O perigo de uma agressão iminente contra a Venezuela, com migrantes como reféns

04/09/2018
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Buque hospital de EEUU enviado a Colombia supuestamente para atender a migrantes venezolanos
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Estamos em meio a uma turbulenta, implacável e bastante preocupante ofensiva para a recuperação do território americano como base hemisférica dos interesses estadunidenses, ao mesmo tempo em que entramos na perigosa fase de uma iminente agressão contra a Venezuela, que poderia utilizar os migrantes como reféns.

 

Várias situações paralelas dão sinais claros que justificam a preocupação, como a militarização do tema migratório, a manipulação de uma questão socioeconômica para transformá-la em questão de segurança regional, as ameaças militares da porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, a turnê latina do chefe do Pentágono, James Mattis, e a reunião de Kurt Tidd, chefe do Comando Sul estadunidense, com os comandantes dos exércitos sul-americanos na Argentina.

 

Há outros exemplos. O caso dos exercícios militares do exército brasileiro próximos à fronteira com a Venezuela, com Temer dizendo que o vizinho é uma “ameaça à harmonia regional”. O chanceler colombiano assegurando na ONU (Organização das Nações Unidas) que o impacto migratório na saúde e na educação também é um problema de segurança para o seu país. Os exercícios militares e as ameaças dos exercícios navais próximos à cidade de Cartagena, no litoral colombiano. As declarações do secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos) Luis Almagro, pedindo mais e mais sanções contra a Venezuela. As ameaças de corte das vendas petroleiras dos Estados Unidos à Venezuela. E por aí vai.

 

O argumento da mídia cartelizada é que a Venezuela é um estado falido, incapaz de atuar sobre seu próprio território, e que isso gera uma crise humanitária que desestabiliza a região, que só pode ser freada com uma intervenção humanitária. Por isso, dizem, deve-se criar um canal humanitário, controlado do exterior, desconhecendo o Estado venezuelano. Não importa o que a Venezuela pode fazer por si mesma, e sim o que eles (os Estados Unidos e seus aliados) podem fazer sobre e contra a Venezuela.

 

Uma dúzia de países já confirmaram sua participação no encontro “técnico” desta segunda e terça-feira (3 e 4 de setembro) sobre migração venezuelana – na qual a própria Venezuela foi excluída –, em Quito, citada pela chancelaria equatoriana. Estarão presentes Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, México, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e o anfitrião Equador.

 

O temor de vários países é que se inicie ali um pacto para o início de hostilidades, como ameaças de uso da força militar com carácter preventivo, com o pretexto de defender a segurança dos países vizinhos e dos Estados Unidos. A chancelaria equatoriana vem pressionando para que representações do Alto Comissionado das Nações Unidas para os Refugiados e da Organização Internacional de Migrações participem da reunião e autorizem ações militares disfarçadas de “humanitárias”.

 

Toda esta fase foi preparada meticulosamente para impor um imaginário coletivo na região, sobre o perigo dos migrantes venezuelanos, com fotos montadas e editadas, notícias falsas, em meio a uma nova ofensiva do terror midiático da imprensa hegemônica cartelizada. Uma demonstração de que estamos na uma guerra de quinta geração.

 

A ideia principal desta guerra de quinta geração, também conhecida como guerra sem limites, é que o Estado perca o monopólio da guerra. A nível tático, isso inclui desde o aspecto armamentista até o psicológico e neurológico. Não interessa ganhar ou perder, e sim demolir a força intelectual do inimigo, obrigando-o a buscar um compromisso, se valendo de qualquer meio, inclusive sem o uso de armas. Se trata de uma manipulação direta do ser humano através de sua parte neurológica

 

Quadro da situação

 

Navios de guerra de uma dezena de países nas águas do Caribe colombiano, sede das manobras navais anuais Unitas LIX 2018, reúnem este ano representantes das marinhas de Argentina, Brasil, Canadá, Colômbia, Costa Rica, Equador, Estados Unidos, Honduras, México, Panamá, Peru, Reino Unido e República Dominicana.

 

A marinha do Equador, que durante onze anos não participou da Unitas, por ordem de Rafael Correa, agora enviou a nave Los Ríos CM 13, que zarpou em 23 de agosto de Guayaquil, o mesmo dia em que o governo de Lenin Moreno anunciou sua decisão de se desvincular da ALBA (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América). Seria uma fachada para impor um bloqueio marítimo à Venezuela?

 

Enquanto isso, o influente senador estadunidense Marco Rubio evocou a opção militar na Venezuela, ao dizer que as circunstâncias mudaram, e que atualmente existem argumentos para considerar que o governo de Nicolás Maduro ameaça a segurança nacional dos Estados Unidos e da região, e a estabilidade da Colômbia e de outros países, após discutir o tema com o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton.

 

“E se o Maduro decide reforçar a aliança com o presidente russo Vladimir Putin, que poderia, em troca, enviar aviões militares ou abrir uma base militar? Isso se transformaria numa escalada. Por isso, creio que as circunstâncias na região estão mudando”, comentou.

 

A União Europeia destinou um pacote financeiro de 35 milhões de euros (uns 40,85 milhões de dólares) à região latino-americana para ajudar a lidar com a crise migratória de venezuelanos, como anunciou na quinta-feira (30/8) o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, durante sua visita à Colômbia, onde se atreveu a qualificar a crise na Venezuela como similar ao que ocorre na Europa com os imigrantes.

 

Venezuela e muito mais

 

A intensidade e a variedade dos movimentos, operativos, posicionamentos e acordos militares-policiais e econômico-financeiros com os quais os poderes hegemônicos de fachada dos Estados Unidos se recolocam no jogo ajudaram a reunir aderentes, aliados e porta-vozes locais, se disseminando pela região e criando um cerco sobre a Venezuela, o qual também tem como objetivo avançar a uma escala muito maior.

 

A política de indução à submissão regional e/ou de reconstrução dos disciplinamentos hegemônicos se baseia num amplo leque que inclui golpes parlamentares, colaborações militares permanentes e/ou específicas, treinamento, capacitação e doutrinação, segundo relata o Observatório Latino-Americano de Geopolítica.

 

Também há mudanças normativas que facilitam a consolidação de Estados de exceção dirigidos a combater o real, potencial ou imaginário inimigo interno, patrulhas militares, instalação, refuncionalização ou modernização de bases militares, aumentos nos orçamentos de segurança e defesa militares, sistemas cooperativos de defesa, forças especiais com oficiais ou mercenários contratados, exercícios militares conjuntos, criação de forças de tarefas combinadas e grupos de choque.

 

Dessa forma, entram nesse amplo leque de ataques o bloqueio comercial e financeiro, a desestabilização monetária, a dívida externa, os operativos de lawfare e até a utilização de catástrofes naturais, para redesenhar territorialidades e controles.

 

Não só na Venezuela ocorrem, simultaneamente, uma quantidade de ataques, intervenções ou provocações de diferentes tipos. Em setores e geografias diferentes também se pode observar uma situação similar, desde uma perspectiva macro continental. A Venezuela é, sem nenhuma dúvida, o epicentro da estratégia de recuperação e disciplinamento continental, de um tsunami que se replica em todos os outros países ou regiões, se adequando às condições específicas nos diferentes lugares que alcança.

 

A combinação de mecanismos, ritmos, intensidades e setores implicados neste tipo de ofensiva não tem freio. Sempre pode se agregar algo mais para potenciar os resultados desejados e para complicar a compreensão do fenômeno e da capacidade de resposta do povo afetado.

 

A ideia, segundo a analista e especialista em geopolítica Ana Esther Ceceña, é “ocupar espaços no ritmo e com as características e condições de cada caso, e ao mesmo tempo cuidar de não deixar rastros para que se possa levantar resistências a esta intervenção”. Prova dessa crescente militarização da política regional é o ativo protagonismo do Comando Sul das Forças Armadas estadunidenses, com suas reuniões com chefes militares dos países da área, toda uma “diplomacia” da segurança e da guerra

 

As visitas de emissários civis diminuíram bastante e cederam espaço às três linhas principais de intervenção do Comando Sul. A primeira linha: ampliar e aprofundar relações com os governos (restabelecimento de convênios militares e de segurança com Equador). Segunda linha: combater as redes criminosas ou terroristas multinacionais, consideradas como uma ameaça difícil de detectar, já que se movem em espaços não institucionais (com estes critérios catalogam o governo venezuelano para justificar as agressões). Terceira linha: preparar o terreno para gerar formas de resposta rápida em casos de desastre e assistência humanitária, que consiste no treinamento de mandos e tropas estadunidenses.

 

Ofensiva

 

A coordenação conservadora de vários presidentes sul-americanos levou ao desmonte dos mais importantes avanços da integração dos países de América do Sul, como a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que era o bloco referente das relações mundiais marcadas pela multipolaridade de potências e de projetos integracionistas regionais, além de responsável por declarar a região oficialmente como “zona de paz”.

 

A potência econômica e política dos governos da Argentina e do Brasil, respaldados pelos presidentes do Peru, do Chile, da Colômbia e do Paraguai (o denominado Grupo de Lima), começou sua tarefa destrutiva em abril passado, quando determinaram “suspender sua participação” na Unasul, após dois anos de sigilosos movimentos de fragilização e paralisia de todos os projetos integracionistas construídos à margem da influência e predomínio dos Estados Unidos: Mercosul, ALBA, CELAC (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e a própria Unasul.

 

Desmantelados os organismos de integração horizontal, a região voltou a ser presa fácil do pan-americanismo monroista – sob o velho slogan de “a América para os (norte) americanos”, da Doutrina Monroe –, deixando de pé somente a OEA, sob a tutela de Washington. Mas ainda sem um consenso, porque Nicarágua, Venezuela e Bolívia continuam se opondo à influência norte-americana em assuntos internos. Por isso, os Estados Unidos tentam de desestabilizar esses governos com todos os meios possíveis.

 

A Unasul, criada em 2008, criou também o Conselho de Defesa Sul-Americano, integrado pelos 12 países do subcontinente, que tinha entre seus propósitos o de consolidar a região como zona de paz e servir de contrapeso ao afã intervencionista do Pentágono nos exércitos locais, com fins de alinhamento e doutrinação.

 

Mas a contraofensiva conservadora e a ação do Comando Sul do Pentágono se manteve. Em maior, Juan Manuel Santos anunciou que a Colômbia – que tem sete bases estadunidenses em seu território – se tornou “sócio global” da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), máximo expoente das intervenções militares abertas e encobertas depois da Guerra Fria. Agora, o Chile quer seguir o mesmo caminho.

 

Em seguida, e com a ajuda do embaixador dos Estados Unidos em Bogotá, Kevin Whitaker, o novo presidente colombiano, Iván Duque, afilhado político de Álvaro Uribe – acusado de genocida e aliado do narcotráfico e do paramilitarismo – afirmou que quer ser protagonista do “Golpe de Mestre”: pretende manejar a guerra encoberta do Pentágono contra a Venezuela, a partir da fronteira colombiana.

 

Este plano foi desenhado pelo almirante Kurt Tidd, chefe do Comando Sul, que espera fazer com que o governo bolivariano seja derrubado através de uma operação militar sob bandeira internacional, patrocinada pela Conferência dos Exércitos Latino-Americanos, com a chancela da OEA e a supervisão do secretário-geral, Luis Almagro.

 

Na Colômbia se respira uma atmosfera de instabilidade social, após o assassinato de 343 líderes sociais, a ameaça permanente a jornalistas e o temor de que Iván Duque, o novo mandatário, se aventure em duas guerras: uma interna e outra contra o seu vizinho, a Venezuela. A única forma de unir a nação é inventando um inimigo externo, para apelar ao nacionalismo, uma guerra contra os “castrocomunistas” venezuelanos, desviando a atenção da continuidade do genocídio interno e da crise social, econômica e financeira.

 

No começo de julho, e antes de assumir a presidência, Duque negociou em Washington com o vice-presidente Mike Pence, o secretário de Estado Mike Pompeo, a diretora da CIA (Agência Central de Inteligência) Gina Haspel e o assessor de Segurança Nacional John Bolton.

 

No encontro com Pence, falou-se sobre a preocupação pela suposta ameaça da “ditadura de Maduro” à Colômbia – como já foi manifestado a Santos durante a visita do mesmo Pence a Bogotá, e na reunião da Cúpula da OEA, em Lima –, e se solicitou um apoio em matéria militar, de inteligência e de segurança.

 

Em 10 de agosto, três dias depois de assumir a Presidência, Duque anunciou a saída “irreversível” da Colômbia da Unasul e advogou pela aplicação da Carta Democrática da OEA contra a Venezuela, após prometer que levaria a Maduro à Corte Penal Internacional, a mesma “justiça” internacional onde Uribe é acusado por crimes de lesa humanidade, e onde os mexicanos Felipe Calderón e Enrique Peña Nieto também estão sendo questionados.

 

O novo ministro de Relações Exteriores, Carlos Holmes Trujillo, se reuniu com Julio Borges – apontado como um dos coautores intelectuais do frustrado magnicídio contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro – para expressar o “apoio incondicional” do governo de Duque, visando “resgatar a democracia e a legalidade na Venezuela”.

 

A jornalista María Jimena Duzán recordou as declarações do general colombiano aposentado Leonardo Barrero após a vitória de Duque (“preparem-se, porque a guerra voltará”) e se perguntou qual será o alvo principal desta nova guerra anunciada: os líderes sociais que estão caindo como moscas, os oito milhões de cidadãos que votaram por Petro, as onze milhões de pessoas que votaram pela consulta anticorrupção, as dez milhões de pessoas que votaram por Duque ou os que ainda acreditam no seu slogan de campanha, com as “pombas da paz voando pelo ar”?

 

Paralelamente, desde junho há um contingente de “capacetes brancos” da chancelaria argentina atuando em regiões fronteiriças com a Venezuela, como Cúcuta e Maicao. Gabriel Fucks, ex-líder desses “contingentes de paz”, afirmou que a missão na fronteira colombiano-venezuelana, mais que uma ação de assistência sanitária, forma parte de uma política de pressão contra a Venezuela.

 

Não é de se estranhar que o governo de Mauricio Macri queira participar dos planos estadunidense-colombianos, tendo em vista sua posição subordinada na OEA. Macri também distribuiu pelo território argentino uma nova rede de bases militares estadunidenses: uma em Neuquén, no estratégico sul patagônico, perto da reserva de gás de Vaca Muerta, financiada pelo Comando Sul e por grupos de “ajuda humanitária”, e duas na Terra do Fogo: a de Tolhuin e a de Ushuaia.

 

Hoje, a produção de coca na Colômbia alcança níveis recorde, e os grupos armados ilegais lutam por territórios onde o Estado tem escassa ou nula presença, e um onda de 330 assassinatos de ativistas sociais nos últimos meses mostrou que a paz continua sendo um termo relativo – e esses narcotraficantes precisam do corredor pela Venezuela para levar sua droga aos Estados Unidos.

 

Durante quatro períodos presidenciais consecutivos (dois de Álvaro Uribe e outros dois de Juan Manuel Santos, que também foi ministro da Defesa do antecessor), em época de “falsos positivos” (camponeses assassinados e vestidos com roupas de guerrilheiros para mostrar à imprensa supostas vitórias militares), a hipótese do conflito sempre esteve no ar, em guerras de microfones, e a melhor chance para isso é a intromissão direta em assuntos internos do vizinho do noroeste.

 

O manipulado noticiário político indica que Santos quis se despedir do governo apoiando a tentativa (frustrada) de magnicídio do presidente venezuelano Nicolás Maduro, no dia 4 de agosto passado. Mas essa última jogada do benemérito vencedor do Prêmio Nobel da Paz (2016), não saiu bem.

 

O atentado buscava transferir o poder sem demora às “autoridades civis legítimas, como os membros da Assembleia Nacional”, presidida por Julio Borges, após “liberar” uma zona do país e instalar ali um “governo paralelo”, que exercesse funções de poder de facto, com o respaldo de Washington, seus aliados da OTAN e do Grupo de Lima.

 

James Mattis, secretário de Defesa dos Estados Unidos visitou alguns países neste mês de agosto: Brasil, Chile, Colômbia e Argentina, com uma agenda que insistia no tema da instabilidade política e da suposta crise humanitária na Venezuela, que poderia afetar o cenário regional, junto com o temor por um conflito armado entre a Colômbia e a Venezuela após o fracassado atentado com drones explosivos contra Nicolás Maduro. A turnê de Mattis visou reforçar os vínculos de Washington com o que considera o seu quintal continental, diante dos alarmantes sinais de multilateralismo das relações comerciais com a China e a Rússia (“invasões de outros países”, segundo Mattis), e devido também às medidas protecionistas de Trump.

 

As alianças pan-americanas também foram o ponto principal das visitas deste ano do ex-secretário de Estado Rex Tillerson, do seu sucessor Mike Pompeo e do vice-presidente Mike Pence à região.

 

Mattis investigou sobre a influência e a presença da China e da Rússia na América do Sul, e declarou, a esse respeito, que “há mais de uma forma de perder a soberania neste mundo. Não é só através das baionetas. Também é possível perdê-la com países que chegam oferecendo presentes, empréstimos amplos, que se transformam em dívidas massivas com outros países, sabendo que não poderão ser pagas, como o que parecem ser os empréstimos chineses a nações como Venezuela e Filipinas”.

 

O ministro brasileiro de Defesa, Joaquim Silva e Luna, preocupado pela pressão estadunidense para o desmantelamento da produção local de armas e aviões, disse que entendeu bem o que Mattis quis dizer, “mas isso é uma disputa comercial” e afirmou que é possível que o Brasil se beneficie de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China. Mas, de qualquer forma, anunciou 3,2 mil soldados do Exército brasileiro reforçarão a segurança no estado de Roraima, fronteiriço com a Venezuela, para conter a suposta chegada massiva de imigrantes venezuelanos,

 

Outra preocupação do chefe do Pentágono é a reunião do G20 na Argentina, onde o anfitrião tem responsabilidades na defesa e segurança dos líderes do mundo “desenvolvido”, que devem ser cumpridas para que se confirme a assistência de Donald Trump: como os Estados Unidos podem participar de forma discreta de um encontro assim sem ressentir as paixões nacionais. A proposta de Mattis foi a possível cessão de equipamentos de segurança para uma questão específica, como a prevenção contra ciberataques, com a utilização de rastreadores de drones.

 

A visita de Mattis à região se produz após o encontro do principal comandante da Marinha estadunidense com seus colegas de Argentina, Brasil e Chile, em Cartagena, na Colômbia, durante a 28ª Conferência Naval Interamericana, que congregou os hierarcas navais dos quatro países mencionados, além do anfitrião, e também Canadá, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai.

 

Se Iván Duque, o novo presidente – que quer reformular o acordo de paz com a guerrilha das FARC (transformada em partido político legalizado), que seu antecessor Juan Manuel Santos não teve coragem de implementar – não conseguir levar o Estado às zonas rurais, hoje nas mãos de narcotraficantes e paramilitares, ou se não está interessado nisso, pouca coisa mudará na Colômbia, país que registrou ao menos 260 mil mortos, 60 mil desaparecidos e mais de 7 milhões de deslocados.

 

Essas tensões servem para desviar a atenção da violência de seis décadas na Colômbia, que já é parte da normalidade nesse país, e que contrasta com a existência de sistemas sociais, econômicos e políticos contrapostos. A mensagem da política colombiana e dos meios de comunicação hegemônicos não mudou: sua linguagem é agressiva, beligerante, xenófoba e permanentemente ameaçadora.

 

Aram Aharonian é jornalista e comunicólogo uruguaio, fundador do canal TeleSur. Preside a Fundação para a Integração Latino-Americana (FILA) e dirige o Centro Latino-Americano de Análise Estratégica (CLAE). estrategia.la

 

Tradução de Victor Farinelli

 

04/09/2018

https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Cartas-do-Mundo/Carta-de-Caracas-O-perigo-de-uma-agressao-iminente-contra-a-Venezuela-com-migrantes-como-refens/45/41621

 

https://www.alainet.org/pt/articulo/195121
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