos Marinho. Para Bia Barbosa, do Intervozes, a questão-chave é o equilíbrio na cobertura midiática, o que não ocorre no Brasil. “Não se trata aqui de defender o ex-presidente Lula e o PT, tampouco de negar a importância que um fato como este deve ter para os meios de comunicação. Mas o que se espera de uma concessionária do serviço público de radiodifusão, num momento como este, é objetividade – até porque a ‘isenção e imparcialidade’, que [William] Bonner afirma a Globo ter, não existem”, afirma.
No mesmo dia da condução coercitiva do ex-presidente Lula, a Rede Globo foi alvo de manifestação que reuniu mais de duas mil pessoas na porta da emissora, em Brasília. No domingo, o alvo foi a sede da emissora no Rio de Janeiro, em ato que também reuniu milhares de pessoas. No mesmo dia, ativistas ocuparam a faixa de areia em frente a uma mansão em Paraty, construída irregularmente em área de proteção ambiental, e cuja propriedade é atribuída à família Marinho, que nega.
No dia internacional da mulher, mais protestos contra a Globo. Trabalhadoras rurais do MST ocuparam a sede da afiliada global em Goiânia (GO). Elas pregaram cartazes e pintaram paredes e o chão da emissora denunciando a parcialidade da cobertura da emissora contra o ex-presidente Lula e também contra os movimentos sociais.
11/03/2016
http://www.brasildefato.com.br/node/34404
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