Todos os povos em marcha

17/09/2001
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Participei, no último domingo, da 41a. Marcha pela Paz, de Perugina a Assis, na Itália. Foi uma marcha de todos os povos. Estive ali ao lado de 200 mil pessoas, entre as quais palestinos, haitianos, brasileiros, mulheres afegãs, africanos e asiáticos. Em volta, as pessoas aplaudiam, numa manifestação explícita de que desejam não só a paz mas, sobretudo, o fim da guerra. Inútil os grupos cristãos italianos pretenderem uma marcha apolítica. Não há nada apolítico debaixo do Sol. O próprio Jesus não morreu de hepatite na cama, mas sob dois processos políticos, pois sua mensagem espiritual teve profundas - e incômodas - repercussões políticas. Na Marcha, todas as representações sociais presentes uniram-se num so partido político: o Partido da Vida contra as forças da morte. Falar em paz neste momento é incomodar o terrorismo de face oculta e o terrorismo de cara estatal. O hediondo atentado de 11 de setembro só beneficia um segmento da sociedade: as forças de extrema-direita. Humilhada em sua vulnerabilidade, a Casa Branca reagiu na mesma moeda, optando pela lei do talião. Ora, na guerra do olho por olho os dois lados sempre acabam cegos. E, pela primeira vez na história, um império move uma guerra contra um homem, sem se importar com o sacrifício que isso significa ao povo afegão. Os EUA não aprendem com a própria história. Perderam na Coréia, foram derrotados no Vietnam, deixaram o Iraque sem derrubar Saddam Hussein. Agora, atolam-se no Afeganistão, onde gastaram, nos dois primeiros dias de bombardeios, US$ 22 milhões, quantia equivalente ao PIB do país atacado. A Marcha pela Paz foi um chamado à não-violência ativa. Uma pressão para que a diplomacia predomine sobre o furor bélico; o diálogo sobre o ódio; as negociações sobre os ataques. Foi também a primeira grande manifestação contra o atual modelo de globalização - melhor denominado globocolonização - depois de Gênova e da derrubada do WTC. Equlibradas as forças entre o Leste e o Oeste, com o fim da Guerra Fria, resta agora implantar a justiça entre o Norte e o Sul. A paz só será real se for filha da justiça, clamavam os cartazes afixados nas ruas de Perugia. Em janeiro, os combatentes pela paz no mundo já têm encontro marcado no 2° Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, Brasil. A Marcha continua...
https://www.alainet.org/pt/articulo/105381
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