Afirma fundador da IPS

A prioridade da imprensa livre não deve ser a mesma da mídia comercial

24/03/2015
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Tunis/Tunísia.- A quarta edição do Fórum Mundial de Mídia Livre, que teve a sua abertura onte, (22), na Tunísia, posiciona o espaço como importante instância de articulação e formulação dos ativistas da mídia livre no contexto mundial.

 

 

camarografoA primeira edição aconteceu em 2009, mas a partir de 2013, os ativistas decidiram que nos encontros aprovariam uma Carta Mundial de Mídias Livres, instrumento de consolidação dos objetivos do movimento.

 

Segundo, Bia Barbosa, do Coletivo Intervozes, a carta pretende ser um documento que vai reunir os princípios e reivindicações que garantam a mídia livre no mundo.

 

“O objetivo é ter nessa carta uma ferramenta que vai permitir que, para quem defende esse tipo de comunicação, exista instrumento internacional comum de luta, que cada um vai aplicar na sua realidade”, esclareceu Bia.

 

A pauta vai desde direitos como universalização do acesso à internet, marcos regulatórios democráticos para a comunicação, políticas públicas de incentivo às mídias comunitárias e a garantia da neutralidade da rede até a discussão sobre o que conceito e caracterização da mídia comunitária.

 

“O documento é para quem faz outro tipo de comunicação. A nossa leitura é que quando a gente fala de mídia livre, a gente está falando de um modo de fazer comunicação que visa a transformação social para aumentar a diversidade e pluralidade de vozes”, completou Bia Barbosa.

 

Conceito e características da Mídia Livre

 

 

Mídia LivreRoberto Savio, economista e jornalista fundador da Inter Press Service (IPS), agência internacional de notícias com foco em jornalismo independente e investigativo provocou os ativistas sobre os valores do midialivrismo.

 

“O jornalista tem que saber não ser guiado pelo sistema. A necessidade da existência da mídia livre é de incorporar o projeto de ideal do jornalista, os seus valores. A prioridade da imprensa livre não deve ser a mesma da mídia comercial”, defendeu Savio.

 

O movimento crescente de concentração de propriedade, em que apenas 40 grupos dominam todo o espectro e meios de comunicação no mundo, tem como ‘efeito colateral’ a resistência de ativistas que buscam construir alternativas e buscam também uma articulação no mesmo nível.

 

Em vários países, o midialivrismo tem atuado centralmente nas mobilizações e denúncia de criminalização dos movimentos sociais e esse fator auxilia na própria definição da mídia livre.

 

Para François Soulard, da ONG francesa Traversées, a primeira reflexão que deve ser feita é sobre a identidade da mídia livre; quem é; quem forma esse segmento e com quais princípios. “Qual é a formação que respeita a memória, cultura, história, diversidade e colaboração das diferentes mídias?”, indagou.

 

 

“Temos que ter princípios importantes como preocupação e atenção à informação como instrumento essencial e fundamental para entendermos o mundo e o papel da comunicação como transformação social, assim como o papel das mídias comprometidas com a sociedade no processo contínuo de formação das ideias”, disse François.

 

Esse debate é consequência da consolidação do Fórum, que tem ampliado a sua atuação a cada ano e tem contribuído com os processos de mobilização e também de denúncia de criminalização dos movimentos sociais.

 

 

Essa discussão, ao lado sobre a perspectiva da luta de direitos, permeará a Carta do Fórum que será aprovada no final das atividades, segundo Mohamed Legthas, do E- joussour, portal da sociedade civil do Marrocos. “Ativistas pensaram em elaborar um documentos que definisse a terminologia e um mecanismo para as mídias livres e a necessidade de encontrar o conceito de mídia livre como um movimento comprometido com uma transformação da sociedade”.

 

O temário é polêmico e está longe de ser acabado. Mídia Livre, de acordo com Said Essoulami, do Centre Medi Freedom - Mena, é todo qualquer tipo de mídia, inclusive a comercial, porque o termo justifica essa incorporação.

 

“É importante definir o que é mídia livre e o papel que vai desempenhar os seus atores no sistema de comunicação”, apontou Said.

 

- Ana Flávia Marx, do Barão de Itararé.

 

23 Março 2015

http://www.baraodeitarare.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=854:a-prioridade-da-imprensa-livre-nao-deve-ser-a-mesma-da-midia-comercial-afirma-fundador-da-ips&catid=12&Itemid=185

https://www.alainet.org/pt/articulo/168432
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