Resultado eleitoral revela vitória relativa de Rafael Correa no Equador

27/02/2014
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As recentes eleições municipais no Equador significaram uma vitória em termos relativos para o governo de Rafael Correa: Enquanto o Aliança País e os seus aliados conquistaram nove prefeituras, aumentando seu domínio nas mesmas com relação à eleição de 2009, os candidatos da Revolução Cidadã perderam nas três principais cidades do país: Quito, Guayaquil e Cuenca. A quê se atribui este resultado em grandes cidades do país? Por que, em geral, a esquerda e os progressistas têm tanta dificuldade nestas cidades no nosso continente?
 
Correa teve uma admirável honestidade na coletiva de imprensa onde, na mesma noite de domingo (23), explicou sua opinião sobre os resultados. Ali, com humildade, afirmou que “Quito é um importante revés para a Revolução Cidadã, porque tem a ver com a estabilidade. Isso tem que nos levar à reflexão de quais erros foram cometidos pela Aliança País”. A estabilidade de que fala Correa se refere à construção – interna e externa – de um candidato como Maurício Rodas, expoente da “nova direita” latino-americana que, da prefeitura de Quito continuará apostando por unificar a oposição conservadora ao governo de Correa, na tentativa de despontar como um “Henrique Capriles” equatoriano.
 
Contra que outras coisas Correa falou? Contra a possibilidade de “dormir no ponto”, – Aliança País vinha de um contundente triunfo nas presidenciais de 2013 – mas além disso, contra um possível vício que adverte, e que tem gerado muita dor de cabeça à esquerda e ao progressismo em nosso continente em nível histórico: o sectarismo. O presidente equatoriano se refere à impossibilidade de ter alcançado uma aliança anterior às eleições municipais com o Avança, partido liderado por seu próprio ministro da Indústria, Ramiro Gonzalez, que venceu em 30 municípios e uma província. Um dado adicional mostra significativamente o erro a que se refere Correa: Aliança País e Avança são aliados na Assembleia Nacional, mas não chegaram a acordo para estas eleições, dividindo votos e favorecendo, desta forma, a terceiros.
 
Neste ponto, surge uma pergunta que podemos “generalizar” para a maior parte dos governos pós-neoliberais: por que os candidatos do governo geralmente vencem na votação geral, mas não conseguem vitórias nas principais cidades? Estes reveses nos grandes municípios, na contramão da tendência nacional, é um fenômeno que tem ocorrido – em maior ou menor medida – em todos estes países, e que merece, tal como o próprio Correa fez, uma reflexão profunda. É precisamente a partir dessas cidades de onde saem os expoentes desta “nova direita” que ameaça os principais processos de mudança social na América Latina. O estudo sistemático desta tendência tem uma urgência dada pelos próprios fatos.
 
O desafio para o Aliança País será responder concretamente a esta nova etapa da Revolução Cidadã. Uma revisão integral dos problemas de gestão e uma nova política de alianças será crucial para que a “agitação” de domingo passado possa terminar fortalecimento a Revolução Cidadã. O aparecimento de Rodas como um possível aglutinador da oposição conservadora equatoriana e o dado novo surgido da eleição, e que também deverá ser processado pelo Aliança País neste novo momento político que se abre no Equador. Para que a vitória relativa do domingo não seja consumada em uma futura derrota, o governo deverá dar conta da nova realidade que se abriu. Aparentemente, pela fala do próprio Correa, há grandes chances de isso acontecer.  (Traducción al portugués de Vanessa Martina Silva)
 
- Juan Manuel Karg é licenciado em Ciência Política na Universidade de Buenos Aires. Pesquisador do Centro Cultural da Cooperação de Buenos Aires.
 
 
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