Sonho com um País no qual a Mídia Ninja será ensinada na Educação
A grande onda de manifestações varre o Brasil
29/07/2013
- Opinión
A onda recente de manifestações pelo Brasil, neste ano de 2013, pode ser lida de diversas maneiras. Trata-se da transição do mundo abismal à realidade digital. Os valores tradicionais, que por séculos sustentaram o Ocidente (após a Revolução Francesa), começam a cair por terra. Em vários países, o território marcado por diversas mobilizações, sucessivos conflitos e golpes de Estado, demonstra isso. Embora quase imperceptível, a mudança a outro modelo social acontece[1].
A corrupção ilimitada, a exclusão da população do padrão de vida decente e a facilidade de conseguir e de elaborar informações são ingredientes à vontade de não permanecer calado em casa. Mas acompanhar de perto o calor dos intensos protestos. Fazer parte de um descontentamento gradativo, necessário e inteligente. O indivíduo que não participa ou se acha beneficiado pelo atraso social ou não se deu conta do quanto é explorado.
Abaixo o conformismo!!!
A repressão policial brutal às manifestações desperta inclusive o repúdio da sociedade e de setores da imprensa. Prova que o povo é a vítima de um Estado autoritário, assassino, violador dos Direitos Humanos, controlado por déspotas. É fora do comum que a Igreja Católica – uma instituição ultraconservadora – se diga favorável às manifestações. Então, se posicionar contrário neste momento parece loucura: um suicídio intelectual, social, moral, político...!
O interessante é observar quais pessoas, segmentos sociais e instituições estão presentes ou não nas manifestações. A partir daí, poderemos compreender melhor quem joga no “time da corrupção e da omissão” e quem pertence ao “time do Brasil que poderá nascer”. Com efeito, sem exceção, nenhum político que não faça o uso da tribuna e da imprensa para defender as manifestações do povo brasileiro merece a reeleição. Porque é contra a soberania popular.
As universidades têm a oportunidade e o dever moral de se envolverem[2]. O docente que não participa diretamente das manifestações não tem qualquer desculpa aceitável para tanto. Os movimentos sociais perdem de mostrar ao povo as bandeiras de lutas se não se juntam também à onda de protestos. Agora, se há uma força social capaz de parar o Brasil e ser levada em consideração são os estudantes. Unidos, precisam gritar alto: PASSE LIVRE JÁ!!!
Todo mundo que participa dessa “festa responsável” aprende alguma coisa. Nem que seja a partir do erro e do fracasso. A experiência de deixar a vida privada e ir se somar à multidão é libertadora! Por mais que a televisão busque muitas vezes convencer que as manifestações devem ser pacíficas, a própria barbárie jornalística é um combustível forte à violência, incitando-a. A mesma polícia que bate no povo merece ser extinta! A mesma imprensa que o condena merece acabar!
O Império Romano nunca despareceu, transformou-se. Mas mesmo a visita do Papa Francisco não parou a grande onda de manifestações que se enfureceu e varre o Brasil[3]. O consumismo e a falta de dinheiro para consumir é um problema que a Economia não foi idealizada para resolver. A Europa vive a decadência[4]. A preocupação do povo brasileiro não é com aquela gente, mas com as drásticas consequências do passado colonial implantado em nossa sociedade.
Se a sensação de insegurança fosse apenas por causa da divulgação de dados privados na Internet, nem haveria as grandes manifestações: a maioria do povo não tem computador. Nem alcançou a virtualidade. Por outro lado, é tratado como se fosse um elemento virtual (não de carne e osso) por quem usa e abusa das novas tecnologias. A “farra dos políticos” custa caro à sociedade! Então, nos revoltamos, nos indignamos, e exclamamos: TODA LIBERDADE À MÍDIA NINJA!!!
Por pior que seja a Educação nacional, comprovou-se mais uma vez que a História é feita de momentos tão belos assim, debaixo para cima. Nos quais sentimos o orgulho de ser brasileiros e a raiva de ver uma classe política suja governar. Para jogar palha na fogueira: parece que 2014 será um ano também inesquecível: a tendência é o povo sacudir as estruturas do poder. A pergunta que não quer calar: até quando o governo aguentará?
O potencial de desenvolvimento das cidades agora é então um elemento que pode ser medido pela capacidade social de realizar manifestações. Onde os atos públicos forem menores, o povo estará condenado à escravidão, ao atraso. A cidade que brilha em perspectiva futura é um espaço livre a quem se manifesta (e é ouvido) para construir o novo Brasil. A vida e a morte caminham juntas no espaço-tempo. Aos poucos, nada do que é permanecerá...!
REFERÊNCIAS
https://www.alainet.org/es/node/78066
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