A intolerância do pensamento econômico de Jair Bolsonaro
- Opinión
A discussão polarizada entre capitalismo e socialismo, neoliberalismo e capitalismo intervencionista continua como sempre fora. Não seria nada incomum se o tempo não tivesse transformado essa discursão em algo obsoleto. As cenas de amigos se ofendendo no trabalho e nas redes sociais expõem o quanto atrasados estamos por não reconhecermos que o cartesianismo, em certa medida, tornou-se algo cafona na pós modernidade.
Até quando entenderemos que o modelo teórico não cabe integralmente na realidade concreta? Contudo, a paixão por um postulado tem levado muitas pessoas inteligentes a terem uma visão limitada e distorcida da realidade econômica.
Nosso mundo é dialético e a palavra dialética significa duas inteligências. Através do exercício dialético pode-se chegar a uma síntese que trará consigo a solução para muitos problemas. Estas soluções muitas vezes não são vislumbradas por causa de posições diametralmente opostas dos nossos governantes.
Se olharmos para vários países europeus desenvolvidos conseguiremos enxergar esse processo dialético. São países capitalistas que perceberam o grande fosso existente entre a teoria extremada dos modelos socioeconômicos e a realidade. Um exemplo disso é a Alemanha, a maior economia capitalista da europa, onde quase 50% do PIB é gasto com transferências sociais.
O pragmatismo tem o seu lugar e esse lugar é o mundo real. Haverá momentos em que políticas de esquerda precisarão ser adotadas, assim como políticas à direita terão o seu lugar de acordo com as circunstâncias e conjuntura de cada país e devidamente calibradas.
A China, um país dito comunista, tem sido uma defensora ardorosa do livre mercado. Em outros tempos isso seria inadmissível e esquizofrênico. Por outro lado, o presidente da maior economia capitalista do mundo, berço de grandes economistas neoliberais e comandada por um republicano, vem adotando uma agenda protecionista.
Podemos chegar a conclusão que as teorias, quando são contrárias à uma realidade determinante para o equilíbrio econômico de um país, tendem a ser ignoradas.
A crise financeira que teve início em 2007 levou os liberais de “carteirinha” a buscarem ajuda no estado devido ao desajuste criado pela liberação geral das transações financeiras, especialmente, os subprimes. Não houve remorso e nem crise existencial pela negação dos postulados teóricos. Os grandes capitalistas aceitaram o socorro do estado para salvar suas empresas e a economia mundial. É incrível como depois disso tudo o novo governo, capitaneado por Jair Bolsonaro, chega propondo um ultra liberalismo, tendo a frente um economista da escola de Chicago, escola esta que está fora de moda dentro dos Estados Unidos.
O remédio a ser prescrito é o da ponderação e da parcimônia. Doses extremadas de qualquer receita fiscal ou monetária pode levar a economia mundial a mais um período de dor e sofrimento que atingirão principalmente os países mais vulneráveis.
“A diferença entre o remédio e o veneno é a dose”
05/12/2018