Massacre de Carajás: 17 de abril - 7 de impunidade
06/04/2003
- Opinión
No dia 17 de abril de 2003 completará 7 anos que aconteceu o
massacre de carajás e ninguém foi punido.
Histórico
No final da tarde do dia 17 de abril de 1996, na curva do "S",
município de Eldorado do Carajás, sul do Pará, a Polícia Militar,
comandada pelo coronel Mário Colares Pantoja, matou 19 trabalhadores
rurais sem terra e feriu gravemente outros 69. Depois de alguns meses,
outros 2 lavradores faleceram em razão dos ferimentos.
O Governador do estado do Pará era o Almir Gabriel e o Presidente
da República era o Fernando Henrique Cardoso. O Secretário de Segurança
Pública era o Paulo Sette Câmara. O Governador e o Secretário de Segurança
foram inocentados pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ.
O inquérito policial foi feito pela polícia civil e não
conseguiram apontar quem foi que atirou e matou os lavradores. Então, o
ministério público decidiu processar todos os policiais que estavam lá no
dia do massacre.
Foi realizado um julgamento em agosto de 2000. O juiz Ronaldo
Valle, absolveu todos os acsusados porque perguntou aos jurados se as
provas eram insuficientes para a condenação e os jurados disseram que sim.
O julgamento foi anulado e o juiz Ronaldo Valle foi afastado do
caso.
Foi realizado novo julgamento. Mas, antes de realizar o
julgamento, tinha uma juíza chamada Eva Coelho do Amaral, que tentou
retirar do processo a principal prova da acusação. Era um laudo técnico da
UNICAMP (Universidade de Campinas) onde estava demonstrado que os
policiais atiraram para matar.
Os advogados do MST travaram uma batalha contra a juíza, e ao
final, ela saiu e o laudo foi colocado no processo. O problema é que o
juiz que entrou, Roberto Moura, assumiu o processo no dia 10 de maio de
2002, e no dia 13 de maio de 2002, iniciou o julgamento. Na primeira
sessão foram julgados 127 policiais.
Ora, é impossível a acusação apresentar provas contra tantos
acusados em uma única sessão, porque o promotor de justiça e os advogados
assistentes têm apenas 3 horas para acusar, e não dá para apresentar
provas contra tantos acusados de uma única vez. E os policiais foram
absolvidos por falta de provas.
Ao todo foram julgados 142 policiais, entre soldados e oficiais.
Apenas dois comandantes foram condenados e estão em liberdade aguardando o
julgamento da apelação.
Hoje estamos aguardando o julgamento da apelação que o Ministério
Píublico apresentou contra a absolvição. Se o Tribunal de Justiça do
Estado do Pará anular o julgamento, certamente os advogados do MST poderão
voltar para o processo e ajudar o promotor de justiça no novo julgamento.
Se o Tribunal de Justiça não anular o julgamento onde os policiais foram
absolvidos, estará definitivamente desacreditada perante o povo.
O que fazer
A única solução para acabar com a impunidade no massacre de
carajás e nos outros casos de assassinatos de trabalhadores rurais é a
transferência para a Justiça Federal da apuração e processo contra os
direitos humanos.
Devemos desenvolver uma campanha nacional e internacional exigindo
ao Governo Federal que inicie imediatamente um trabalho de convencimento
no Congresso Nacional para aprovar uma emenda constitucional para
transferir a competência para a Justiça Federal processar os acusados de
crimes contra os direitos humanos.
Enviar cartas, telegramas, fax, mensagens eletrônicas para o
Secretário Nacional de Direitos Humanos, NILMÁRIO MIRANDA, solicitando
empenho e política efetiva contra a impunidade.
* Nilmário Miranda
Secretaria Especial dos Direitos Humanos
Esplanada dos Ministério – Bloco T – 4º andar – sala 418
CEP 70064-900 – Brasília – DF – Brasil
Fax 55 61 226 2971 – endereço eletrônico mario.mamede@mj.gov.br
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