O barco de Trump afunda e a diplomacia brasileira vai atrás
- Opinión
O pedido de demissão do Secretário da Defesa dos EUA, General James Mattis com a entrega a Trump de uma longa carta de críticas ao Presidente e suas decisões erráticas e improvisadas é o começo de uma nova e grande crise em Washington.
Mattis não deixou pedra sobre pedra e demoliu o que restava da reputação de Trump como politico a ponto de muitos Senadores Republicanos dizerem na TV que Mattis tem razão.
O que detonou a demissão foi Trump ter mandado as tropas americanas sairem da Siria em mensagem pelo twitter, sem falar com Mattis. A decisão fez enorme estrago estratégico, não pelo volume da tropa, apenas 2.000, mas pelo simbolismo da presença militar americana, o que garantia os curdos, protegidos dos EUA.
Os principais países europeus protestaram imediatamente por esse decisão sem avisar aliados. As desculpas dadas por Trump foram também criticadas no Congresso e pelos aliados, "para não gastar dinheiro americano" como se todo conflito fosse apenas uma questão de custo e não de razão geopolítica.
Mais chocante ainda, segundo Mattis, foi tratar de um assunto dessa seriedade pelo twitter e sem avisar a cadeia de comando militar tanto em Washington como no Oriente Medio, Trump não tem o mínimo respeito por hierarquia ou responsabilidade operacional, brinca com as situações.
O cerco se fecha sobre Trump, não há mais nomes de 1ª ou 2ª linha que queiram trabalhar nesse Governo. Em dois anos perdeu um Secretário de Estado, um de Defesa, dois Assessores de Segurança Nacional, a Embaixadora na ONU, dois Chefes da Casa Civil. Nenhum outro Presidente teve essa debandada na primeira metade do mandato e pensar que o futuro Presidente do Brasil vai amarrar sua rédea nesse tronco furado.
Hoje no JORNAL DAS DEZ o veterano Embaixador Marcos Azambuja em entrevista a João Borges detonou a alardeada politica externa de Bolsonaro, com a elegäncia do velho Itamaraty. Significativa é a própria entrevista, a Globo não age por acaso e Azambuja obviamente fala pelo "establishment" do Itamaraty como instituição, foi Secretario Geral e conhece a Casa de Rio Branco como a palma da mão, tendo incontestável liderança na corporação.
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