Fetichistas do agrotóxico: governo Bolsonaro liberou mais de um veneno por dia
- Opinión
Nos 100 primeiros dias do governo Jair Bolsonaro já foram liberados 121 novos agrotóxicos, mais de um veneno por dia. Neste ritmo, o Brasil se consolidará cada vez mais como líder mundial no consumo de agrotóxicos, posto que ocupa desde 2008, de acordo com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva.
Entre os agrotóxicos que agora podem ser utilizados, 40% são classificados como extremamente ou altamente perigosos para a saúde humana. Em relação ao meio-ambiente, 56% são muito perigosos. Uma das novas substâncias é o sulfoxaflor, proibido nos EUA por causar a morte de insetos, em especial das abelhas.
Outra substância liberada pelos fetichistas do agrotóxico é o Topatudo, uma variação do glifosato, cujo fabricante, a Monsanto-Bayer, sofreu mais um revés nas cortes internacionais: um tribunal de São Francisco decidiu que a substância foi um “fator importante” para o linfoma não Hodgkin (LNH) que vitima Edwin Hardeman, de 70 anos. A empresa foi condenada a pagar 80 milhões de dólares de indenização. Em direção oposta, a brasileira Anvisa concluiu, em fevereiro, que não há evidências de que o glifosato faça mal à saúde.
Dos produtos liberados pelo governo Bolsonaro, um é considerado extremamente tóxico, o Metomil, ingrediente ativo usado em agrotóxicos indicados para culturas como algodão, batata, soja, couve e milho. Além dele, quatro foram classificados como altamente tóxicos. Quase todos são perigosos para o meio ambiente, segundo a classificação oficial. Quatorze são “muito perigosos” ao meio ambiente, e 12, considerados “perigosos”.
Nesta terça-feira, em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, conhecida como “musa dos agrotóxicos”, chamou os venenos de “remédio das plantas” e culpou os agricultores por eventuais doenças que venham a ter porque não aplicariam os produtos devidamente, e ingerem o produto porque “fumam” ao aplicá-lo.
“Os pequenos produtores não têm essa capacitação feita para que eles tenham o cuidado e apliquem com roupas apropriadas, equipamentos apropriados, façam lavagem do equipamento e não fumem. Às vezes o sujeito fuma aplicando, e no cigarro ele acaba ingerindo o produto químico que ele está utilizando na aplicação do solo”, disse a ministra. Na mesma audiência, Tereza Cristina sustentou que o brasileiro não passa fome porque tem muitos pés de manga nas cidades.
Durante o último ano do governo Temer, a aprovação de agrotóxicos bateu recordes: foram 450 substâncias liberadas, meta que Bolsonaro deve superar até o final do ano.
11 de abril de 2019
Da Redação, com informações do Brasil de Fato e do Repórter Brasil
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