Essa hipocrisia dá hemorragia!
Legalizar o aborto! Direito ao nosso corpo!
25/09/2007
- Opinión
Dia 28 de setembro é um dia muito importante para a luta das mulheres da América Latina e do Caribe. É o Dia Latino-Americano e Caribenho pela legalização do aborto, luta que o movimento de mulheres trava há muito tempo, em defesa da autonomia das mulheres, seu direito a seu próprio corpo e sua vida.
Em muitos países, a luta pela legalização ganhou força. Recentemente, por exemplo, as mulheres foram vencedoras na Cidade do México e em Portugal, e o aborto lá agora é legalizado!
Enquanto nossa sociedade considera apenas a produção e o mercado, nós, afirmamos que a reprodução é uma tarefa fundamental para a humanidade, que não é natural, ser mãe é uma escolha, escolha que cabe a cada mulher, uma escolha do papel que irá exercer na sociedade. Cabe a nós mulheres decidirmos se queremos ser mães, e se já somos se queremos outros filhos e filhas.
Não achamos ser obra do acaso as tarefas de reprodução, quer seja da vida, quer seja da produção, serem colocadas como “naturalmente” das mulheres, omitindo seus custos e o trabalho e assim servindo ao sistema patriarcal e capitalista.
Para que nós mulheres possamos ter o “direito de decidir” é preciso que a sociedade garanta esses direitos, com políticas públicas para o tal, infelizmente a imensa maioria das mulheres no Brasil e no mundo está à margem disso. Um exemplo disso é a ampliação da utilização de preservativos, que é “a primeira grande tarefa da sociedade e das políticas públicas”, muitas e muitas mulheres não conseguem negociar com seus parceiros a utilização da camisinha.
E aí “acontece”... mas muitas mulheres não se rendem ao que “acontece” fora de sua vontade, tomam seu destino em suas mãos, e com diferentes nomes, exercem o que para nós é um direito, “tomei um chá para sangrar”, “ajudei a regra dela descer”, “aborto”, qualquer que seja o nome, o que cabe dizer é que as mulheres independentemente da época, da igreja, do Estado, do que os homens dizem, e do mercado (que tem se somado a tríade citada anteriormente para impor suas exigências as mulheres) ABORTAM!
Nós afirmamos essa escolha como um direito, “nós parimos, nós decidimos”, é nosso corpo, é o papel e o rumo de nossas vidas que está em jogo, portanto é nossa escolha.
Sabemos que essa escolha não se dá de forma igual em nossa sociedade, algumas poucas mulheres que podem pagar, tem acesso a infra estrutura, tecnologia e atenção a saúde - aborto seguro, mas a maioria das mulheres, as que não podem pagar se submetem as mais diversas formas de intervenção (utilização de medicamentos sem acompanhamento de pessoas capacitadas, agulhas de tricô, cabide, veneno para rato “chumbinho”, e você mesma que está lendo essa tese já deve ter ouvido falar de outras formas) ou clinicas de aborto em condições precárias são essas mulheres que são as condenadas por uma hipocrisia da sociedade, hipocrisia essa que coloca o aborto clandestino como uma das principais causas de morte materna, essas mulheres que morrem tem classe e cor. No ano de 2006 foi a principal causa de morte materna!
Para nós da Marcha Mundial de Mulheres bastaria a discussão da autonomia, mas escancarar aqui “essa hipocrisia que gera hemorragia” serve tanto para enxergar como a opressão das mulheres está ligada ao sistema capitalista, reafirmar que nele é impossível construir igualdade, mas serve também para desconstruir o argumento tão utilizado por aqueles que são contra o aborto, que dizem que se posicionam em defesa da vida, mas a criminalidade tem tirado a vida de muitas mulheres.
Defendemos o aborto seguro, como uma política publica abrangente que englobe medidas de elevação da autonomia das mulheres. É mentirosa a afirmação que uma vez legalizado todas se submeteriam ao aborto, não, haveria uma política publica de contracepção calcada na realidade e na autonomia, as mulheres que decidissem por fazer o aborto teriam condições dignas para tal, e o direito de escolha.
Em um Estado laico, que “teoricamente” não está sujeito aos mandos e desmandos da igreja, não pode impor o credo de uma religião a todas as mulheres de um país, não pode tirar o direito de escolha das mulheres, e ignorar esses dados.
Motivadas na luta pela legalização, mulheres da Marcha Mundial, em conjunto com outras organizações, formaram comitês em vários estados, e nesse dia 28 ocorrerão manifestações nos quatro cantos do país. A luta avança pelo Brasil, América Latina e Caribe!
Em muitos países, a luta pela legalização ganhou força. Recentemente, por exemplo, as mulheres foram vencedoras na Cidade do México e em Portugal, e o aborto lá agora é legalizado!
Enquanto nossa sociedade considera apenas a produção e o mercado, nós, afirmamos que a reprodução é uma tarefa fundamental para a humanidade, que não é natural, ser mãe é uma escolha, escolha que cabe a cada mulher, uma escolha do papel que irá exercer na sociedade. Cabe a nós mulheres decidirmos se queremos ser mães, e se já somos se queremos outros filhos e filhas.
Não achamos ser obra do acaso as tarefas de reprodução, quer seja da vida, quer seja da produção, serem colocadas como “naturalmente” das mulheres, omitindo seus custos e o trabalho e assim servindo ao sistema patriarcal e capitalista.
Para que nós mulheres possamos ter o “direito de decidir” é preciso que a sociedade garanta esses direitos, com políticas públicas para o tal, infelizmente a imensa maioria das mulheres no Brasil e no mundo está à margem disso. Um exemplo disso é a ampliação da utilização de preservativos, que é “a primeira grande tarefa da sociedade e das políticas públicas”, muitas e muitas mulheres não conseguem negociar com seus parceiros a utilização da camisinha.
E aí “acontece”... mas muitas mulheres não se rendem ao que “acontece” fora de sua vontade, tomam seu destino em suas mãos, e com diferentes nomes, exercem o que para nós é um direito, “tomei um chá para sangrar”, “ajudei a regra dela descer”, “aborto”, qualquer que seja o nome, o que cabe dizer é que as mulheres independentemente da época, da igreja, do Estado, do que os homens dizem, e do mercado (que tem se somado a tríade citada anteriormente para impor suas exigências as mulheres) ABORTAM!
Nós afirmamos essa escolha como um direito, “nós parimos, nós decidimos”, é nosso corpo, é o papel e o rumo de nossas vidas que está em jogo, portanto é nossa escolha.
Sabemos que essa escolha não se dá de forma igual em nossa sociedade, algumas poucas mulheres que podem pagar, tem acesso a infra estrutura, tecnologia e atenção a saúde - aborto seguro, mas a maioria das mulheres, as que não podem pagar se submetem as mais diversas formas de intervenção (utilização de medicamentos sem acompanhamento de pessoas capacitadas, agulhas de tricô, cabide, veneno para rato “chumbinho”, e você mesma que está lendo essa tese já deve ter ouvido falar de outras formas) ou clinicas de aborto em condições precárias são essas mulheres que são as condenadas por uma hipocrisia da sociedade, hipocrisia essa que coloca o aborto clandestino como uma das principais causas de morte materna, essas mulheres que morrem tem classe e cor. No ano de 2006 foi a principal causa de morte materna!
Para nós da Marcha Mundial de Mulheres bastaria a discussão da autonomia, mas escancarar aqui “essa hipocrisia que gera hemorragia” serve tanto para enxergar como a opressão das mulheres está ligada ao sistema capitalista, reafirmar que nele é impossível construir igualdade, mas serve também para desconstruir o argumento tão utilizado por aqueles que são contra o aborto, que dizem que se posicionam em defesa da vida, mas a criminalidade tem tirado a vida de muitas mulheres.
Defendemos o aborto seguro, como uma política publica abrangente que englobe medidas de elevação da autonomia das mulheres. É mentirosa a afirmação que uma vez legalizado todas se submeteriam ao aborto, não, haveria uma política publica de contracepção calcada na realidade e na autonomia, as mulheres que decidissem por fazer o aborto teriam condições dignas para tal, e o direito de escolha.
Em um Estado laico, que “teoricamente” não está sujeito aos mandos e desmandos da igreja, não pode impor o credo de uma religião a todas as mulheres de um país, não pode tirar o direito de escolha das mulheres, e ignorar esses dados.
Motivadas na luta pela legalização, mulheres da Marcha Mundial, em conjunto com outras organizações, formaram comitês em vários estados, e nesse dia 28 ocorrerão manifestações nos quatro cantos do país. A luta avança pelo Brasil, América Latina e Caribe!
https://www.alainet.org/pt/articulo/123439
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