Por que calar se nascemos gritando?
08/08/2007
- Opinión
Este era o grito nas ruas de Esteli, Nicarágua, de centenas de pessoas na marcha que concluiu o Vº Encontro Mesoamericano do Grito dos Excluídos, no último 5 de agosto. “Si queremos y nos da la gana, de ser una mesoamerica, libre y soberana”. Era outra palavra de ordem que ecoava pela ruas da cidade. A marcha do Grito percorreu três quilômetros despertando a curiosidade e a adesão de muitas pessoas. Uma marcha internacional que contou com a presença de movimentos sociais de 07 países.
O Encontro do Grito dos Excluídos reuniu mais de cem pessoas, representantes de 56 movimentos sociais e organizações populares do México, Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica e Panamá. Teve como objetivos promover uma reflexão política sobre a construção do sujeito político e do projeto popular alternativo mesoamericano; consolidar a articulação dos movimentos sociais na região e dar visibilidade as ações do Grito na região.
Durante o evento, foi reafirmada a metodologia do Grito que prioriza o protagonismo dos excluídos/as, a mística e práticas inovadoras a partir da linguagem e das aspirações populares, da ousadia e uma ação política que não pretende impor e nem disputar o controle dos processos.
Uma região saqueada ao longo da história
Desde a conquista espanhola, a cobiça sobre os recursos naturais e a superexploração da força de trabalho na região mesoamericana tem sido uma constante em crescimento. A América Central é vítima de um colossal saque, genocídio e destruição das culturas existentes antes da chagada dos espanhóis. A riqueza e o poder do capitalismo na Europa e na América do Norte só se explicam por meio deste processo de pilhagens.
E esta história continua hoje por meio do impacto negativo dos acordos de livre comércio sobre os camponeses e trabalhadores/as, sobre as populações originárias, mulheres, jovens e crianças. Nestes anos de aplicação de políticas neoliberais aumentaram a miséria, a violência e a exclusão social. Além disso, as empresas transnacionais exploram e contaminam os recursos naturais.
Resistência popular
Apesar de toda opressão e exploração sempre houve resistência popular, rebeldia e busca de alternativa. Podemos citar as rebeliões indígenas e dos movimentos sociais. Todas estas lutas têm uma marca: o espírito de liberdade que sempre animou os povos da região. Foram lutas contra o intervencionismo e expansionismo imperialista e, recentemente, os processos revolucionários em busca de transformações que estiveram sempre presentes. A Revolução Sandinista e as lutas revolucionárias dos países vizinhos são um exemplo. Também a Campanha Continental pelos 500 Anos de Resistência; a Revolução Zapatista e a luta contra os Acordos de Livre Comércio, contra a Alca e a Dívida Externa. Atualmente merece um destaque especial a luta do povo costarriquense contra o Tratado de Livre Comércio, que terá no mês de outubro um referendum. O Grito apoio à luta popular pelo “não” ao TLC de Costa Rica.
Devem também ser mencionados as lutas mais recentes contra a exploração dos projetos de mineração, as represas e os mega-projetos de infra-estrutura que interferem nas culturas dos povos e destroem o meio ambiente. (conf. Gerardo Cerdas Veja)
Propostas do Grito
Diante das problemáticas histórias e atuais e das lutas de resistência que estes povos sempre fizeram, o Grito reafirma a legítima resistência, persistência e luta para a libertação de todos/as e condena o sistema capitalista, patriarcal, excludente e discriminatório que reproduz e aprofunda as desigualdades sociais, econômicas e de gênero.
No tema das migrações, denuncia todas as formas de exploração, discriminação, os muros ideológicos, legislativos e exige a cidadania universal para a região.
Denuncia a criminalização dos movimentos sociais, a militarização e exige a retirada das bases militares da América Central.
Propõe o desenvolvimento de projetos de iniciativa popular, solidária e sustentável tendo como base o fortalecimento das entidades culturais e étnicas.
Propõe uma integração baseada nos valores da igualdade, da participação, na pluralidade, na solidariedade; uma integração que reconheça, valorize e torne possível a variedade dos modos de vida dos povos de nosso continente.
Enfim, não aceita uma integração entendida como área de livre comércio, como espaço econômico para a livre circulação das mercadorias e dos capitais.
Busca uma integração a partir dos processos de resistência à ordem global estabelecida que pretende impor a todo custo a política imperial do governo dos Estados unidos?
No dia 12 de outubro serão realizadas manifestações do Grito em todos estes países e no próximo ano serão realizadas as reuniões nacionais de articulação. O Vº Encontro Mesoamericano do Grito, será realizado em Oaxaca, México, no ano de 2008.
- Luiz Bassegio é Secretário do Grito dos Excluídos Continental
O Encontro do Grito dos Excluídos reuniu mais de cem pessoas, representantes de 56 movimentos sociais e organizações populares do México, Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Costa Rica e Panamá. Teve como objetivos promover uma reflexão política sobre a construção do sujeito político e do projeto popular alternativo mesoamericano; consolidar a articulação dos movimentos sociais na região e dar visibilidade as ações do Grito na região.
Durante o evento, foi reafirmada a metodologia do Grito que prioriza o protagonismo dos excluídos/as, a mística e práticas inovadoras a partir da linguagem e das aspirações populares, da ousadia e uma ação política que não pretende impor e nem disputar o controle dos processos.
Uma região saqueada ao longo da história
Desde a conquista espanhola, a cobiça sobre os recursos naturais e a superexploração da força de trabalho na região mesoamericana tem sido uma constante em crescimento. A América Central é vítima de um colossal saque, genocídio e destruição das culturas existentes antes da chagada dos espanhóis. A riqueza e o poder do capitalismo na Europa e na América do Norte só se explicam por meio deste processo de pilhagens.
E esta história continua hoje por meio do impacto negativo dos acordos de livre comércio sobre os camponeses e trabalhadores/as, sobre as populações originárias, mulheres, jovens e crianças. Nestes anos de aplicação de políticas neoliberais aumentaram a miséria, a violência e a exclusão social. Além disso, as empresas transnacionais exploram e contaminam os recursos naturais.
Resistência popular
Apesar de toda opressão e exploração sempre houve resistência popular, rebeldia e busca de alternativa. Podemos citar as rebeliões indígenas e dos movimentos sociais. Todas estas lutas têm uma marca: o espírito de liberdade que sempre animou os povos da região. Foram lutas contra o intervencionismo e expansionismo imperialista e, recentemente, os processos revolucionários em busca de transformações que estiveram sempre presentes. A Revolução Sandinista e as lutas revolucionárias dos países vizinhos são um exemplo. Também a Campanha Continental pelos 500 Anos de Resistência; a Revolução Zapatista e a luta contra os Acordos de Livre Comércio, contra a Alca e a Dívida Externa. Atualmente merece um destaque especial a luta do povo costarriquense contra o Tratado de Livre Comércio, que terá no mês de outubro um referendum. O Grito apoio à luta popular pelo “não” ao TLC de Costa Rica.
Devem também ser mencionados as lutas mais recentes contra a exploração dos projetos de mineração, as represas e os mega-projetos de infra-estrutura que interferem nas culturas dos povos e destroem o meio ambiente. (conf. Gerardo Cerdas Veja)
Propostas do Grito
Diante das problemáticas histórias e atuais e das lutas de resistência que estes povos sempre fizeram, o Grito reafirma a legítima resistência, persistência e luta para a libertação de todos/as e condena o sistema capitalista, patriarcal, excludente e discriminatório que reproduz e aprofunda as desigualdades sociais, econômicas e de gênero.
No tema das migrações, denuncia todas as formas de exploração, discriminação, os muros ideológicos, legislativos e exige a cidadania universal para a região.
Denuncia a criminalização dos movimentos sociais, a militarização e exige a retirada das bases militares da América Central.
Propõe o desenvolvimento de projetos de iniciativa popular, solidária e sustentável tendo como base o fortalecimento das entidades culturais e étnicas.
Propõe uma integração baseada nos valores da igualdade, da participação, na pluralidade, na solidariedade; uma integração que reconheça, valorize e torne possível a variedade dos modos de vida dos povos de nosso continente.
Enfim, não aceita uma integração entendida como área de livre comércio, como espaço econômico para a livre circulação das mercadorias e dos capitais.
Busca uma integração a partir dos processos de resistência à ordem global estabelecida que pretende impor a todo custo a política imperial do governo dos Estados unidos?
No dia 12 de outubro serão realizadas manifestações do Grito em todos estes países e no próximo ano serão realizadas as reuniões nacionais de articulação. O Vº Encontro Mesoamericano do Grito, será realizado em Oaxaca, México, no ano de 2008.
- Luiz Bassegio é Secretário do Grito dos Excluídos Continental
https://www.alainet.org/pt/articulo/122597
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