Fórum de São Paulo: Espaço de convergência da esquerda latino-americana e caribenha

19/11/2002
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Entre os dias 2 e 4 de dezembro deste ano terá lugar em Antígua, Guatemala, o 11º Encontro do Fórum de São Paulo. Pela primeira vez esse país centro-americano, um dos berços da civilização Maia, sediará uma reunião do Fórum de São Paulo. Em 12 anos de existência, o Fórum de São Paulo já promoveu Encontros em São Paulo (1990), Cidade do México (1991 e 1998), Manágua (1992 e 2000), Havana (1993 e 2001), Montevidéu (1995), El Salvador (1996) e Porto Alegre (1997). O Fórum de São Paulo chega ao seu 11º conclave "afiançado como um dos espaços de confluência das forças avançadas e progressistas de maior relevo mundial", segundo avaliação do documento central elaborado pelo Grupo de Trabalho (coordenação) na última reunião preparatória do Encontro que se realizará na Guatemala. Criado em 1990 a partir da iniciativa de partidos de esquerda da América Latina para debater sobre a queda do socialismo e suas conseqüências na região, o Fórum de São Paulo, sem pretender configurar-se como uma "Internacional", afirmou-se como órgão de discussão, de intercâmbio e aproximação de experiências e de elaboração de plataformas não impositivas entre as diferentes correntes da esquerda latino-americanas. De Encontro em Encontro, o Fórum de São Paulo tornou-se uma espécie de Frente no âmbito latino-americano e caribenho na busca de uma alternativa popular e democrática ao neoliberalismo que, quando da sua criação, estava em fase de ampla implementação em todo o mundo. A primeira reunião do Fórum de São Paulo ocorreu em julho de 1990 na metrópole brasileira, sob o nome "Encontro de Partidos e Organizações de Esquerda da América Latina e do Caribe", convocado pelo Partido dos Trabalhadores do Brasil. Desde então, o PCdoB integra o Fórum de São Paulo como membro fundador . Participaram 48 partidos e organizações que representavam diversas experiências e correntes políticas de todo o continente latino-americano. Hoje, o Fórum já conta com a participação de cerca de 80 partidos da América Latina e Caribe e atraiu a atenção de partidos e organizações progressistas de todo o mundo, no exercício ou não do poder político. Invariavelmente, de seus Encontros têm participado dezenas desses partidos de todos os continentes. O nome "Fórum de São Paulo" foi firmado no Encontro seguinte, no México, e deveu-se exatamente ao fato de a primeira reunião ter sido realizada na cidade de São Paulo. Nesse Encontro surgiu a idéia de promover maior integração continental através da troca de experiências, da discussão das diferenças e da busca de um consenso político para a região. O Grupo de Trabalho considera em seu documento que o Fórum de São Paulo encontra-se amadurecido como espaço político de convergência, e hoje, impulsionado pela evolução recente da conjuntura política latino- americana, "pode aspirar a incorporar novas forças, na luta por um destino independente e soberano dos países de nossa pátria comum latino- americana e caribenha e a fortalecer os vínculos de amizade, solidariedade e debate fraterno com as forças avançadas de outros continentes, em particular da Europa e da África". O Encontro de Antígua se realizará sob o impacto da vitória da candidatura presidencial de Lula no Brasil. A esse respeito o documento central assinala: "O Brasil e a chegada da esquerda ao governo – Nas eleições de outubro no Brasil a esquerda, representada pela candidatura de Lula, chegou ao governo nacional com um amplo sistema de alianças. No primeiro turno, a aliança Lula Presidente contou com a participação do PCdoB e do PCB, partidos membros do Fórum de São Paulo, além do PL e do PMN. Na campanha do segundo turno, a aliança vitoriosa se ampliou com os apoios do PSB, PPS e PDT, partidos que também integram o Fórum de São Paulo. A conquista do governo no maior país do continente por parte da esquerda adquire uma importância excepcional. Muda a correlação de forças no hemisfério e dá um poderoso alento a todas as lutas pela democracia, o progresso social e o bem-estar de nossos povos. Foi também um triunfo intelectual e moral contra as concepções neoliberais, seu pensamento único e a teoria do "não se pode", uma prova da fecundidade da política de amplitude e de alianças, um ponto de encontro entre a política e a ética, um sentimento que chegou a todos os confins do imenso país e se irradia a nossa América Latina e ao Caribe". O 11º Encontro do Fórum de São Paulo terá a oportunidade de atualizar o debate, segundo a indicação do Grupo de Trabalho, sobre a ordem internacional, cada vez mais "injusta" e "inviável", ordem que "é necessário mudar". No Conclave de Antígua as forças da esquerda latino- americana e caribenha, com seus convidados dos demais continentes, poderão ainda debater com profundidade a política unilateral e hegemonista do imperialismo norte-americano que "coloca o mundo na iminência da guerra", situação que apresenta às forças progressistas o desafio de "priorizar a luta pela paz". O Fórum de São Paulo chega ao seu Encontro com "amplas perspectivas abertas às forças progressistas", quando as forças populares da região, ao tempo em que condenam o projeto anexionista da Alca, vivem momento histórico para forjar a própria integração das nações e povos rumo a "um modelo alternativo". Nesse contexto, o 11º Encontro será um momento propício para reafirmar os compromissos estratégicos da esquerda latino- americanas com a luta pela democracia, a independência nacional e a unidade do povo. SP, 19/11/2002
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