Bem-aventuranças do poder

14/06/2004
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Bem-aventurados os que governam para que todos tenham pão, paz e prazer, e transmutam antigas estruturas na multiplicação da fartura; Bem-aventurados os que governam com o coração, livres de maquiavelismos e macabras intenções, servidores públicos de anseios, direitos e utopias; Bem-aventurados os que governam sob a arte de saber ouvir e assinam decretos e decisões sem tingir o papel de sangue; Bem-aventurados os que governam conspirando a favor da maioria, sonegando aos poderosos privilégios e honrarias; Bem-aventurados os que governam para o bem comum, indiferentes à própria imagem e felizes com a ira dos inimigos do povo; Bem-aventurados os que governam em equipe e fazem da política um grande mutirão democrático; Bem-aventurados os que governam deixando-se governar pela população, inabaláveis diante das pressões dos oligopólios e das corporações da ganância; Bem-aventurados os que governam em favor da vida, coibindo violências e reduzindo desigualdades; Bem-aventurados os que governam impregnados dos princípios evangélicos, boca e atos num único beijo; Bem-aventurados os que governam em prol dos direitos humanos, destituídosda lógica perversa que traz o dinheiro público num cofre cujo segredo os pobres jamais descobrem; Bem-aventurados os que governam sem apego ao poder, fazendo da própria vida sacramento do serviço ao próximo, sobretudo aos mais necessitados. Eis que eles estarão salvos, nesta vida, do purgatório dos medíocres, do inferno dos corruptos e do céu daqueles que cobrem de louvores os assassinos do povo. * Este texto consta do livro "Tipicos Tipos" (Ed. A Girafa), o mais recente lançamento de Frei Betto.
https://www.alainet.org/pt/articulo/110088
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