Prisões Doentes
10/06/2003
- Opinión
As prisões contemporâneas têm se tornado não apenas escolas
do crime, mas também fábricas que multiplicam os problemas de
saúde. Um dado assustados das prisões norte-americanas: de 9
milhões de pessoas detidas e liberadas em 2002, mais de um
milhão e 300 mil saíram como portadores do virus da hepatite
C, 137 mil estavam contaminados pelo virus da Aids e 12 mil
tinham pego tuberculose. Esses dados, revelados pela Comissão
Nacional sobre Saúde Penitenciária dos EUA – e publicados
pelo Le Monde Diplomatique de junho -, representam
respectivamente 29%, 13% a 17% e 35% do número total de
norte-americanos afetados por essas doenças.
Os presos nos EUA, com a histeria das políticas de tolerância
zero – isto é, de absoluta intolerância -, fizeram com que,
durante o governo Clinton, a população carcerária norte-
americana se multiplicasse por dois, passando de um a dois
milhões de pessoas. É a mais alta do mundo, em termos
absolutos e também relativos – 686 presos por 100 mil
habitantes. (No Brasil, o número oficial é de 240 mil
presos, 137 por 100 mil habitantes.) Essa "epidemia de
aprisionamento" – como se refere a ela o Le Monde
Diplomatique – produziu uma incubação maciça de doenças
infecciosas nos centros de detenção.
O uso de drogas, a prostituição, a violência sexual – tudo
leva à multiplicação e ao descontrole das doenças. Ao mesmo
tempo, seringas, camisinhas, não são de uso corrente,
faltando até mesmo água para a higiene básica dos presos.
Além disso, a tatuagem e o piercing também tornam-se
transmissores de Aids e de hepatite.
O que é mais dramático é que, apesar disso tudo, pela
retração dos serviços públicos de saúde nas duas últimas
décadas nos EUA, as prisões se tornaram agências públicas de
primeiros socorros. No entanto, médicos punidos por erros ou
por incapacidade profissional, seguem trabalhando nas
prisões.
Porque atualmente nos EUA, fora das prisões, 41 milhões de
pessoas não têm cobertura médica e outros 71,5 milhões estão
parcialmente – isto é, uma parte do ano – sem essa cobertura.
Ruim dentro, pior ainda fora.
https://www.alainet.org/pt/articulo/107670
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