“A Cultura é mais que um evento, a Comunidade é Revolução”
Manifesto mesa 16 do Feminismo e da Cultura Comunitaria
28/05/2013
- Opinión
Mesa organizada por: Asamblea de Feminismo Comunitario
Congreso Latinoamericano de Cultura Viva Comunitaria, La Paz Bolivia, Mayo 2013
A cultura é uma produção social, material e simbólica de um povo em um determinado territorio. Hoje, nossas culturas enfrentam o feito colonial de 1500 quando se plantou a hegemonía de uma cultura occidental como modelo, com fim de oprimir, explorar e se apropiar de nossos recursos naturais.
Hoje, remarcamos o significado de cultura, pois esta é produzida tanto por homens quanto por mulheres dos povos, que enfrentam cotidianamente os poderes que tentam nos limitar ao dia a dia e nos impedem de construir nossa identidade.
Por isso, dizemos que a cultura não se pode reducir à políticas públicas de espetáculos, eventos, nem mesmo aos escassos financiamentos governamentais. É nosso desafio contruir a sociedade em que queremos viver, para além de leis e normas, que nos servem em certos momentos, mas não transformam nem tem interesse na contrução de uma nova realidade.
Durante as ditaduras na América Latina, a cultura popular, o teatro, a educaçao popular foram instrumentos de luta revolucionária, desde a luta de classes, desde a transiçao da consciencia em si para a consciencia para si. Temos militado no popular e a partir disso temos criado metodologia e ferramentas, temos reinvindicado a participaçao e a construçao coletiva como ato revolucionário, como atentado contra o capitalismo. O capitalismo nao foi derrotado, as classes ainda existem, por isso hoje resgatamos esta memória, reconhecendo sua parcialidade economicista que nao reconhecia as opressoes patriarcais coloniais, nao reconhecia as subjetividades, entretanto foi nossa espaço de luta.
Na década dos anos 90 o neoliberalismo cooptou também o popular, lhe reciclou, lhe institucionalizou e nos devolveu despolitizado, mutilado. Hoje corremos o mesmo risco, o sistema patriarcal, capitalista, racista, colonial pode reciclar o comunitário, despolitizar-lo e devolver-lo como moda em que apostemos sem críticas. Portanto é responsabilidade política nos perguntarmos: O que é cultura viva e comuinitária? Porque nos sentimos convocadas e convocados a um encontro comunitário? O que é para nós a comunidade? Denunciamos o risco de que as ONGs, as municipalidades e os Estados reciclem o comunitário hoje para disfarçar-se.
Portanto, defendemos que não podemos utilizar a palavra comunitário como um adorno para enfeitar um evento, acreditamos que é imprescindível discutir e nos apropriar dos conceitos de comunidade e comunitário para questionarmos as concepcões colonizadoras de comunidade, observar as conjunturas políticas de Abya Yala – América Latina e recuperar a energía criativa e transformadora dos povos para seguir construindo uma política do “bom viver”.
Cabe aqui perguntar se a comunidade que queremos já existe ou temos como objetivo construí-la. Queremos uma comunidade que não transforme as diferenças biológicas em diferenças e opressões sociais . Portanto, a comunidade e o comunitário como categoria espitemológica e política, é uma alternativa ao individualismo que recupera a memória ancestral, e assim, conduz nossos povos e nossas sociedades para uma mudança social e a construção da nossa utopia.
Assim, como mulheres , estamos questionando as políticas culturais pelas quais lutamos para que não reproduzam lógicas machistas a partir de nossas próprias organizações e, consequentemente, queremos novas formas de organização que se utilizem da luta feminista na descontrução de uma cultura patriarcal.
Nos afirmamos na luta por uma cultura comunitária que tenha como precedente a autonomía dos nossos corpos, que respeite nossos ciclos naturais, para uma transgressão dos papéis que nos foram impostos, para recuperar os espaços negados as mulheres e seguir propiciando o pensamento criativo e a base necessária para transformar a utopia em realidade.
Queremos uma cultura comunitária na qual homens e mulheres possam tocar tambores, possam vestir-se como queiram, amem a quem queiram, como queiram e quantos queiram, onde todxs tenhamos responsabilidade política com a vida, onde homens e mulheres compartilhem a criação de todas as crianças.
- Geovana Fuentes, Perú, Parío Paula
- Norma Lecca Zapata, Perú, Parío Paula
- Yulissa Boeren, Perú, Tomate Colectivo
- Julia, Bolivia, Asociación Abya Yala
- Crearteducación.
- Ana Cárdenas, Coorporación De Cultura, Chile.
- Claudio Morsones, Chile, Cors Naranja.
- Beatriz Moreira Soylocoporti (Brasil)
- Bruna Mendonça (Brasil)
- Marcos Antonio Monte Rocha Fabrica De Imagens (Brasil)
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- Cinthya Reyes Cuba Asociacion “La Restinga” (Perú)
- Carolina Dreyfus Peña Maripussy Crew (Perú)
- Nicolas Quispe Cordeinca (Bolivia)
- Baby Amorim Cultura E Arte Negra Ilú Obá Demin Educaçao (Brasil)
- Natalia Vasconselo Oca Escola Cultural (Brasil)
- America Maceda, Adriana Guzmán, Julieta Paredes, Asamblea De Feminismo Comunitario.
- Mujeres Creando Comunidad.
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https://www.alainet.org/pt/articulo/76344?language=es
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