Golpe dentro do golpe na Bolívia pode mudar a América do Sul

23/03/2020
  • Español
  • English
  • Français
  • Deutsch
  • Português
  • Opinión
marcha_bolivia.jpg
-A +A

Marcadas para 3 de maio, as eleições para a escolha do novo presidente da Bolívia acabam de ser adiadas por decisão da Justiça Eleitoral daquele país.

 

Embora o governo tenha justificado a medida em função da pandemia do coronavírus, há uma questão democrática aqui.  

 

Em vez marcar uma nova data para o pleito -- num dia qualquer de dezembro, por exemplo -- a Justiça eleitoral decidiu adiar as eleições por "tempo indeterminado".

 

Evitou-se, assim, um compromisso firme com a retomada do processo eleitoral, cautela essencial num país com imensa história de instabilidade política. No episódio mais recente, em novembro de 2019 ocorreu a um golpe de Estado que forçou a renúncia de Evo Morales, permitindo a posse da autoproclamada presidente, Janine Añez, até hoje no cargo.

 

Até agora, as últimas pesquisas indicavam que, com 31 pontos, o sindicalista Luis Arce, aliado de Evo Morales, já estava consolidado em primeiro lugar. Já acumulava mais do que o dobro das intenções de voto de Carlos Mesa, adversário que disputou a eleição com Evo Morales, ficando a própria Añez em terceiro.

 

Outro aspecto é a geopolítica continental. Donald Trump retomou o discurso agressivo contra a Venezuela de Maduro, aliada provável de um eventual governo do afilhado de Evo Morales.

 

Outro fator é a posição do Brasil. Uma das utilidades do acordo diplomático-militar assinado por Jair Bolsonaro com os EUA será reforçar os laços entre Brasília e Washington, permitindo uma pareceria mais ajustada, inclusive para ações na região.

 

Em 3 de novembro, o eleitorado dos Estados Unidos irá às urnas para votar para presidente. É possível que só depois disso a população boliviana tenha direito de escolher seu novo presidente em urna, retomando um processo interrompido um ano antes, pelo golpe que forçou Evo a renunciar.

 

Alguma dúvida? 

 

- Paulo Moreira Leite é colunista do 247, ocupou postos executivos na VEJA e na Época, foi correspondente na França e nos EUA

 

22 de março de 2020

https://www.brasil247.com/blog/golpe-dentro-do-golpe-na-bolivia-pode-mudar-a-america-do-sul

 

https://www.alainet.org/pt/articulo/205422?language=es
Subscrever America Latina en Movimiento - RSS