As revelações literárias de Michel Temer e o risco de um Brasil medíocre
- Opinión
O vice-presidente Michel Temer é um personagem enigmático que pouco a pouco vai sendo decifrado. Dizia a lenda tratar-se de um constitucionalista, mas sua parceria conspirativa com Cunha, Serra, FHC, Aécio, Alckmin desfez a lenda. Temer não é somente um sócio do golpe. Ele é, na realidade, um dos regentes do golpe; o golpista mais interessado em surrupiar na marra a cadeira presidencial da Dilma.
Pensava-se que Temer tinha a visão de um capitalismo liberal-social, o que também é um mito. O programa “uma ponte para o futuro”, que Temer fechou com o PSDB, DEM e PPS para dilapidar o Brasil uma vez à frente do governo golpista, é um retrocesso absoluto: privatiza até o ensino secundário, entrega a soberania e as riquezas do país ao capital estrangeiro e instala o paraíso da orgia financeira.
Dizia-se que Temer era um vice-presidente discreto e leal, o que também é outra ficção. Ele é um personagem soturno, age no silêncio e nas sombras. Ele optou pelo exercício do cargo de Presidente do PMDB para tramar contra Dilma e o governo. Passou o tempo todo viajando pelo Brasil de norte a sul em missões partidárias com jatinhos da FAB e servindo a cabeça da Dilma em frequentes cafés-da-manhã, almoços e jantares pagos pelo erário.
Diz-se, também, que Temer é um literato, um homem das letras, o que não é de todo falso. Considerando a qualidade literária de FHC, Merval Pereira e Carlos Heitor Cony [contumaz apoiador de golpes que usou coluna dominical na FSP para mandar “Lula e Dilma se f...”], que integram a Academia Brasileira de Letras, Temer reúne as credenciais para pertencer à galeria desses seres “imortais”.
Uma das obras político-literárias de Temer é a carta-chororô-desabafo que remeteu à Dilma em 8 de dezembro de 2015. Nela, ele se assume como um “vice decorativo”, amargurado por não ter participado da reunião com o homólogo vice-presidente dos EUA e triste porque a Presidente “não tem confiança” nele.
Outra obra literária e intelectual de Temer é a poesia “O Relógio”, que está eternizada em placa de bronze na praça principal da sua cidade natal, Tietê [foto abaixo]. Esta obra, que decerto será o passaporte definitivo para sua imortalidade ao lado de golpistas como FHC, Merval e Cony na Academia Brasileira de Letras, é um escárnio, é uma produção pueril, é uma vergonha para o país perante o mundo; é o atestado definitivo da mediocridade em que os golpistas querem transformar o Brasil. Os fascistas, além de golpistas, são ridículos.
Agência Carta Maior http://goo.gl/QkJQPm
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