A causa da educação

27/09/2009
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Há um consenso cada vez maior da  importância da participação dos pais na vida escolar de seus filhos. Os  resultados extraídos da Prova Brasil mostram que essa participação pode  contribuir para melhorar o desempenho escolar, como mostrou recentemente  um estudo do Unicef. Por outro lado, essa participação é ainda muito  tímida e os pais têm delegado às escolas a função da educação plena de  seus filhos, o que é um grande equívoco.

Há um sábio provérbio africano  que diz: "É preciso toda uma aldeia para educar uma criança". Sem a  participação efetiva dos pais e de toda a sociedade, fica difícil acelerar  o tempo para que a educação brasileira possa melhorar, de forma que  crianças e jovens não apenas passem pela escola, mas, de fato,  aprendam.

Ao completar três anos de existência no último dia 6/9, o  movimento Todos pela Educação já pode comemorar expressivas vitórias,  graças ao trabalho em parceria com vários setores da sociedade.
Por  outro lado, o movimento sabe que ainda precisa colocar uma maior força na  mobilização social pela causa da educação, o que não apenas irá refletir  numa maior participação dos pais na educação dos filhos como também em  tornar a educação a prioridade número um dos brasileiros.

A última  pesquisa, realizada pelo Ibope/CNI, em 2007, por solicitação do movimento,  mostrou que a educação ocupa a sexta prioridade entre os brasileiros e que  72% dos pais estão satisfeitos com a qualidade da educação oferecida aos  seus filhos.

Isso é preocupante se levarmos em conta que, apesar dos  avanços recentes, o Brasil, em comparação com países mais desenvolvidos,  está muito distante quanto à aprendizagem de seus alunos, como revelam os  resultados do Pisa.

Em relação, à meta de aprendizagem do Todos pela  Educação, por exemplo, só 23% dos alunos que concluem a quarta série do  ensino fundamental 1 alcançaram o nível adequado de aprendizagem em  matemática. Na oitava série do ensino fundamental 2, esse percentual cai  para 14% e, ao final do ensino médio, chega a 10%.

Para ter uma ideia  do tamanho do desafio que teremos pela frente, a meta de aprendizagem para  2022 é de 70%! Portanto, se, por um lado, temos metas claras para melhorar  a qualidade da educação brasileira, o que há tempos atrás seria difícil de  imaginar, por outro lado, estamos muito distantes de oferecer uma educação  de qualidade para nossos alunos.

Em recente artigo, o professor José  Pastore chamou a atenção para a baixa qualidade da educação brasileira  como o principal entrave para que o país ocupe posição de destaque no  ranking mundial da competitividade.

Como envolver e sensibilizar os  pais nessa importante tarefa não é algo simples, tratando-se de um país  tão desigual entre suas regiões e de tamanho continental.

Nesse  contexto, vale salientar o papel das denominações religiosas, que, em  parceria com o Ministério da Educação e o Todos pela Educação, têm  contribuído para envolver as famílias e os pais no processo  educacional.
il exige, por outro lado, o  forte e decisivo envolvimento dos meios de comunicação. O projeto "No ar,  Todos pela Educação", em parceria com a Associação Brasileira das  Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), contando com mais de 2.000 rádios  em todo o país, vem também ajudando nesse processo de mobilização pela  causa de uma educação de qualidade para todos os brasileiros.

Cabe  parabenizar a mais recente iniciativa da Rede Globo de Televisão, da  Fundação Roberto Marinho e do Canal Futura pelo lançamento do Globo  Educação, um programa semanal, aos sábados, divulgando as boas práticas  educacionais realizadas por escolas públicas de todo o país.

Outro belo  exemplo da força dos meios de comunicação tem sido a mobilização realizada  pelo movimento Educar para Crescer, da Editora Abril, em parceria com o  Todos pela Educação, que lançou um conjunto de três cartilhas dirigidas  aos pais e empresários com dicas para participar da vida escolar de seus  filhos e melhorar a qualidade da educação.

Neste momento em que o Todos  pela Educação completa três anos de existência, estamos cientes dos  avanços registrados no processo de mobilização social, mas precisamos  avançar ainda mais pela causa da educação e, assim, legar às futuras  gerações um Brasil mais justo e verdadeiramente independente. Sonhamos com  esse país e acreditamos que é possível com a participação de todos.  
 
- Milú Villela é membro fundador e coordenadora da  Comissão de Articulação do movimento Todos pela Educação, é também embaixadora da  Unesco e presidente do Faça Parte-Instituto Brasil Voluntário, do MAM  (Museu de Arte Moderna de São Paulo) e do Instituto Itaú  Cultural.
https://www.alainet.org/pt/articulo/136639
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