Os robôs globais
03/11/2006
- Opinión
Os atores contratados da GLOBO foram proibidos de participar das campanhas eleitorais, sob pena de rompimento de contrato. Um eventual apoio a Alckmin implicaria em vista grossa, afinal a rede estava empenhada em eleger o paulista para a presidência.
Ana Maria Braga, misto de Barbie cinquentona e “meus Deus que horror”, apareceu na segunda-feira, dia seguinte ao do segundo turno, de preto. Vestia luta depois de ter feito todo o esforço possível para tentar derrotar Lula.
Televisão tem dessas coisas e isso é um achado que os donos sabem aproveitar e usar muito bem. Substitui a palavra, o debate e a informação, pela imagem.
A vetusta senhora em questão, Ana Maria Braga (esconjuro sô!), não percebeu e isso não tem imagem que dê jeito, que aqueles pratos maravilhosos e fantásticos que apronta por lá, são um contraste com o quadro de dificuldades do trabalhador brasileiro. Com o jerimum de cada dia.
Aquilo é muito bom para a classe média que acredita piamente que fazendo curso de culinária em supermercado, oferta dos produtos tais, com direito à presença da veneranda apresentadora de tevê, vira "chef de cuisine". Aí, domingo, é só juntar os amigos e mostrar o conhecimento.
Segunda-feira é diarréia na certa. Mental também. Mas isso não conta, a mental é permanente, é só ligar o botão da tevê. Stanislaw Ponte Preta já dizia: “o melhor da televisão é o botão de desligar”.
Uma das razões pouco comentada do golpe de 1964 foi a decisão do então presidente João Goulart de criar rádios que hoje chamamos de comunitárias. Jango pretendia e chegou a assinar decreto nesse sentido, dar concessões de canais de rádio e tevê a sindicatos e organizações do movimento social.
Negócio do JORNAL NACIONAL agora são os aeroportos e o caos por conta do problema com os controladores de vôo. Um malabarismo dos diabos que a emissora vem fazendo.
É mais ou menos o seguinte: os controladores são poucos em relação às necessidades operacionais de um setor que além de estratégico é vital para a segurança do tráfego aéreo. Logo, trabalham além do limite e, evidente, numa atividade em que o nível de responsabilidade, stress evidente, é altíssimo, é o tal do trabalho sob pressão constante.
As investigações feitas pela Aeronáutica mostram que o piloto do Legacy recebeu autorização da torre de São Paulo para permanecer na altitude e rota que estava. Cai por terra, pelo menos até que se prove o contrário, que o avião estava em atitude e rota não permitidas.
Os controladores, óbvio, reagiram. A falha da torre matou mais de cento e cinqüenta pessoas. Num dado momento tudo convergia para culpá-los. No caso, a turma de baixo, ou o garçom da “Ópera do Malandro”.
O movimento dos controladores é de protesto contra as condições de trabalho, contra o número reduzido de profissionais do setor.
A GLOBO o que faz? Insinua, mas desmente que seja isso, sabendo que é isso. Não pode falar abertamente pois contrariaria, em tese, a Aeronáutica e os Marinhos sofrem de “faniquito de farda”. Não podem ver uma que têm múltiplos orgasmos aos gritos de Herr Médice. Ou “Hitler é Deus e Pinochet o seu profeta”.
Tem que atender à turma que está preocupada com as compras em Paris, o sossego em, Coté D’Azur, o jogo em Mônaco e vai por aí afora. Tem que fazer média com a turma que vai para Fortaleza, Maceió, etc, etc. Tem que noticiar o fato, mostrar, do contrário, já abalada em sua credibilidade com a mentirada do processo eleitoral, acaba desacreditada totalmente.
E aí? Aí que sugere movimento dos controladores, nega movimento dos controladores, mostra o mundo de gente esperando. Escuta o cara que está doze horas atrasado no seu embarque, como se fosse o único. Exacerba os dramas de quem perdeu negócios, tomou prejuízos (sempre os negócios), anuncia que vão ser contratados novos controladores, fala em controle civil da aviação comercial (é complicado isso, um setor de segurança muito importante para cair em mãos de empresários – empresários não têm pátria e nem mãe).
Ou seja, muita imagem e nem contra e nem a favor, afinal estão lá empresas que anunciam, muito antes pelo contrário. Se no final sobrar uma privatização e um lucrinho tudo bem. Do contrário “cumpriu o dever” de informar o bando de Homer Simpson que assiste o JORNAL NACIONAL, enquanto espera a novela.
Ana Maria Braga de luto, num tailleur certinho, bem cortadinho, é fogo. Se der um furo na cabeça sai vento.
Ana Maria Braga, misto de Barbie cinquentona e “meus Deus que horror”, apareceu na segunda-feira, dia seguinte ao do segundo turno, de preto. Vestia luta depois de ter feito todo o esforço possível para tentar derrotar Lula.
Televisão tem dessas coisas e isso é um achado que os donos sabem aproveitar e usar muito bem. Substitui a palavra, o debate e a informação, pela imagem.
A vetusta senhora em questão, Ana Maria Braga (esconjuro sô!), não percebeu e isso não tem imagem que dê jeito, que aqueles pratos maravilhosos e fantásticos que apronta por lá, são um contraste com o quadro de dificuldades do trabalhador brasileiro. Com o jerimum de cada dia.
Aquilo é muito bom para a classe média que acredita piamente que fazendo curso de culinária em supermercado, oferta dos produtos tais, com direito à presença da veneranda apresentadora de tevê, vira "chef de cuisine". Aí, domingo, é só juntar os amigos e mostrar o conhecimento.
Segunda-feira é diarréia na certa. Mental também. Mas isso não conta, a mental é permanente, é só ligar o botão da tevê. Stanislaw Ponte Preta já dizia: “o melhor da televisão é o botão de desligar”.
Uma das razões pouco comentada do golpe de 1964 foi a decisão do então presidente João Goulart de criar rádios que hoje chamamos de comunitárias. Jango pretendia e chegou a assinar decreto nesse sentido, dar concessões de canais de rádio e tevê a sindicatos e organizações do movimento social.
Negócio do JORNAL NACIONAL agora são os aeroportos e o caos por conta do problema com os controladores de vôo. Um malabarismo dos diabos que a emissora vem fazendo.
É mais ou menos o seguinte: os controladores são poucos em relação às necessidades operacionais de um setor que além de estratégico é vital para a segurança do tráfego aéreo. Logo, trabalham além do limite e, evidente, numa atividade em que o nível de responsabilidade, stress evidente, é altíssimo, é o tal do trabalho sob pressão constante.
As investigações feitas pela Aeronáutica mostram que o piloto do Legacy recebeu autorização da torre de São Paulo para permanecer na altitude e rota que estava. Cai por terra, pelo menos até que se prove o contrário, que o avião estava em atitude e rota não permitidas.
Os controladores, óbvio, reagiram. A falha da torre matou mais de cento e cinqüenta pessoas. Num dado momento tudo convergia para culpá-los. No caso, a turma de baixo, ou o garçom da “Ópera do Malandro”.
O movimento dos controladores é de protesto contra as condições de trabalho, contra o número reduzido de profissionais do setor.
A GLOBO o que faz? Insinua, mas desmente que seja isso, sabendo que é isso. Não pode falar abertamente pois contrariaria, em tese, a Aeronáutica e os Marinhos sofrem de “faniquito de farda”. Não podem ver uma que têm múltiplos orgasmos aos gritos de Herr Médice. Ou “Hitler é Deus e Pinochet o seu profeta”.
Tem que atender à turma que está preocupada com as compras em Paris, o sossego em, Coté D’Azur, o jogo em Mônaco e vai por aí afora. Tem que fazer média com a turma que vai para Fortaleza, Maceió, etc, etc. Tem que noticiar o fato, mostrar, do contrário, já abalada em sua credibilidade com a mentirada do processo eleitoral, acaba desacreditada totalmente.
E aí? Aí que sugere movimento dos controladores, nega movimento dos controladores, mostra o mundo de gente esperando. Escuta o cara que está doze horas atrasado no seu embarque, como se fosse o único. Exacerba os dramas de quem perdeu negócios, tomou prejuízos (sempre os negócios), anuncia que vão ser contratados novos controladores, fala em controle civil da aviação comercial (é complicado isso, um setor de segurança muito importante para cair em mãos de empresários – empresários não têm pátria e nem mãe).
Ou seja, muita imagem e nem contra e nem a favor, afinal estão lá empresas que anunciam, muito antes pelo contrário. Se no final sobrar uma privatização e um lucrinho tudo bem. Do contrário “cumpriu o dever” de informar o bando de Homer Simpson que assiste o JORNAL NACIONAL, enquanto espera a novela.
Ana Maria Braga de luto, num tailleur certinho, bem cortadinho, é fogo. Se der um furo na cabeça sai vento.
https://www.alainet.org/pt/articulo/117998
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