Recursos humanos

03/09/2003
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Uma empresa não pode ignorar a conjuntura social e histórica em que se situa. Como uma família, ela deve possuir um código de ética. Uma empresa não tem o direito de tratar seus funcionários como escravos, exigindo-lhes riscos de vida ou horas- extras excessivas e, por vezes, sem remuneração adequada. O empresário que vampirescamente suga todas as energias físicas, psíquicas e intelectuais de seus empregados, cava a própria cova. É provável que os funcionários se vinguem por outros meios ao alcance deles, como prejudicar a qualidade do produto e do atendimento ao público, ou retirar clandestinamente da empresa certos objetos. Quem de nós não gosta de ser bem atendido num posto de gasolina ou no supermercado? E de nada adianta o nariz empinado de quem, ao dar-se conta de furtos, julga que as classes subalternas não são confiáveis. O empregado que engana o patrão está apenas reproduzindo o patrão que engana o fisco e a legislação, e até mesmo o consumidor, quando introduz em seus produtos substâncias nocivas à saúde humana. Uma empresa convencida de sua responsabilidade social não se restringe a cumprir rigorosamente as leis trabalhistas. Ela avança na direção de constituir-se numa comunidade. Não se trata aqui daquela concepção de reengenharia que, além de querer que o funcionário vista a camisa da empresa, pretende também que ele vista a peleŠ Trata-se de criar, dentro da empresa, espaços e métodos de crítica e autocrítica, de modo que todos possam ter liberdade de opinar sem medo de desagradar o patrão. O maior capital de uma empresa são seus recursos humanos. Pena que muitas não sabem poupá-lo e multiplicá-lo. * Frei Betto é autor de "Hotel Brasil"
https://www.alainet.org/pt/articulo/108304
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