Agronegócio reproduz a desigualdade social
12/06/2007
- Opinión
Brasília (DF)
No terceiro dia de debates do 5º Congresso Nacional, sem-terra apontam os impactos no campo e na sociedade da expansão das monoculturas no Brasil
O projeto da classe dominante e os efeitos do agronegócio para a agricultura camponesa. Este foi o tema do debate da manhã desta quarta-feira (13), terceiro dia do 5º Congresso Nacional do MST. Em um verdadeiro “aulão”, a professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Regina Bruno,e o membro da direção nacional do MST João Pedro Stedile refletiram com os 18 mil militantes presentes um projeto de reforma agrária para o Brasil.
Regina Bruno, que faz parte do programa de Pós Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da UFRJ, mostrou que há uma “ambivalência” nas práticas e posturas dos latifundiários. Se por um lado os grandes fazendeiros defendem a modernização da agricultura, usando a tecnologia para o campo, por outro eles se utilizam de métodos atrasados que culminam na exploração do trabalho e na destruição ambiental.
“Eles se dizem a favor do meio ambiente, mas defendem os transgênicos. Possuem uma noção de direito de propriedade sem limite, além de se utilizarem do trabalho precarizado e escravo. Existe uma ideologia senhorial que reforça essa ambivalência de modernidade e atraso”, explicou.
Regina ainda refletiu o conceito de “agronegócio” que, para ela, não é só um simples jargão sobre toda forma de produção e comercialização camponesa. “Agronegócio é uma palavra que está enraizada numa concepção de sociedade, confronto e exploração. Esta palavra designa uma identidade dos latifundiários na sociedade”, disse. A professora ainda considerou como acertada a posição do MST de não fazer nenhum tipo de aliança com esta classe que representa a elite no campo.
No segundo momento, João Pedro Stedile fez um histórico do sistema agrário no Brasil ao recuperar os capitalistas europeus que vieram ao país ainda em 1500, até a mudança de sistema econômico, quando o Brasil adotou o neoliberalismo a partir da década de 90. Stedile afirmou que a reforma agrária, na maior parte dos países que hoje possuem indústria forte, foi realizada como forma de impulsionar a industrialização.
“Nós tivemos três oportunidades de se realizar a reforma agrária no Brasil. Uma, na década de 30, quando o nosso país começava a sua industrialização. Outra na década de 60, quando tivemos a primeira crise do modelo de industrialização e a última em 1985 no período da redemocratização, em que poderíamos ter impulsionado a indústria nacional, mas a burguesia da época, maioria possuidora de terras, negou-se a realizar a reforma agrária”, relatou.
Com o neoliberalismo e a dominação do capital financeiro, Stedile mostrou o casamento que há, com o apoio do Estado brasileiro, entre as grandes transnacionais e os grandes fazendeiros capitalistas. Neste casamento, segundo ele, não há espaço para a agricultura camponesa, pois há interesses divergentes. “Para o camponês, eles colocam três opções: a favela na cidade, as políticas de compensação social, como o Bolsa-Família, ou a integração com as empresas estrangeiras, “o agronegocinho”, explicou.
“Há três formas para se realizar a reforma agrária. Podemos seguir as políticas de assentamento do Incra que não alteram a estrutura de propriedade e produção. Ainda podemos voltar com o sonho de reforma agrária clássica, para suprir a indústria ou derrotamos o neoliberalismo, onde não se basta somente ocupar terras. Precisaremos do povo brasileiro organizado”.
No terceiro dia de debates do 5º Congresso Nacional, sem-terra apontam os impactos no campo e na sociedade da expansão das monoculturas no Brasil
O projeto da classe dominante e os efeitos do agronegócio para a agricultura camponesa. Este foi o tema do debate da manhã desta quarta-feira (13), terceiro dia do 5º Congresso Nacional do MST. Em um verdadeiro “aulão”, a professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Regina Bruno,e o membro da direção nacional do MST João Pedro Stedile refletiram com os 18 mil militantes presentes um projeto de reforma agrária para o Brasil.
Regina Bruno, que faz parte do programa de Pós Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da UFRJ, mostrou que há uma “ambivalência” nas práticas e posturas dos latifundiários. Se por um lado os grandes fazendeiros defendem a modernização da agricultura, usando a tecnologia para o campo, por outro eles se utilizam de métodos atrasados que culminam na exploração do trabalho e na destruição ambiental.
“Eles se dizem a favor do meio ambiente, mas defendem os transgênicos. Possuem uma noção de direito de propriedade sem limite, além de se utilizarem do trabalho precarizado e escravo. Existe uma ideologia senhorial que reforça essa ambivalência de modernidade e atraso”, explicou.
Regina ainda refletiu o conceito de “agronegócio” que, para ela, não é só um simples jargão sobre toda forma de produção e comercialização camponesa. “Agronegócio é uma palavra que está enraizada numa concepção de sociedade, confronto e exploração. Esta palavra designa uma identidade dos latifundiários na sociedade”, disse. A professora ainda considerou como acertada a posição do MST de não fazer nenhum tipo de aliança com esta classe que representa a elite no campo.
No segundo momento, João Pedro Stedile fez um histórico do sistema agrário no Brasil ao recuperar os capitalistas europeus que vieram ao país ainda em 1500, até a mudança de sistema econômico, quando o Brasil adotou o neoliberalismo a partir da década de 90. Stedile afirmou que a reforma agrária, na maior parte dos países que hoje possuem indústria forte, foi realizada como forma de impulsionar a industrialização.
“Nós tivemos três oportunidades de se realizar a reforma agrária no Brasil. Uma, na década de 30, quando o nosso país começava a sua industrialização. Outra na década de 60, quando tivemos a primeira crise do modelo de industrialização e a última em 1985 no período da redemocratização, em que poderíamos ter impulsionado a indústria nacional, mas a burguesia da época, maioria possuidora de terras, negou-se a realizar a reforma agrária”, relatou.
Com o neoliberalismo e a dominação do capital financeiro, Stedile mostrou o casamento que há, com o apoio do Estado brasileiro, entre as grandes transnacionais e os grandes fazendeiros capitalistas. Neste casamento, segundo ele, não há espaço para a agricultura camponesa, pois há interesses divergentes. “Para o camponês, eles colocam três opções: a favela na cidade, as políticas de compensação social, como o Bolsa-Família, ou a integração com as empresas estrangeiras, “o agronegocinho”, explicou.
“Há três formas para se realizar a reforma agrária. Podemos seguir as políticas de assentamento do Incra que não alteram a estrutura de propriedade e produção. Ainda podemos voltar com o sonho de reforma agrária clássica, para suprir a indústria ou derrotamos o neoliberalismo, onde não se basta somente ocupar terras. Precisaremos do povo brasileiro organizado”.
Fonte: Brasil de Fato
http://www.brasildefato.com.br
https://www.alainet.org/pt/articulo/121683
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