A velha e a nova polarização
07/10/2014
- Opinión
Pela quarta vez se enfrentam o PT e os tucanos no segundo turno. Repetição mecânica do passado? Falta de inovação na politica? Ou é a realidade que permanece colocando as mesmas alternativas para escolhermos?
O governo de FHC e os governos do PT colocaram as alternativas centrais do nosso tempo: neoliberalismo x antineoliberalismo. O primeiro representou, em estado puro, um programa neoliberal, que conteve a inflação, mas aumentou a exclusão social, até que foi incapaz de seguir contendo a própria inflação e jogou o país numa profunda e prolongada recessão economica.
Os governos do PT se erigiram em torno do tripé antineoliberal:
a) modelo econômico com distribuição de renda e não priorizando o ajuste fiscal
b) prioridade da integração regional e dos intercâmbios Sul-Sul e não a Tratado de Livre Comércio com os EUA
c) papel ativo do Estado como indutor do crescimento e garantia dos direitos sociais e contra a centralidade do mercado.
Desde então as alternativas do país giram em torno desse eixo: neoliberalismo ou antineoliberalismo. A direita não encontrou alternativa e retorna ao modelo do governo FHC. Bem que o Serra tentou, na primeira parte da campanha de 2010, mudar a plataforma da oposição, mas acabou recaindo na tradicional proposta neoliberal dos tucanos.
Eduardo Campos levou o PSB a romper com o PT, para finalmente recair numa aliança estratégica da oposição com os tucanos, tendo na Marina sua sucessora na mesma direção, confirmando a polarização entre neoliberalismo – que uns e outros encarnam – e posneoliberalismo – expresso no PT e no bloco de forças que ele dirige.
A esquerda radical tampouco conseguiu formular outro projeto e aglutinar forças em torno dele. Em 2006 buscou aparecer como força alternativa, mas nas campanhas seguintes – confirmando nesta – voltou a um papel secundário, sem lograr descaracterizar a polarização PT-tucanos, que representa a grande polarização da era neoliberal.
Por isso tudo parece repetitivo, mas o campo político reproduz a verdade histórica de cada época. A desta é a polarização entre projetos neoliberais – ainda hegemônicos em escala global no capitalismo – e governos posneoliberais. As palavras podem divagar sobre aspectos dessa polarização, mas a realidade é implacável, seleciona os projetos que correspondem à situação concreta do período histórico atual.
Os governos progressistas latino-americanos, com suas especificidades, correspondem a essa polarização. Por isso perduram no tempo. Hugo Chavez e as forcas que o sucedem na Venezuela. Evo Morales na Bolivia. O kirchnerismo na Argentina. A Frente Ampla no Uruguai. Rafael Correa no Equador. O PT de Lula e Dilma no Brasil.
Porque são governos que respondem ao desafio maior da nossa época: a superação do neoliberalismo e a construção de alternativas a esse projeto de radicalização do capitalismo. A polarização de hoje atualiza a contradição fundamental do Brasil e da América Latina contemporâneos, entre neoliberalismo e posneoliberalismo.
O governo de FHC e os governos do PT colocaram as alternativas centrais do nosso tempo: neoliberalismo x antineoliberalismo. O primeiro representou, em estado puro, um programa neoliberal, que conteve a inflação, mas aumentou a exclusão social, até que foi incapaz de seguir contendo a própria inflação e jogou o país numa profunda e prolongada recessão economica.
Os governos do PT se erigiram em torno do tripé antineoliberal:
a) modelo econômico com distribuição de renda e não priorizando o ajuste fiscal
b) prioridade da integração regional e dos intercâmbios Sul-Sul e não a Tratado de Livre Comércio com os EUA
c) papel ativo do Estado como indutor do crescimento e garantia dos direitos sociais e contra a centralidade do mercado.
Desde então as alternativas do país giram em torno desse eixo: neoliberalismo ou antineoliberalismo. A direita não encontrou alternativa e retorna ao modelo do governo FHC. Bem que o Serra tentou, na primeira parte da campanha de 2010, mudar a plataforma da oposição, mas acabou recaindo na tradicional proposta neoliberal dos tucanos.
Eduardo Campos levou o PSB a romper com o PT, para finalmente recair numa aliança estratégica da oposição com os tucanos, tendo na Marina sua sucessora na mesma direção, confirmando a polarização entre neoliberalismo – que uns e outros encarnam – e posneoliberalismo – expresso no PT e no bloco de forças que ele dirige.
A esquerda radical tampouco conseguiu formular outro projeto e aglutinar forças em torno dele. Em 2006 buscou aparecer como força alternativa, mas nas campanhas seguintes – confirmando nesta – voltou a um papel secundário, sem lograr descaracterizar a polarização PT-tucanos, que representa a grande polarização da era neoliberal.
Por isso tudo parece repetitivo, mas o campo político reproduz a verdade histórica de cada época. A desta é a polarização entre projetos neoliberais – ainda hegemônicos em escala global no capitalismo – e governos posneoliberais. As palavras podem divagar sobre aspectos dessa polarização, mas a realidade é implacável, seleciona os projetos que correspondem à situação concreta do período histórico atual.
Os governos progressistas latino-americanos, com suas especificidades, correspondem a essa polarização. Por isso perduram no tempo. Hugo Chavez e as forcas que o sucedem na Venezuela. Evo Morales na Bolivia. O kirchnerismo na Argentina. A Frente Ampla no Uruguai. Rafael Correa no Equador. O PT de Lula e Dilma no Brasil.
Porque são governos que respondem ao desafio maior da nossa época: a superação do neoliberalismo e a construção de alternativas a esse projeto de radicalização do capitalismo. A polarização de hoje atualiza a contradição fundamental do Brasil e da América Latina contemporâneos, entre neoliberalismo e posneoliberalismo.
08/10/2014
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