Golpistas ampliam campanha de criminalização do partido de Evo Morales na Bolívia
- Opinión
O governo autoproclamado da Bolívia mantém sua campanha de criminalização contra dirigentes políticos e apoiadores do Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Evo Morales e principal força política do país, com maioria absoluta no Senado, que seguem denunciando o golpe de Estado.
O senador boliviano Arturo Murillo, considerado Ministro de Governo pela autoproclamada presidente Jeanine Áñez, anunciou na última segunda-feira (18) a criação de um “aparato especial” da Procuradoria do país, para prender os senadores do MAS que estariam promovendo “subversão e sublevação”.
Os ataques a integrantes do MAS e a lideranças políticas de esquerda, iniciados após a reeleição de Morales, como o sequestro e tortura da prefeita Patricia Arce, aumentaram após a consumação do golpe de Estado em 10 de novembro.
A senadora Adriana Salvatierra, integrante do MAS, denunciou na última quarta-feira (13) a perseguição que os dirigentes do partido estavam sofrendo por parte de grupos violentos para que renunciassem a suas funções.
O partido de Evo Morales é a principal força política do Senado boliviano, com maioria absoluta. Os integrantes do MAS afirmam que a criminalização tem como objetivo minar o poder político do partido, evitar a aprovação de leis que condenassem o golpe de Estado e impedir diálogo de paz entre golpistas e oposição.
Mobilização permanente e repressão
A perseguição contra políticos do MAS ocorre em meio a intensa repressão policial às manifestações populares que exigem a renúncia de Áñez e o retorno de Evo Morales ao país. O presidente eleito encontra-se exilado no México desde o dia 11.
Na última sexta-feira (16) à noite, o governo autoproclamado emitiu um decreto para eximir as Forças Armadas (FFAA) e a Polícia Nacional Boliviana de responsabilidade penal na repressão contra as manifestações e liberar o uso de armas de fogo.
Nesta terça (19), agentes policiais e helicópteros militares reprimiram manifestantes que se encontravam reunidos em uma vigília em frente à estatal petrolífera boliviana YPFB, localizada na cidade de El Alto, para impedir a distribuição de combustível como forma de denunciar o golpe.
A comunidade local bloqueava há dias as rodovias que dão acesso à petrolífera para impedir a chegada dos militares. Após o acesso ao território, militares utilizaram gás lacrimogêneo, dispararam contra os manifestantes e ocuparam a estatal. Segundo correspondentes da teleSUR, há duas vítimas fatais e três feridos, mas a informação não foi confirmada oficialmente.
Segundo dados da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e Defensoria do Povo, são 24 mortos, 715 feridos e 50 detidos desde o golpe contra Morales.
Edição: Daniel Giovanaz
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