Contribuição aos debates da Frente Brasil Popular

Uma Alternativa Econômica para o Brasil

07/09/2015
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O debate conjuntural sobre a crise econômica no Brasil e sobre as diferentes formas de enfrentá-la não deve perder de vista o horizonte político-estratégico dos diversos modelos de desenvolvimento que orientam a disputa de hegemonia no país.

 

Os setores populares da sociedade civil organizada necessitam apresentar uma alternativa econômica para o povo brasileiro, que seja capaz de abrir um novo ciclo de desenvolvimento nacional em meio ao cenário desafiador de uma crise econômica global. Essa alternativa, compondo o atendimento de demandas imediatas da população, o enfrentamento das estruturas capitalistas de dominação econômica, política e cultural, deve avançar para a organização de um outro modo de apropriação da riqueza econômica socialmente produzida, um outro modo de produção da riqueza econômica e uma outra formação social, plenamente democráticos, que assegurem as liberdades públicas e privadas éticamente exercidas, que assegurem o bem-viver de todas as pessoas.

 

O presente texto é uma contribuição pessoal a esse debate. Na primeira parte recupero alguns elementos históricos para o entendimento da atual disputa de hegemonia no país. Na segunda apresento uma alternativa para o desenvolvimento sócio-econômico do Brasil, centrada no atendimento do consumo das famílias, a partir do qual se reorganizam as cadeias de produção e comercialização e um sistema de financiamento sob a autogestão de trabalhadores e consumidores.

 

1. Um pouco da história econômica recente e dos projetos políticos em disputa

 

Podemos dizer que o Brasil viveu três diferentes ciclos de hegemonia e de modelos de desenvolvimento a partir de 1964.

 

O primeiro, de 1964 a 1984, foi o da ditadura militar. O modelo de desenvolvimento esteve baseado no endividamento externo e na centralização estatal. Os interesses do capital e sua lógica de concentração foram assegurados de forma autoritária e violenta pelo Estado, impondo um modelo de desenvolvimento tecnocrático por sobre a sociedade. Nesse período, com a integração via satélite do país, se constitui e consolida um quarto poder, o dos meios de comunicação de massa, particularmente o da televisão, cujos canais foram concedidos a empresários alinhados ao sistema, ficando concentrados num pequeno grupo de empresas, integradas em redes nacionais e comandadas a partir do Rio de Janeiro e de São Paulo, buscando formar a opinião pública em torno de objetivos que consolidassem a hegemonia política do regime militar.

 

O segundo ciclo, de 1984 a 2002, foi o do neoliberalismo. O esgotamento do modelo econômico do período anterior, que começa a entrar em crise a partir de 1973, com a elevação internacional do preço do petróleo e o aumento da inflação, leva a uma dupla oposição ao regime.

 

* Documento completo em PDF

https://www.alainet.org/pt/articulo/172225
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