O dia amanheceu e a redução não passou

01/07/2015
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Comemoração contra a redução no Congresso | Foto: Mídia NINJA juventude brasil congresso
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Comemoração contra a redução no Congresso | Foto: Mídia NINJA

 

As imagens da TV Câmara ilustravam um debate inflamado no Congresso Nacional na noite de terça-feira (30), durante a votação do texto da comissão especial da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 171. De um lado, argumentavam deputados favoráveis à redução da maioridade penal e, do outro, aqueles que acreditam que a proposta diminuir a idade penal de 18 para 16 anos não é o melhor caminho, estes seguravam cartazes com os dizeres "redução não é solução" e "menos prisão e mais escola".

 

 

"Hoje eu não falo como deputada, mas como assistente social. Com 30 anos de trabalho nas periferias de São Paulo, eu conheço bem como estes jovens que vivem em uma grande cidade, a mais rica, e nunca tem o auxílio necessário para prevenir a marginalidade dos nossos jovens e adolescentes", discursou com emoção a deputada Luiza Erundina (PSB-SP). "Ninguém nasce bandido, são as condições de vida concretas que fazem isso", completou.

 

Parlamentares favoráveis à redução tentaram apelar para o emocional. A deputada Keiko Ota, também do PSB-SP, falou do assassinato de seu filho, na tentativa de emocionar os parlamentares indecisos. No entanto, o filho dela foi assassinado por policiais militares, como lembraram parlamentares do Psol durante a sessão.

 

O líder da bancada do Partido Progressista (PP), Paulo Maluf (SP), em sua oportunidade de fala, proferiu a célebre frase: "Bandido bom é bandido preso", antes de votar a favor da proposta.

 

Já o deputado Heróclito Fortes (PSB-PI), que um pouco mais cedo havia passado por uma confusão junto à manifestação dos estudantes em frente ao parlamento, disse aprovar os protestos, mas se absteve de votar.

 

Por fim, a votação terminou e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) chamou o painel com os resultados e, enquanto a imagem da TV Câmara ainda focava em seu rosto, um pouco abalado com o resultado, a gritaria se iniciava nos fundos do congresso. Com 303 votos a favor e 184 contra a proposta foi barrada, não chegando ao número mínimo para a aprovação de um PEC (308 votos).

 

Com reclamações de Cunha, os jovens e parlamentares contrários à PEC comemoraram a derrota do projeto, aos gritos de "Pula sai do chão, quem barrou a redução". Do lado de fora, cerca de 2 mil jovens se banharam no espelho d'água do pátio do Congresso, gritando de euforia.

 

Redes

 

Enquanto ocorria a votação e após a mesma, as redes sociais se encheram de comentários. "Não foi fácil e não foi, apenas, uma vitória nossa, dos e das parlamentares de diferentes partidos que defendemos os direitos humanos. Sem a mobilização e pressão social, nós teríamos sido derrotados, e essa é uma lição da qual devemos aprender", afirmou o deputado Jean Wyllis (PSOL-RJ), na sua página oficial do facebook.

 

A União Nacional dos Estudantes (UNE), que se manifestou em peso contra a redução, pode respirar aliviada após as longas horas de protestos. "Essa é uma vitória histórica, vitória de todos", declarou, ainda rouca dos gritos durante os protestos, a presidenta da entidade, Carina Vitral.

 

O movimento 'Amanhecer contra a Redução', que organizou grande parte da luta contra a PEC 171, também teve sua resposta positiva: "A batalha ainda é longa e devemos acumular experiências para os próximos desafios. Voa Juventude!".

 

Cunha ainda procura maneiras de reverter a derrota, uma nova votação poderá ocorrer nesta quarta-feira (01), ou na próxima (08), e também tem a chance de ser realizada em agosto, após o recesso parlamentar.

 

Assim, os movimentos populares já planejam novas movimentações contra a redução, mas, no momento, reverbera a comemoração aliviada da vitória da última noite.

 

01/07/2015

http://www.brasildefato.com.br/node/32358

 

https://www.alainet.org/pt/articulo/170823
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