Gestão da força de trabalho e capital
- Opinión
"Educar é a capacidade de dar sentido às coisas. Quantas pessoas passam em frente a uma igreja histórica e nem sequer a enxergam? A educação serve para dar conta das novas exigências do trabalho, que é mais intelectualizado e criativo, mas deve servir também para viver bem nas horas em que não se trabalha." (Masi, D.)
1- construindo nossa hipótese de trabalho
Com referência à citação acima, perguntamos: em que tipo de indústria a incorporação do progresso técnico tende a exigir um trabalho mais intelectualizado e criativo? Em que sociedade a classe operária tem realmente ampliado o tempo dedicado ao lazer? Lazer entendido como tempo livre usado criativamente, não contaminado pela racionalidade econômica.
De acordo com a pesquisadora Helena Hirata (1988), seus estudos sobre as transformações que têm ocorrido no mundo do trabalho, na sociedade japonesa, sugerem que a cisão entre trabalho manual e intelectual, bem como a monopolização da ciência pelas elites não são mais necessárias para uma produção eficaz. (25)
Outros pesquisadores, tais como Piore M. J. e Sabei CF.(1984), afirmam que há um movimento geral de "requalificação" do trabalho. O Sistema de Produção Flexível (Craft Production System) que persistia nos antigos distritos industriais do século XIX, depois de transformado em "Mass Production S ystem" (trabalho desqualificado e rígido), ressurge no final deste século com a denominação de Especialização Flexível. (61)
Segundo R. Kaplinsky (1989), a alternativa à crise do modelo fordista de produção em massa é o sistema de produção japonês (Just in Time). Esse sistema possibilita uma transformação na natureza do processo de trabalho: o trabalho torna-se qualificado (multi-skill and multi-task work), a produção passa a ser orientada pela demanda, os estoques são reduzidos e há o controle de qualidade zero-defeito. No JIT, os operários são envolvidos com os melhoramentos técnicos, há uma ampliação da criatividade no chão da fábrica (shop-floor creativity). Em resumo, o sistema produtivo deixa de ser rígido, os trabalhadores tornam-se multifuncionais e a produção, flexibilizada. (62)
É um sistema que realiza a produção em pequena série, simultânea, de produtos diferenciados e variados, possibilitando o que B. Coriat chama de "ganhos de produtividade inéditos, fora dos recursos das economias de escala e da padronização taylorista - fordista", ao que acrescenta "a fábrica é mínima". (12.32)
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- Felipe Luiz Gomes e Silva é Prof. do Depto, de Administração Pública da FCL - UNESP/Araraquara.
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