Ataque de golpistas contra manifestantes pró-Zelaya deixa dois mortos e 30 feridos

21/09/2009
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A embaixada brasileira se encontra cercada por militares e atiradores de elite. Corte do fornecimento de água, luz e telefone do prédio aumentam o clima de tensão na embaixada.
 
A polícia hondurenha começou na manhã desta terça-feira (22) ações repressivas contra milhares de pessoas que se encontravam ao redor da embaixada do Brasil em Tegucigalpa, para onde o legítimo presidente de Honduras, Manuel Zelaya, retornou nesta segunda-feira de surpresa .
 
Segundo informe da Via Campesina, confirmado pela Agência EFE, a repressão contra os distúrbios resultaram em duas mortes e pelo menos 30 feridos. Por causa dos confrontos, todo o comércio e estabelecimentos públicos estão fechados em Tegucigalpa. A embaixada brasileira se encontra cercada por militares e atiradores de elite. Além disso, o governo golpista cortou o fornecimento de água, luz e telefone do prédio da embaixada brasileira, o que aumenta o clima de tensão. De Nova York, o presidente brasileiro advertiu ao governo golpista que respeite a imunidade da embaixada. "Nós esperamos que os golpistas não entrem na embaixada brasileira", enfatizou.
 
A correspondente em Honduras da TeleSUR, Adriana Sivori, disse que as Forças Militares estavam localizadas nas proximidades da embaixada para cumprir as ordens de limpar a área. A repressão aconteceu durante o toque de recolher imposto pelo governo golpista, liderado por Roberto Micheletti, que começou às 16h, hora local, desta segunda, e segue até às 18h desta terça-feira. Segundo a repórter, após a repressão cerca de 25 homens mantêm o cerco à área, e relatou vários feridos e detenções.
 
A ação policial também se estendeu ao fechamento de quatro aeroportos internacionais de Honduras, após o regresso de Zelaya, a fim de que o Secretário-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, não entre no país .Com isso, o o chefe da agência adiou a viagem prevista para o país centroamericano depois desta decisão de Micheletti.
 
Manuel Zelaya voltou para Tegucigalpa na segunda-feira, 86 dias depois do golpe realizado em junho. Ele permanece na embaixada do Brasil criando as condições para o diálogo com os representantes ilegítimos e buscando o seu retorno ao poder.
 
Lula manifesta apoio
 
Em um discurso feito nesta terça-feira pela manhã em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil e os Estados Unidos devem promover a democracia no continente e, por isso, não podem aceitar o golpe militar em Honduras. Ele disse, ainda, que os países devem estreitar relações para promover a democracia na região.
 
"Não podemos aceitar mais golpe militar. Não temos o direito de aceitar que alguém se ache no direito de tirar uma pessoa eleita democraticamente e colocar no seu lugar uma pessoa que ele entenda que seja boa. Eu acho que a posição dos Estados Unidos e do Brasil é importante, porque fortalece a democracia no nosso continente", afirmou Lula.
 
Negociação
 
Lula também pediu a Roberto Micheletti que aceite uma solução "negociada e democrática" que permita o retorno de Manuel Zelaya ao poder.
 
O presidente brasileiro esclareceu que o Brasil não tem pretensões de ser mediador do conflito, pois o papel corresponde à OEA, representada pelo secretário-geral, José Migual Insulza, com quem o ministro de Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, está em permanente contato.
 
"Celso Amorim já falou com Insulza para ver se a OEA vai para lá tratar da ajuda (...) o negociador é o chefe da OEA, ele tem que sentar na mesa de negociações e negociar", anunciou Lula.
 
Apoio
 
Os governos da Aliança Bolivariana dos Povos da América (ALBA) manifestaram, através de um comunicado, seu respaldo ao retorno de Zelaya ao governo de Honduras e chamaram à comunidade internacional a pressionar para que a presidência lhe seja devolvida.
 
No mesmo sentido, a Organização dos Estados Americanos (OEA) realizou na segunda-feira uma reunião extraordinária na qual se apoiou, por unanimidade, a "ação de valentia" que representou o retorno de Zelaya ao país.
 
Fonte: Brasil de Fato
 
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