Mutirão das empresas públicas

29/05/2003
  • Español
  • English
  • Français
  • Deutsch
  • Português
  • Opinión
-A +A
As empresas públicas, mantidas pelo contribuinte, apresentaram ao presidente Lula, em 29 de abril, seus projetos de ação no Fome Zero. Mobilizadas pelo COEP (Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida), mais de trinta empresas somam-se ao mutirão contra a fome. Neste ano, elas investirão cerca de R$ 90 milhões, beneficiando aproximadamente 1,5 milhão de pessoas carentes. Seria exaustivo elencar todos os compromissos das empresas públicas para os próximos 4 anos, reunidos em dois volumes de mais de 300 páginas cada um. Do que se prevê para este ano, merecem destaque alguns exemplos de responsabilidade social e de resposta ao apelo presidencial à prioridade de seu governo ­ assegurar a cada brasileiro(a) alimentos em quantidade e qualidade suficientes. A Caixa Econômica Federal fez de cada uma de suas agências um ponto de coleta de alimentos não perecíveis, bem como se dispôs a repassar os R$ 50 do cartão alimentação a cada família beneficiária do programa. O Banco do Brasil repassará 50% da taxa de administração do fundo BB- DI Básico para iniciativas de gestão emprendedora e qualificação profissional. Em 2003, serão 50 mil pessoas beneficiadas por cerca de R$ 900 mil. O Programa de Redução da Pobreza pela Exportação favorecerá, em 2003, 60 mil pessoas em comunidades carentes. Cerca de 10 mil empregos temporários serão abertos nos 18 eventos esportivos e nos 16 culturais patrocinados este ano pelo BB. E 20% da bilheteria dos Centros Culturais irá para o Fome Zero. Além de grande investimento em recursos hídricos no semi-árido nordestino, a Petrobras apoiará 400 hortas comunitárias (em 4 anos), criará 20 fazendas marinhas e 116 cooperativas, destinará R$ 36 milhões para os Fundos Municipais da Criança e da Adolescência, e dará preferência aos projetos sociais priorizados pelo Fome Zero. A Eletrobrás destinará R$ 13 milhões à produção de alimentos e apoio à piscicultura em áreas vizinhas às suas instalações; favorecerá as comunidades quilombolas e atingidas por barragens; e estenderá o uso do biodiesel a comunidades carentes do Norte do país, bem como a energia solar ao semi-árido nordestino. Furnas investirá R$ 2,3 milhões para hortas comunitárias, produção de peixes em reservatórios, cooperativas de produção, estímulo à contratação de cooperativas de prestadores de serviços e capacitará 5 mil jovens em eletricidade, construção civil, mecânica, jardinagem, solda e eletrônica. O Banco do Nordeste elencou 29 ações destinadas a ampliar o apoio à agricultura familiar; a Finep implementará 10 incubadoras de cooperativas populares; a Fiocruz desenvolverá 84 iniciativas, entre as quais o curso à distância de vigilância alimentar nutricional; o Serpro implantará quiosques para favorecer às comunidades carentes o acesso à Internet; Itaipu, entre suas 14 propostas, destinará ao Fome Zero os recursos provenientes da cobrança da visitação às suas instalações; a Chesf investirá R$ 10 milhões em vários projetos, entre os quais distribuir a comunidades de baixa renda os produtos das unidades experimentais do Programa Xingó (peixes, ovos, aves, caprinos, doces, rapadura e mel). A Infraero ampliará os 33 projetos do programa Aeroportos Solidários, disponibilizará espaço para a instalação de totens informativos do Fome Zero; o Incra promoverá a distribuição emergencial de alimentos a famílias sem-terra; os Correios receberão alimentos doados em suas agências, bem como facultarão a sua capilaridade nacional em prol do êxito do combate à fome; a Embrapa desenvolverá projetos de convivência com a seca e, em parceria com os Correios, distribuirá sementes; a Eletrosul destinará R$ 850 mil a 20 projetos centrados nos quatro estados onde atua (RS, SC, PR e MS); a Eletronuclear investirá na maricultura na Baía de Ilha Grande e no desenvolvimento sustentável das comunidades Guarani. A CGTEE (Cia de Geração Térmica de Energia Elétrica) gerará emprego e renda através da produção de tijolos em cinzacal, favorecendo a construção de moradias populares; a Acerp (Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto) centralizará a programação de suas emissoras nos objetivos do Fome Zero e adotará uma comunidade que sobrevive do lixão. O Banco Central fortalecerá as cooperativas de crédito nos municípios priorizados pelo Fome Zero, bem como aprimorará as redes de microcrédito; a Eletronorte incentivará o cooperativismo voltado à criação de peixes em reservatório e apoiará comunidades indígenas em estado de insegurança alimentar; o IBGE aportará ao programa informações estatísticas; a Funai fomentará atividades vinculadas ao extrativismo de recursos naturais e agroindustriais de pequeno porte em áreas indígenas; a Cepel arrecadará alimentos e fará campanhas contra o desperdício; o IPEA elaborará pesquisas e estudos para aprimorar o programa. A Dataprev desenvolverá projetos de inclusão digital; a Conab atenderá às famílias de acampados sem-terra e populações de quilombolas; a Fenabb promoverá alfabetização de jovens e adultos e campanhas de arrecadação de alimentos para o Fome Zero. O Ceplac investirá no Plano da Lavoura Cacaueira; o INSS desenvolverá um programa de apoio ao trabalho voluntário, visando mobilizar 3.200 funcionários; o BNDES centralizará no Fome Zero o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), bem como o programa de microfinanças, gerido por trabalhadores. Os COEP estaduais implementarão, por sua vez, uma séria de outras iniciativas, com destaque para as de geração de trabalho e renda. Em apoio ao Mutirão Nacional Contra a Fome, estarão mobilizando mais de 700 organizações, em 26 estados. O COEP dispõe de um Banco de Projetos Sociais, com mais de 650 projetos. Vale a pena acessá-lo: www.coepbrasil.org.br * Frei Betto é escritor, assessor especial do presidente da República e coordenador, com Oded Grajew, da Mobilização Social do Fome Zero.
https://www.alainet.org/pt/articulo/107615
Subscrever America Latina en Movimiento - RSS