MST inaugura Escola Nacional Florestan Fernandes

19/01/2005
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Localizada perto de São Paulo, ela pretende proporcionar a trabalhadores rurais do Brasil, alfabetização e formação técnica O MST inaugura neste domingo, no município de Guararema SP, seu mais ambicioso projeto de educação: a construção da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF). Trata-se de uma escola de capacitação técnica e de formação de trabalhadores rurais. Seu objetivo é proporcionar a jovens, mulheres e homens do meio rural educação voltada para a realidade do campo, tendo em vista a diversidade cultural do país. A ENFF destina-se a assentados e integrantes de movimentos sociais. A grande diferença das demais escolas é que, após passar pela Florestan Fernandes, os alunos voltam para a sua comunidade rural e utilizam na prática o que aprenderam no banco escolar. A experiência na área de educação não é nova para o MST. Desde 1984, o movimento se preocupa e realiza projetos nessa área. Ao longo de sua história, construiu 1500 escolas públicas em assentamentos e acampamentos, educou 160 mil crianças e adolescentes e formou mais de 4 mil educadores. O movimento orgulha- se de ter alfabetizado, só entre 2003 e 2004, 58 mil jovens e adultos trabalhadores rurais. Na ENFF, são oferecidos há quatro anos cursos ministrados pelo Instituto Técnico de Pesquisa e Reforma Agrária (Iterra), registrado no MEC. Além disso, o MST também mantém convênios com universidades federais e estaduais como UNICAMP (curso de realidade brasileira), UERJ (teorias sociais), UFMG (realidade latino-americana) e UFPB (História) Entre os cursos programados para a ENFF constam administração cooperativista, pedagogia da terra, saúde comunitária, planejamento agrícola, técnicas agroindustriais e outros cursos de nível médio. Os professores que lecionam na escola trabalham nas universidades conveniadas e escolas técnicas. Também contribuem no sistema educacional do movimento amigos e simpatizantes do MST. Quase todos eles trabalham de maneira voluntária. As obras da ENFF foram iniciadas em 2000. Os trabalhadores do movimento que ajudaram a construí-la passaram por cursos de alfabetização e supletivos ao longo da obra. A escola foi construída por assentados. Organizados em brigadas, esses trabalhadores ficavam cerca de 60 dias trabalhando na construção da Escola. Em seguida, voltavam para seus Estados e davam lugar para uma nova brigada. Ao retornar, esses trabalhadores puderam utilizar os ensinamentos aprendidos na Escola para contribuir e melhorar a qualidade de seus assentamentos e acampamentos. Toda a ENFF foi construída com tijolos de solo-cimento, fabricados na própria escola. Além de serem mais resistentes, fáceis de assentar e dispensarem reboco, contribuem para diminuir a quantidade de ferro, aço e cimento na obra. Ao final, acabam gerando uma economia de 30% a 50% em relação a uma edificação tradicional. Os tijolos também dispensam o uso de fornalhas. Eles são levados para secar ao ar livre, evitando, assim, a queima de madeira. Esse tipo de manejo atende a um princípio fundamental para o MST: preservar e saber utilizar racionalmente os recursos naturais. Contribuíram financeiramente para a construção da ENFF, personalidades, organizações não governamentais internacionais e doadores. Sebastião Salgado, José Saramago e Chico Buarque fizeram campanhas que possibilitaram a compra do terreno. ONGs como a FDH (França) - que também financia projetos sociais na África, Ásia e América Latina - e a Cáritas (Alemanha), que defende e promove os direitos de populações em situação de exclusão social em todo o planeta, propiciaram recursos para a obra. Além disso, houve doações de amigos do movimento. O projeto arquitetônico ficou por conta de Lílian Lubochinski. A empresa Integra - cooperativa de trabalho interdisciplinar - foi responsável pela Engenharia da Escola. O custo total do projeto foi de US$ 1,3 milhão. Para a inauguração estão confirmadas as presenças dos ministros Tarso Genro (Educação), Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), José Fritsch (Pesca) e do presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) Rolf Hackbart.
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