Apoiar Joaquim Barbosa foi das coisas mais baixas que FHC fez em sua vida
22/11/2013
- Opinión
Não sei o que é pior no martírio de Genoíno: o silêncio de Lula ou a voz de Fernando Henrique.
Se Lula acha que basta dizer, privadamente, que está com Genoino, comete um grande engano.
Há situações que exigem bravura, e até o risco que a audácia traz sempre, e esta é uma delas.
Genoíno não pode ser triturado física e mentalmente sem que Lula se manifeste claramente em sua defesa.
Lula vai esperar que Genoíno morra para berrar sua solidariedade a um companheiro de tantas jornadas? Vai deixar que os carrascos liderados por Joaquim Barbosa comandem os acontecimentos e submetam Genoíno a uma tortura ainda mais infame que a que ele sofreu na ditadura?
Repito: ainda mais infame, porque teoricamente vivemos hoje uma democracia. E é essa democracia que vai matando Genoíno sob a omissão de tantos, e mais que todos Lula.
Não é um espetáculo edificante a falta de palavras de Lula, decerto. De certa forma, ela está no mesmo patamar das abjetas declarações de Fernando Henrique Cardoso sobre o deprimente espetáculo das prisões dos reus do Mensalão.
A quem FHC pensa que engana com aquela conversa de virgem num lupanar? Apoiar a brutalidade de Joaquim Barbosa foi uma das coisas mais baixas que FHC fez em sua vida política.
Octogenário, esperto, FHC não tem o direito de achar que alguém possa acreditar, como ele disse, que a Constituição foi defendida com as prisões.
Ora, FHC comprou a Constituição em 1997 para poder se reeleger. Como contou à Folha na época um certo “Senhor X” – que até os mortos do cemitério de Brasília sabiam tratar-se do deputado Narciso Mendes, do Acre – sacolas com 200 mil reais (530 mil, em dinheiro de hoje) foram distribuídas a parlamentares para que a Constituição fosse alterada.
Os detalhes oscilam entre a comédia e a tragédia, como contou Mendes. Os parlamentarem tinham recebido um cheque, como garantia. Comprovado o voto, os cheques foram rasgados e trocados por sacolas cheias de dinheiro, como numa cena de Breaking Bad, a grande série em que um professor de química com os dias contados vira um traficante de metanfetamina para garantir o futuro da família.
E sendo isso de conhecimento amplo, geral e irrestrito FHC defende, aspas, a Constituição que ele comprou há 16 anos?
FHC, no fim de sua jornada, lamentavelmente vai se tornando parecido com o sinistro Carlos Lacerda, o homem – ou o Corvo, como era conhecido -- que esteve por trás da morte de Getúlio e da deposição de Jango.
FHC, em nome sabe-se lá do que, se presta hoje a fazer o jogo de uma direita predadora que, à míngua histórica de votos, faz uso indecente de “campanhas contra a corrupção” para derrubar administrações populares.
Sêneca, numa de suas passagens mais inspiradas, disse o seguinte: “Quando lembro de certas coisas que disse, tenho inveja dos mudos”.
É uma passagem que se aplica perfeitamente a FHC.
Espremido entre a loquacidade falaz de um ex-presidente e o silêncio inexpugnável de outro, Genoíno vai vivendo seu martírio – o segundo numa vida só, o primeiro na ditadura, este nessa estranha democracia.
Se Lula acha que basta dizer, privadamente, que está com Genoino, comete um grande engano.
Há situações que exigem bravura, e até o risco que a audácia traz sempre, e esta é uma delas.
Genoíno não pode ser triturado física e mentalmente sem que Lula se manifeste claramente em sua defesa.
Lula vai esperar que Genoíno morra para berrar sua solidariedade a um companheiro de tantas jornadas? Vai deixar que os carrascos liderados por Joaquim Barbosa comandem os acontecimentos e submetam Genoíno a uma tortura ainda mais infame que a que ele sofreu na ditadura?
Repito: ainda mais infame, porque teoricamente vivemos hoje uma democracia. E é essa democracia que vai matando Genoíno sob a omissão de tantos, e mais que todos Lula.
Não é um espetáculo edificante a falta de palavras de Lula, decerto. De certa forma, ela está no mesmo patamar das abjetas declarações de Fernando Henrique Cardoso sobre o deprimente espetáculo das prisões dos reus do Mensalão.
A quem FHC pensa que engana com aquela conversa de virgem num lupanar? Apoiar a brutalidade de Joaquim Barbosa foi uma das coisas mais baixas que FHC fez em sua vida política.
Octogenário, esperto, FHC não tem o direito de achar que alguém possa acreditar, como ele disse, que a Constituição foi defendida com as prisões.
Ora, FHC comprou a Constituição em 1997 para poder se reeleger. Como contou à Folha na época um certo “Senhor X” – que até os mortos do cemitério de Brasília sabiam tratar-se do deputado Narciso Mendes, do Acre – sacolas com 200 mil reais (530 mil, em dinheiro de hoje) foram distribuídas a parlamentares para que a Constituição fosse alterada.
Os detalhes oscilam entre a comédia e a tragédia, como contou Mendes. Os parlamentarem tinham recebido um cheque, como garantia. Comprovado o voto, os cheques foram rasgados e trocados por sacolas cheias de dinheiro, como numa cena de Breaking Bad, a grande série em que um professor de química com os dias contados vira um traficante de metanfetamina para garantir o futuro da família.
E sendo isso de conhecimento amplo, geral e irrestrito FHC defende, aspas, a Constituição que ele comprou há 16 anos?
FHC, no fim de sua jornada, lamentavelmente vai se tornando parecido com o sinistro Carlos Lacerda, o homem – ou o Corvo, como era conhecido -- que esteve por trás da morte de Getúlio e da deposição de Jango.
FHC, em nome sabe-se lá do que, se presta hoje a fazer o jogo de uma direita predadora que, à míngua histórica de votos, faz uso indecente de “campanhas contra a corrupção” para derrubar administrações populares.
Sêneca, numa de suas passagens mais inspiradas, disse o seguinte: “Quando lembro de certas coisas que disse, tenho inveja dos mudos”.
É uma passagem que se aplica perfeitamente a FHC.
Espremido entre a loquacidade falaz de um ex-presidente e o silêncio inexpugnável de outro, Genoíno vai vivendo seu martírio – o segundo numa vida só, o primeiro na ditadura, este nessa estranha democracia.
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