Construíram de baixo para que escutem os de cima
22/04/2010
- Opinión
Assim, o ministro de Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca, resumiu a Conferência Mundial dos Povos sobre Mudanças Climáticas (CMPCC, por sua sigla em espanhol), encerrada em um ato nesta quinta-feira (22), com a presença de Evo Morales e Hugo Chávez.
O estádio Félix Capriles, na cidade de Cochabamba, Bolívia, foi completamente tomado na tarde desta quinta-feira (22) para o fechamento da CMPCC. “Este é um processo que vem de baixo, vem de baixo para compartilhar com os que estão em cima, para que nos escutem”, afirmou David Choquehuanca no último dia da Conferência.
De acordo com o ministro, o processo de elaboração da CMPCC começou em debates virtuais que reuniram cerca de cinco mil pessoas, culminando em um evento com 35.151 inscritos, vindos de 142 países.
Em seu discurso, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ressaltou que, diferente de Copenhague, onde manifestantes eram reprimidos, em Cochabamba o debate foi feito a portas abertas:
“Isso sim é democracia, democracia popular, não é a ditadura do Império.”
Já o presidente da Bolívia, Evo Morales, mandou um recado as Nações Unidas:
“ONU, se não quer perder autoridade, que apliquem as conclusões dessa conferência, definidas pelos povos.”
Morales afirmou que as definições tiradas na CMPCC são “um novo paradigma planetário para salvar a humanidade” e que serão levadas ao próximo encontro da ONU sobre mudanças climáticas, em Cancun, México, em dezembro. “Se no México não escutarem a demanda dos povos, se não respeitarem o Protocolo de Kioto, entremos contra eles na Corte Internacional. Só nos vão respeitar se lutarmos por penalidades aos países desenvolvidos”, ameaçou.
O presidente boliviano destacou o fato de que, em uma enorme quantidade de pessoas, de distintas culturas e orientações políticas, a conferência obteve um bom grau de consenso e “a primeira delas é que o grande inimigo é o capitalismo”. Já Chávez enfatizou que “o verdadeiro caminho para sair do caos é construir o socialismo”. Após perguntar ao estádio quem gostaria de ir a Cancun, Chávez disse a Morales que seus governos deveriam facilitar a ida dos movimentos sociais.
Conclusões da conferência
A carta final elaborada pela CMPCC, chamada de “Acordo dos Povos”, reúne os consensos tirados em 17 mesas de trabalho e foi lida no ato de encerramento, contendo duras críticas ao capitalismo. “Sob o capitalismo, a Mãe Terra se converte em fonte só de matérias primas e os seres humanos em meios de produção e consumidores, em pessoas que valem pelo que tem e não pelo que são”, diz o documento. (Veja abaixo o texto na íntegra e em espanhol).
O encerramento da CMPCC aconteceu justo no dia 22 de abril, considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) o dia da Madre Tierra, desde o ano passado, a pedido de Evo Morales.
Vinicius Mansur
Brasil de Fato/Minga Informativa de Movimientos Sociales
https://www.alainet.org/pt/articulo/140853
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