A violência e o poder de destruição do capital na amazônia
05/02/2013
- Opinión
Elementos para o entendimento das consequências da inserção e expansão do capitalismo na Amazônia
Aumeri Carlos Bampi
Quem olha de cima, de longe a imensidão da Amazônia e se deixa absorver pela paz que proporciona esta imensidão verde, maravilhosos rios, fauna e flora abundantes e altamente diversas, povos milenares em profunda convivência e cooperação com a natureza, como poderia imaginar que, como dizia Darcy Ribeiro, “a Amazônia, o jardim da terra, o paraíso na terra” está em pleno século XXI sen do corrompido! Como imaginar que tal espaço humano (social) e ecológico se tornaria um palco para tamanha violência, destruição, aniquilação, exploração, onde a terra, a água, o bioma viram mercadorias e os nativos ocupantes são tratados como intrusos e empecilho ao desenvolvimento e onde os migrantes, se quiserem um espaço ao sol devem se tornar capitalistas exploradores, “pisoteando-se uns aos outros, como gado em disparada, numa competição para ver quem bebe água limpa”.
De “terra sem males a terra de males sem fim”! Este é o espaço amazônico quando tomado pelo capitalismo. A reflexão trazida pelo conjunto desta obra exige pensar em profundidade a Amazônia, pois este é o palco, o cenário de uma luta antagônica que pôs em lados opostos Vida X propriedade, biodiversidade X monoculturas, humanos x capital, culturas milenares X cultura do supérfluo, culturas de liberdade X culturas subjugadas, força de transformação X superexploração, existência X produção, pessoas X poderes criminosos, movimentos sociais X crime organizado infiltrado no estado, povos X estado.
Esta obra não é fruto de um intelectual de gabinete, senão o esforço de um migrante, professor-pesquisador atuante, que vivenciou na pele a relação capital X trabalho no contexto da Amazônia matogrossense, o contexto da exploração humana nas madeireiras, a exploração predatória, o desmatamento, a degradação social e ambiental produzida, muito embora socialmente o que se difunde é a maravilha do desenvolvimento e progresso. Tal vivência é o fundamento desta percepção realista da Amazônia que abriga as contradições trazidas pelo sistema capitalista a este território e é muito mais do que apenas uma análise intelectual profunda de um professor e pesquisador universitário, pois chama ao compromisso com a necessidade de mudança desta realidade.
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