Acordo EUA e União Européia
18/02/2013
- Opinión
Na esteira da mais profunda crise no centro do capitalismo, EUA e União Européia dão um passo arrojado com a assinatura do acordo de livre comércio entre essas duas regiões dominantes da economia mundial. O anúncio não significa a efetiva viabilidade do acordo, pois as vantagens competitivas dos EUA na agricultura, nos serviços e na indústria são enormemente desiguais, fator que pode eventualmente desencorajar sua adoção por uma Europa que efervesce na crise.
Nos últimos meses os EUA têm dado mostras de estar conseguindo manejar, ainda que tibiamente, a situação da sua economia, “passando da UTI para a enfermaria”; ao passo que a Europa continua enfrentando ameaças formidáveis, que vão da recessão duradoura às possibilidades de dissolução institucional e monetária.
As escolhas políticas aplicadas tanto nos EUA como na UE, que preservam os fundamentos especulativos do capital financeiro e priorizam medidas recessivas e supressoras de direitos sociais [o emprego é a principal evidência], enfraquecem a eficácia do enfrentamento da crise. Na UE, devido à moeda única, as dificuldades são ainda maiores.
Neste contexto de alternativas limitadas pelo revigoramento dos venenos neoliberais, o acordo entre os EUA e a UE adquire especial transcendência para ambos, e impacta fortemente a dinâmica do comércio mundial. O fluxo de comércio entre as duas regiões é nada menos que superlativo: aproximadamente 2 bilhões de dólares diários. Ou seja, num único mês supera o comércio interno anual do Mercosul, que ronda os 53 bilhões de dólares.
Esta zona transatlântica concentrará a área de maior capacidade tecnológica mundial e sedimentará a aliança estratégica para o exercício da hegemonia imperial nos campos da economia, da geopolítica, da cultura e bélico. A efetivação desse acordo esteriliza o papel da OMC e acaba com as aspirações dos países do Sul geopolítico, de aproveitar o comércio internacional como vetor para o desenvolvimento.
No fundo, a aliança EUA-UE concretiza importantes prioridades da política externa estadunidense. Significa a expansão do seu domínio na Europa para, desse modo, ombrear com a China na disputa por mercados e para assim também preservar sua enorme capacidade de determinação dos rumos dos assuntos internacionais.
O acordo com a UE é o segundo movimento significativo dos EUA no período recente. Em 2012, logrou criar a Aliança do Pacífico entre Chile, Colômbia e Perú com o México, seu sócio latinoamericano no Nafta. A Aliança do Pacífico é o principal êxito da política estadunidense no hemisfério americano desde o fracasso retumbante da Alca. É um enclave dos seus interesses na América do Sul, justo no momento histórico de maior potencial de conformação de uma comunidade de nações sulamericanas.
Esses dois movimentos combinados, que estendem “as asas” dos EUA de oeste a leste, do Pacífico aos Atlânticos Norte e Sul, conformam a mais extensa área de atuação de um único país em todo o Ocidente. E representa o fortalecimento da hegemonia ocidental liderada pela potência imperial justo no momento de levantes e turbulências no mundo islâmico.
Esta realidade coloca os países sulamericanos em posição de defesa e resistência, da mesma maneira que obriga a uma intensificação das relações Sul-Sul no comércio, na política e na cooperação. O Mercosul, que é o epicentro do processo de integração sulamericana, assume uma importância ainda mais transcendental nesta etapa do jogo geopolítico. A incorporação imediata da Bolívia e do Equador como sócios plenos e a manutenção dos atuais países integrantes, é um imperativo para a expansão territorial, econômica e política do bloco. É pura miragem imaginar acordos benéficos do Mercosul e seus países com as potências mundiais e seus blocos regionais.
A formulação de uma estratégia sulamericana de desenvolvimento a partir do Mercosul, que seja baseada em uma visão de economia política, aprofundando convergências em investimentos, infra-estrutura, tecnologias, ciência e políticas sociais, é condição essencial para a defesa da região frente à crise e à nova realidade.
Nunca antes a exigência de uma economia política em lugar das visões livre-comercistas e tecnocráticas foi tão aguda como no presente.
Nos últimos meses os EUA têm dado mostras de estar conseguindo manejar, ainda que tibiamente, a situação da sua economia, “passando da UTI para a enfermaria”; ao passo que a Europa continua enfrentando ameaças formidáveis, que vão da recessão duradoura às possibilidades de dissolução institucional e monetária.
As escolhas políticas aplicadas tanto nos EUA como na UE, que preservam os fundamentos especulativos do capital financeiro e priorizam medidas recessivas e supressoras de direitos sociais [o emprego é a principal evidência], enfraquecem a eficácia do enfrentamento da crise. Na UE, devido à moeda única, as dificuldades são ainda maiores.
Neste contexto de alternativas limitadas pelo revigoramento dos venenos neoliberais, o acordo entre os EUA e a UE adquire especial transcendência para ambos, e impacta fortemente a dinâmica do comércio mundial. O fluxo de comércio entre as duas regiões é nada menos que superlativo: aproximadamente 2 bilhões de dólares diários. Ou seja, num único mês supera o comércio interno anual do Mercosul, que ronda os 53 bilhões de dólares.
Esta zona transatlântica concentrará a área de maior capacidade tecnológica mundial e sedimentará a aliança estratégica para o exercício da hegemonia imperial nos campos da economia, da geopolítica, da cultura e bélico. A efetivação desse acordo esteriliza o papel da OMC e acaba com as aspirações dos países do Sul geopolítico, de aproveitar o comércio internacional como vetor para o desenvolvimento.
No fundo, a aliança EUA-UE concretiza importantes prioridades da política externa estadunidense. Significa a expansão do seu domínio na Europa para, desse modo, ombrear com a China na disputa por mercados e para assim também preservar sua enorme capacidade de determinação dos rumos dos assuntos internacionais.
O acordo com a UE é o segundo movimento significativo dos EUA no período recente. Em 2012, logrou criar a Aliança do Pacífico entre Chile, Colômbia e Perú com o México, seu sócio latinoamericano no Nafta. A Aliança do Pacífico é o principal êxito da política estadunidense no hemisfério americano desde o fracasso retumbante da Alca. É um enclave dos seus interesses na América do Sul, justo no momento histórico de maior potencial de conformação de uma comunidade de nações sulamericanas.
Esses dois movimentos combinados, que estendem “as asas” dos EUA de oeste a leste, do Pacífico aos Atlânticos Norte e Sul, conformam a mais extensa área de atuação de um único país em todo o Ocidente. E representa o fortalecimento da hegemonia ocidental liderada pela potência imperial justo no momento de levantes e turbulências no mundo islâmico.
Esta realidade coloca os países sulamericanos em posição de defesa e resistência, da mesma maneira que obriga a uma intensificação das relações Sul-Sul no comércio, na política e na cooperação. O Mercosul, que é o epicentro do processo de integração sulamericana, assume uma importância ainda mais transcendental nesta etapa do jogo geopolítico. A incorporação imediata da Bolívia e do Equador como sócios plenos e a manutenção dos atuais países integrantes, é um imperativo para a expansão territorial, econômica e política do bloco. É pura miragem imaginar acordos benéficos do Mercosul e seus países com as potências mundiais e seus blocos regionais.
A formulação de uma estratégia sulamericana de desenvolvimento a partir do Mercosul, que seja baseada em uma visão de economia política, aprofundando convergências em investimentos, infra-estrutura, tecnologias, ciência e políticas sociais, é condição essencial para a defesa da região frente à crise e à nova realidade.
Nunca antes a exigência de uma economia política em lugar das visões livre-comercistas e tecnocráticas foi tão aguda como no presente.
- Jeferson Miola exerce a função de Diretor da Secretaria do Mercosul em Montevidéu. Este texto expressa opiniões de caráter pessoal que não devem ser consideradas como sendo da Instituição
https://www.alainet.org/pt/articulo/73774?language=en
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